Cidadania: MCTM apela pela sobrevivência do interior
O Movimento Cultural da Terra de Miranda (MCTM) apelou aos órgãos de soberania nacional, aos partidos e autarcas do planalto mirandês, para que olhem pela sobrevivência deste território que se encontra “em sobressalto cívico”.
“A última década foi marcada por um agravamento implacável da dinâmica destrutiva. O turismo, outrora uma esperança, entrou em declínio acelerado. Enquanto as dormidas turísticas no resto do país cresceram 14,5% desde 2019”, disse à Lusa o membro do Movimento Cultural da Terra de Miranda (MCTM), Graciano Paulo.
Segundo os membros que integram este movimento, o apelo “é dirigido ao Presidente da República, ao presidente da Assembleia da República, ao primeiro-ministro, aos partidos políticos e aos autarcas da Terra de Miranda”.
Graciano Paulo disse ainda que o Presidente da República que jurou fazer cumprir a Constituição, nunca, durante os seus quase dois mandatos, teve uma palavra de exigência para obrigar o Governo e a Assembleia da República a cumprir o que está na Constituição quanto à coesão territorial.
“Tudo isto acontece sob o olhar frio e indiferente do Estado Central. A Constituição é cristalina: a coesão territorial é um dever prioritário do Estado (artigo 81.º, alínea d) e um direito inalienável dos cidadãos. Mas o Estado centralista, num silêncio cúmplice, falha de forma reiterada, descarada e impune a sua obrigação constitucional”, vincou.
Segundo os membros do MCTM, “a Terra de Miranda está a ser abandonada à morte lenta e os seus habitantes são vítimas diretas deste incumprimento vergonhoso. Estamos perante um crime de omissão política e histórica, uma traição à própria essência”, disse.
Graciano Paulo aponta como exemplos os investimentos faraónicos que o Estado está a fazer com a construção de um novo aeroporto ou uma nova travessia no rio Tejo, sem que se olhe para o interior ou haja alguma compensação proporcional nos investimentos públicos nos territórios do interior.
“Mas, como o interior tem pouco peso para o universo eleitoral, é completamente abandonado. Mas é obrigatório cumprir a Constituição, em nome da coesão territorial”, frisou.
O MCTM lembrou que, em 2021, apresentou o Plano Estratégico para a Terra de Miranda, um documento que diz demonstrar o altíssimo potencial económico da região.
“No entanto, os municípios e o Estado português viraram as costas a esse trabalho. Preferiram a cegueira voluntária, o facilitismo do curto prazo, a ignorância arrogante e a incompetência política que hoje nos arrastam para a ruína”, denunciaram
Numa nota enviada à Lusa, são apresentadas várias preocupações, como o risco de extinção a raça bovina mirandesa (raça autóctones), símbolo vivo da região, que a qualquer momento pode ser dizimada, depois de quase duas décadas de alertas ignorados, o risco de extinção a língua Mirandesa, património único, inestimável e fator de identidade da Terra de Miranda.
Outros dos exemplos é o risco de extinção da Adega Cooperativa Ribadouro, estrutura considerada fundamental para a valorização da produção de vinho da Terra de Miranda e a salvaguarda de centenas de vinicultores dos três Concelhos (Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso).
Para esta situação, o MCTM garante que o Estado português tem ao seu alcance todos os instrumentos para concretizar a reforma profunda necessária e inverter “o caminho trágico que ele próprio ajudou a cavar”.
“O que falta não são recursos, mas vontade política”, sustenta o movimento.
Entrevista: “A construção da ponte Vimioso-Carção é uma alavanca para o desenvolvimento económico e social do concelho de Vimioso” – António Santos (PSD)
António Santos João Vaz, mais comumente conhecido por “Toni” é natural de Carção, tendo assumido em agosto de 2024, a presidência da Câmara Municipal de Vimioso, à qual se candidata nas eleições autárquicas de 12 de outubro, pelo Partido Social Democrata (PSD) e destaca a construção da ponte Vimioso-Carção como uma importante alavanca para o desenvolvimento económico e social do concelho de Vimioso.
Terra de Miranda – Notícias: António Santos João Vaz é natural de Carção, filho de Francisco Manuel Afonso Vaz e Isabel Maria Vaz João, tendo nascido a 6 de março, de 1956. Qual foi o seu percurso de vida?
António Santos: A minha mãe era tecedeira e o meu pai, carpinteiro. A par destes ofícios, ambos dedicavam-se também à agricultura. Tiveram seis filhos, cinco raparigas e um rapaz, sendo eu o filho mais velho. Estudei na escola primária de Carção, graças à ação benemérita António Luís dos Santos e Luís David dos Santos. Prossegui os estudos no liceu em Bragança e concluí o ensino secundário, no liceu Passos Manuel, em Lisboa. Transitei depois para o Porto, onde cumpri o serviço militar na messe de Oficiais do Quartel da Manutenção Militar.
T.M.N.: Em 1979 regressou a Carção, para desempenhar o trabalho de administrativo da Casa do Povo. Como era a vida no concelho de Vimioso, nesses anos, após o 25 de abril de 1974?
A.S.: Naquele tempo, a Casa do Povo nas aldeias assumia importantes responsabilidades sociais, tais como o pagamento das pensões de velhice e invalidez, abonos de família, subsídios de desemprego, entre outras funções sociais. Para além do trabalho na aldeia de Carção, deslocava-me também a Argozelo, Santulhão e a Matela. Foi esta experiência profissional que me permitiu conhecer de perto a realidade social destas localidades, os problemas e as reais necessidades das populações.
T.M.N.: O contato com as pessoas levou-o ao exercício da política?
A.S.: Sim, foi essa proximidade às pessoas e a determinação em ajudar a resolver os seus problemas que me motivou, em 1983, a ser deputado municipal em Vimioso. Depois em 1990, candidatei-me à presidência da freguesia de Carção, tendo exercido esta responsabilidade em três mandatos: 1990-1994; 2009-2013; e 2013- 2017.
T.M.N.: A presidência de uma freguesia foi uma aprendizagem?
A.S.: Para mim, ser presidente da freguesia de Carção foi uma das experiências profissionais mais gratificantes que já tive. Em muitas situações, fosse dia ou noite, verão ou inverno, as pessoas batiam-me à porta com solicitações várias e eu atendia-as sempre! Eu gostava do contato e proximidade com as pessoas. O meu saudoso pai, costuma dizer que eu tinha um coração grande. Um elogio destes vindo de uma pessoa que era também uma referência política em Carção e no concelho de Vimioso, foi uma grande motivação para mim.
“Ser presidente da freguesia de Carção foi uma das experiências profissionais mais gratificantes que já tive. Em muitas situações, fosse dia ou noite, verão ou inverno, as pessoas batiam-me à porta com solicitações várias e eu atendia-as sempre!”
T.M.N.: Em 1991, a vocação social conduziu-o a uma nova experiência profissional no Instituto da Segurança Social, em Bragança?
A.S.: Sim, comecei a trabalhar como operador de Microfilmagem. Fui responsável pela instalação de um novo serviço, que consistia na fotografia em filme, em dimensões muito reduzidas, de milhares de páginas sucessivas de documentos, para arquivo. Depois passei para a chefia da seção do Património e Aprovisionamento. Posteriormente, por minha iniciativa, dado o gosto pela proximidade às pessoas, solicitei a mudança para o Atendimento e Relações Internacionais. Neste trabalho, contatei e ajudei muitas pessoas, em particular os portugueses emigrantes que trabalhavam ou regressavam de países como França, Reino Unido, Suíça, Alemanha e Espanha.
T.M.N.: No município de Vimioso ganhou experiência ao longo dos últimos oito anos (2017-2021; 2021-2025), primeiro como vice-presidente e desde agosto de 2024, como presidente da Câmara Municipal. Quais são as solicitações mais recorrentes dos municipes do concelho de Vimioso?
A.S.: Atualmente, dada a densidade populacional as pessoas pedem “gente”. Sim, quer nas vilas, quer nas aldeias do concelho de Vimioso a nossa maior necessidade é a vinda e a fixação de pessoas que tragam maior dinamismo social, económico, cultural, educativo. associativo e desportivo ao território. Atualmente, residem no concelho de Vimioso 4500 pessoas, pelo que a densidade populacional é a nossa maior necessidade e por isso é também o grande desafio.
“Atualmente, residem no concelho de Vimioso 4500 pessoas, pelo que a densidade populacional é a nossa maior necessidade e por isso é também o grande desafio.“
T.M.N.: Que estratégia tem para responder ao desafio demográfico?
A.S.: Para apoiar as famílias, o município de Vimioso há muito que incentiva a natalidade, assim como assegura a vacinação das crianças e as despesas do ensino: creche gratuita, refeições, livros, material escolar. Na frequência do ensino superior, o município auxilia no pagamento de propinas e atribui bolsas de estudo. No Agrupamento de Escolas de Vimioso (AEV), continuamos a reivindicar o ensino secundário e para tal já conseguimos a implementação do 10º, 11º e 12º anos, no regime as Turmas de Responsabilidade Partilhada. Recordo também a criação, em Vimioso, do curso técnico-profissional superior (CTESP) em Termalismo e Bem-estar. Na área da saúde, a Câmara Municipal apoia no pagamento de medicamentos, no transporte aos municípes mais desfavorecidos e elaboramos um regulamento de apoio à fixação de médicos no centro de saúde de Vimioso. Para a criação de emprego, o município já está implementar o novo regulamento de apoio ao investimento, com a atribuição de 5 mil euros por cada posto de trabalho criado.
“O município de Vimioso já está implementar o novo regulamento de apoio ao investimento, com a atribuição de 5 mil euros por cada posto de trabalho criado.”
T.M.N.: Já como presidente da Câmara Municipal de Vimioso, viu aprovado o projeto de construção de uma nova ponte Vimioso-Carção. Que importância tem esta infraestrutrura?
A.S.: A construção da ponte Vimioso-Carção é uma alavanca para o desenvolvimento económico e social do concelho de Vimioso. Desde 2013 que andamos a lutar para que esta nova ligação Vimioso-Carção se torne uma realidade. Volvidos 12 anos, um governo social-democrata, aprovou a construção desta ponte tão necessária para a segurança rodoviária no concelho e dos concelhos vizinhos. Neste momento, a obra está em concurso, já há interessados e a construção vai ser executada. Por isso, apelo desde já às empresas do concelho de Vimioso, no alojamento, hotelaria, restauração, comércio, serviços, agricultura, pecuária e outras empresas, para que se preparem para um aumento significativo de pessoas, em virtude da construção da obra que deve iniciar-se no final de 2025 e se prolonga durante três anos.
“Apelo às empresas do concelho de Vimioso, no alojamento, hotelaria, restauração, comércio, serviços, agricultura, pecuária e outras empresas, para que se preparem para um aumento significativo de pessoas, em virtude da construção da obra que deve iniciar-se no final de 2025 e se prolonga durante três anos.”
T.M.N.: No âmbito social, no concelho de Vimioso já existem várias Institutições Particulares de Solidariedade Social (IPSS’s), mas é sua intenção criar novas valências?
A.S.: Vimioso é um dos concelhos com mais e melhores respostas sociais face às necessidades da população. Para além da Unidade de Cuidados Continuados, em Vimioso, existem a Santa Casa de Misericórdia de Algoso, a Santa Casa da Misericórdia de Santulhão, a Santa Casa da Misericórdia de Vimioso; o Lar de São Pedro, em Avelanoso; o Lar de Santa Eulália, em Pinelo; o Centro Social Paroquial Nossa Senhora das Dores de Argozelo; e o Lar de Nossa Senhora das Graças, em Carção. Nas aldeias onde não existem lares, gostaria de criar centros comunitários, onde as pessoas possam encontrar-se, conviver e receber um acompanhamento de proximidade, com serviços como uma refeição e a lavagem e engomagem da roupa.
“Nas aldeias onde não existem lares, gostaria de criar centros comunitários, onde as pessoas possam encontrar-se, conviver e receber um acompanhamento de proximidade, com serviços como uma refeição e a lavagem e engomagem da roupa.”
T.M.N.: Outra das obras que pretende realizar é a mudança dos serviços públicos (finanças, segurança social e serviço de registos e notariado) para o edifício do tribunal? Qual é o propósito desta mudança?
A.S.: A finalidade é relocalizar estes importantes serviços públicos no centro de Vimioso, para que as pessoas que vêm à vila, no dia das feiras mensais por exemplo, tenham oportunidade e o interesse em visitar o comércio, a restauração e outros serviços existentes na vila. Para que esta mudança do local dos serviços se concretize vamos agora apresentar uma candidatura.
T.M.N.: No âmbito da agropecuária, o concelho de Vimioso destaca-se na realização do concurso concelhio de bovinos mirandeses e na organização de feiras dedicadas aos produtos locais. Estes investimentos trazem retorno económico ao concelho?
A.S.: O município de Vimioso não mede esforços para apoiar os agricultores e os criadores de bovinos, ovinos e asininos e para tal, assumimos os custos da sanidade animal e da vacinação. No que concerne às feiras dedicadas à comercialização dos produtos locais e do artesanato, perante o sucesso destes certames e a vida que dão às aldeias do concelho de Vimioso, o nosso objetivo é continuar a apoiar as freguesias na organização destes eventos. Temos a pretensão de coorganizar feiras temáticas também em Matela, no Campo de Víboras, em Pinelo e em Vale de Frades.
T.M.N.: No concelho de Vimioso, o turismo está subaproveitado?
A.S.: O turismo é um dos setores de atividade ao qual queremos dedicar uma especial atenção. Nas Termas de Vimioso, por exemplo, há duas possibilidades de construir um aldeamento turístico, para albergar os termalistas. Vamos criar um novo projeto de aproveitamento turístico ambiental dos 36 moinhos existentes nos rios Angueira e Maçãs. Outro projeto que queremos desenvolver, após a construção da nova ligação Vimioso-Carção, é a construção de passadiços no vale do rio Maçãs.
“Nas Termas de Vimioso, há duas possibilidades de construir um aldeamento turístico, para albergar os termalistas.”
T.M.N.: Nesta região, o concelho vizinho de Miranda do Douro é um bom exemplo na capacidade de atrair turistas e visitantes. O que pode aprender Vimioso com os mirandeses?
A.S.: Os espanhóis visitam Miranda do Douro pelo património histórico, pela restauração e o comércio. Em Vimioso, os restaurantes do concelho também têm evoluído muito e já conseguem atrair, semanalmente, os vizinhos espanhóis e outros turistas. Outra atração turística diferenciadora em Vimioso são as Termas, onde os espanhóis da província de Zamora são alguns dos principais utentes. No âmbito do turismo de natureza, os passeios todo-o-terreno atraem muitos aficionados espanhóis e a prova internacional King of Portugal, que este ano vai decorrer na semana de 22 a 27 de setembro é disso exemplo, pela vinda de milhares de pessoas. Na Feira de Artes e Ofícios, que se realiza no mês de dezembro, em Vimioso, os espanhóis também são um público assíduo. Ainda na relação com Espanha, acreditamos que a futura autoestrada entre Zamora e Quintanilha poderá facilitar a vinda até Vimioso, de visitantes espanhóis de outras províncias de Espanha.
“A prova internacional King of Portugal, que este ano vai decorrer na semana de 22 a 27 de setembro atrai a vinda de milhares de pessoas, entre os quais muitos aficionados espanhóis.”
No Parque Natural de Montesinho, os veados voltaram a dar prejuízos aos produtores de castanha na aldeia de Cova de Lua, pertencente ao concelho de Bragança, com dezenas de castanheiros destruídos, denunciou um dos agricultores afetados. Alcino Reis.
Nas últimas noites, Alcino Reis ficou com mais de 30 castanheiros destruídos.
“Esgaçam-nos, cascam-nos, se ficam cascados secam, e partem-nos”, queixou-se o produtor que já no ano passado foi obrigado a repor “60 e tal” castanheiros, que também foram destruídos pelo veado, explicando que, “depois de posto, o castanheiro fica para cima de 15 euros, fora a proteção (rede), o rolo custa 35 euros”.
Os estragos ficam agora a cargo dos lesados, que se queixam de não receber qualquer ajuda do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).
“Nada, aqui ninguém dá nada. Deviam resolver isso, mas ninguém quer saber de nada. O ICNF quer os bichos, portanto devia pagar”, defendeu Alcino Reis.
Nos últimos dois anos, devido à diminuição do cultivo de cereais, mas também aos incêndios que destruíram o pasto, os veados têm-se aproximado da população e das culturas à procura de alimento.
Uma vez que se trata de uma espécie protegida, não pode ser abatida. A aldeia Cova de Lua fica em pleno Parque Natural de Montesinho, cuja gestão é do ICNF. Para ser feita qualquer correção de densidade populacional do veado, as entidades gestoras das zonas de caça devem fazer um pedido ao instituto.
Face ao cenário dos últimos tempos e para “acautelar” que acontecessem prejuízos como no ano anterior, a Junta de Freguesia de Espinhosela, responsável pela zona de caça de Cova de Lua, submeteu um pedido, a 7 de agosto, para o abate de dois veados. A resposta demorou mais de um mês.
De acordo com o presidente da junta, Octávio Reis, só hoje foi dado o aval, depois de os agricultores se terem queixado dos estragos.
“Já vem tarde, o prejuízo está feito e agora os produtores querem ser ressarcidos”, afirmou, referindo que, ainda assim, foi autorizado apenas o abate de um animal, o que “não é suficiente”
Para o autarca, terão que ser tomadas outras medidas sem ser a correção de densidade para afugentar os veados das localidades, “porque não são só prejuízos nos castanheiros, mas também na fruta, nas batatas”.
O presidente da junta pede medidas “sérias”, como a autorização do uso de “cercas elétricas”, porque os veados “cada vez dão mais prejuízo”. Quer também que seja dada “mais autonomia” às zonas de caça, para poderem fazer o abate do animal, visto que as solicitações requerem “uma burocracia tremenda” e a resposta demora semanas. Queixa-se da posição do ICNF que, na sua opinião, “mais quer os veados do que os castanheiros”.
No ano passado, a Comunidade de Baldios de Cova de Lua já tinha pedido ao ICNF que fossem tomadas medidas para impedir que este tipo de situações acontecesse. O responsável, David Garcia Fernandes, explicou que não há um “controlo eficiente” da espécie.
“Não cabe na cabeça de ninguém a autorização apenas de um veado para controlo de densidade populacional, tem de haver um planeamento diferente do ICNF”, afirmou, explicando que um grupo de veados pode ter entre “10 a 12” animais.
Contudo, devido à dificuldade de a comunidade se fazer ouvir junto do ICNF, David Garcia Fernandes, como presidente, admite contactar o Governo, para que seja definido um “plano de ação para esta zona”, pedindo ainda ao ministro da Agricultura e à ministra do Ambiente que visitem Cova de Lua para “verem com os próprios olhos os estragos”.
Para o também produtor de castanha, que no ano passado teve estragos avaliados em dois mil euros, uma das soluções passa por “aplicação de vedação conforme os proprietários querem e não consoante aquilo que o ICNF deixa”. “As vedações que o ICNF deixa colocar não têm efeito prático, aquilo e nada é a mesma coisa”, criticou.
O presidente da Comunidade de Baldios de Cova de Lua teme que com o aumento dos prejuízos e com a falta de apoio, as pessoas acabem por desistir das plantações. “Qualquer pessoa com dois dedos de testa, ao não tirar rendimentos dos investimentos que faz, para de os fazer”, reclamou.
Se, por um lado, o ICNF determina se pode ou não ser feito o abate de veados e em que altura do ano, no que toca aos estragos e a apoiar os agricultores afetados, a responsabilidade já é das entidades gestoras das zonas de caça.
No entanto, a Junta de Freguesia de Espinhosela adiantou não ter capacidades financeiras para ressarcir os produtores.
A Lusa contactou o ICNF e está a aguardar resposta.
Meteorologia: Aumento da temperatura até 18 de setembro
Até ao final da tarde de quinta-feira, dia 18 de setembro, está previsto um aumento da temperatura do ar, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que emitiu aviso amarelo para vários distritos de Portugal continental.
Nos distritos de Bragança e Vila Real, o aviso amarelo começa às 09:00 de quarta-feira, dia 17 de setembro e vigora até às 18:00 de quinta-feira.
Em Évora, Guarda, Beja, Castelo Branco e Portalegre, o aviso amarelo por “persistência de valores elevados da temperatura máxima” entra em vigor às 09:00 desta terça-feira, 16 de setembro e termina às 18:00 de quinta-feira.
O IPMA emitiu também aviso amarelo para a costa sul da ilha da Madeira entre as 09:00 de terça-feira e as 21:00 de quarta-feira por causa do tempo quente.
O aviso amarelo, o menos grave de uma escala de três, é emitido sempre que existe uma situação de risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica.
Dezassete concelhos dos distritos da Guarda, Castelo Branco, Portalegre e Faro estão hoje em perigo máximo de incêndio rural, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Vários concelhos do interior norte e centro e Algarve estão também em perigo muito elevado de incêndio rural, de acordo com o IPMA.
Segundo o instituto, o perigo de incêndio rural vai agravar-se a partir de quarta-feira, 17 de setembro e pelo menos até ao fim de semana devido à previsão de tempo quente.
Este perigo, determinado pelo IPMA, tem cinco níveis, que vão de reduzido a máximo. Os cálculos são obtidos a partir da temperatura do ar, humidade relativa, velocidade do vento e quantidade de precipitação nas últimas 24 horas.
Por causa do tempo quente, o IPMA colocou os distritos de Bragança, Guarda, Évora, Vila Real, Beja, Castelo Branco e Portalegre sob aviso amarelo a partir das 09:00 de 16 de setembro e até às 18:00 de quinta-feira.
Também a costa sul da ilha da Madeira vai estar sob aviso amarelo entre as 09:00 de hoje e as 18:00 de quinta-feira devido à persistência de valores elevados da temperatura máxima.
O aviso amarelo, o menos grave de uma escala de três, é emitido sempre que existe uma situação de risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica.
O IPMA prevê para hoje no continente céu pouco nublado ou limpo, vento em geral fraco e pequena subida da temperatura máxima, em especial nas regiões norte e centro.
As temperaturas mínimas vão oscilar entre os 09 graus Celsius (em Braga) e os 21 (em Faro) e as máximas entre os 23 (em Aveiro) e os 37 (em Évora e Beja).
Para o arquipélago da Madeira, a previsão aponta para céu pouco nublado, vento fraco a moderado e pequena subida da temperatura máxima, em especial nas terras altas.
As temperaturas vão oscilar entre os 21 e os 28 graus no Funchal e os 21 e os 25 no Porto Santo.
Ensino: Escolas públicas e privadas apostam na integração dos alunos estrangeiros
No contexto do ano letivo 2025/2026, que está a começar, a professora Fernanda Montenegro explicou que é preciso “ter cuidado acrescido” com os alunos estrangeiros, para que se sintam acolhidos, uma atenção da escola pública e na escola privada.
“Tudo é diferente. Não falam a língua, não conhecem o país, não conhecem as tradições, toda a gente olha para eles de lado. Então, há que ter cuidado acrescido com esses jovens para que sintam, nessa primeira semana que faz toda a diferença, que pertencem”, disse a Fernanda Montenegro, que vai começar o ano letivo num novo agrupamento, após 16 anos na Escola da Damaia, em entrevista à Agência ECCLESIA.
O Ministério da Educação, Ciência e Inovação de Portugal informou que estiveram “178 133 alunos estrangeiros matriculados” no período letivo de 2024/2025, no dia 30 de agosto, a pedido do jornal Público, e, segundo a professora de Inglês estes “são aqueles que precisam ainda mais daquele carinho, daquela atenção especial”, para a sua integração na escola.
Fernanda Montenegro realça que nas escolas “há muito cuidado em relação aos imigrantes” para que consigam “rapidamente fazer parte da escola”, e destaca que na Escola da Damaia, onde esteve durante “16 anos”, criaram “uma equipa de acolhimento”, com “professores, assistentes sociais, animadoras”, e ainda um aluno.
“Quando chegava um aluno estrangeiro era acolhido por um desses elementos, e a partir daí vamos tratando de tudo o que precisa a nível social, médico, escolar. Depois temos sempre um menino para acompanhar esse aluno novo e para o integrar mais rapidamente na escola; por norma, os alunos vão chegando e, ao fim de uma semana, duas semanas, já se vê com um sorriso, já vai atrás do colega”, explicou a docente.
Nos Colégios Maristas, segundo o entrevistado, têm também alunos estrangeiros, “não tanto quanto a escola pública, como é conhecido”, mas esta diversidade “chega à escola privada e à escola católica”, e existe “esta preocupação por acolher e por trabalhar”, quando “a língua materna não foi o português”.
“E temos que, naturalmente, estar atentos e tentar desenvolver as ferramentas para que aquele aluno possa acompanhar e possa estar e integrar-se plenamente nas dinâmicas dos colégios. Essa é também uma realidade que, ultimamente, temos vindo a experimentar no seio das nossas comunidades educativas, e que é uma aprendizagem para nós, para os professores, e para as famílias”, desenvolveu Eurico Santos, que está ligado à gestão pedagógica.
Nos Colégios Maristas, as comunidades educativas tentam responder à procura do “seu corpo de alunos e de famílias” e aí têm essa “riqueza”, neste contexto, “uma coisa muito importante é a partilha”, porque aprendem muito das realidades de outros colégios que, “efetivamente, mesmo dentro do mundo marista, acolhem imigrantes e também refugiados”.
“Em Portugal procuramos responder a esta necessidade envolvendo também os outros alunos, porque também é uma aprendizagem para os outros, não só para o aluno que é refugiado ou que é imigrante, mas todo aquele que acolhe, e tem essa oportunidade de conviver com o mundo que hoje é global, e que nos toca a todos”, acrescentou Eurico Santos.
Fernanda Montenegro acrescenta ainda que na sala de aula, pelo menos na sua disciplina de Inglês, os alunos estrangeiros têm tempos onde apresentam “um pouco do seu país, da sua cultura”, porque “acaba a ser um bocado mais fácil”.
“E depois sempre ter algum coleguinha que fique encarregue de levar ao refeitório, ao bar, às outras salas de aula, tentando que ele não fique sozinho”, referiu a professora que vai começar o Ano Letivo 2025/2026 num novo agrupamento, a Escola de Miraflores em Algés, no Programa ECCLESIA, emitido esta segunda-feira, na RTP2.
Os dois professores comentaram também a falta de professores e a proibição de utilização de telemóveis por parte dos alunos do 1º e 2º ciclos do ensino básico, nas suas realidades.
Vimioso: Socialistas apresentaram os candidatos aos órgãos autárquicos
No Domingo, dia 14 de setembro, o Partido Socialista (PS) apresentou em Vimioso, os seus candidatos às eleições autárquicas de 2025, uma lista encabeçada por António Oliveira, candidato à Câmara Municipal, Cristina Quina, candidata à Assembleia Municipal e os candidatos às dez Assembleias de Freguesia do concelho vimiosense.
Na equipa para a Câmara Municipal, António Oliveira, é coadjuvado por Sandra Pires e Francisco Marques. No seu discurso, o candidato socialista criticou a governação social-democrata, afirmando que “Vimioso está esquecido” e indicou algumas medidas que gostaria de implementar, caso seja eleito, como a construção da estrada Pinelo-Argozelo.
A apresentação socialista, decorreu no pavilhão do Agrupamento de Escolas de Vimioso (AEV) e contou com as visitas da eurodeputada, Carla Tavares e de Júlia Rodrigues, antiga autarca de Mirandela e agora deputada na Assembleia da República.
A apresentação socialista, em Vimioso, encerrou com um convívio, de porco no espeto.
A campanha eleitoral decorre entre 30 de setembro e 10 de outubro. No dia 11 é dia de reflexão, pelo que a campanha é proibida por lei. As eleições autárquicas realizam-se no Domingo, dia 12 de outubro.
Miranda do Douro: Helena Barril (PSD) apresentou a sua equipa às eleições autárquicas
A um mês da eleições autárquicas, agendadas para 12 de outubro, o PSD de Miranda do Douro, apresentou os candidatos aos órgãos autárquicos, câmara municipal, assembleia municipal e assembleias de freguesia, com uma arruada pela cidade e os discursos no bairro da Terronha,
A candidatura social-democrata é liderada pela atual presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Helena Barril. sendo que o jovem, Pedro Velho, é o candidato à assembleia municipal.
Na apresentação públicarealizada na tarde de sábado, dia 13 de setembro, no Bairro da Terronha, na cidade de Miranda do Douro, os candidatos social-democratas defenderam que o exercício da política deve pautar-se “pela proximidade e escuta dos problemas e anseios da população do concelho”.
Helena Barril que se recandidata a um segundo mandato na governação do município mirandês, fez uma avaliação do trabalho realizado desde outubro de 2021, destacando, por exemplo, o impulso dado à promoção cultural e económica do concelho.
Referindo-se às obras, a autarca de Miranda do Douro, elogiou o trabalho desenvolvido pelo executivo municipal formado por Nuno Rodrigues e Vitor Bernardo, que deram início à construção do matadouro intermunicipal e à atração de investimento, com a construção do Hotel Vila Galé Mirandum.
A ser reeleita, Helena Barril, afirmou que “vão continuar a trabalhar com rigor e honestidade em prol de todos as mirandesas e mirandeses”.
A apresentação dos candidatos aos órgãos autárquicos do concelho de Miranda do Douro, contou com a participação do vice-presidente do PSD, Alexandre Poço. No seu discurso, o jovem deputado na Assembleia da República, elogiou a capacidade de liderança da candidata, Helena Barril e a tenacidade dos mirandeses no desenvolvimento deste concelho do interior do país.
Nas eleições autárquicas de 12 de outubro, em Miranda do Douro, o PSD vai concorrer com o PS, Chega e CDU para a Câmara Municipal e a Assembleia Municipal.
Nas eleições para as freguesias, o PSD apresentou 13 candidaturas, enquanto que o PS concorre à freguesia da Póvoa e União de Freguesias de Constantim e Cicouro. A CDU formalizou uma candidatura à freguesia de Miranda do Douro. E os grupos de cidadãos “Juntos por Genísio e Especiosa ((JPGE)” e “Terra, Confiança e Compromisso (TCC) candidatam -se, respetivamente, à freguesia de Genísio e Especiosa e à Freguesia de São Martinho.
A campanha eleitoral decorre entre 30 de setembro e 10 de outubro. No dia 11 de outubro é dia de reflexão, pelo que a campanha é proibida por lei. As eleições autárquicas realizam-se no Domingo, dia 12 de outubro.
Genísio: Mais um ataque de lobos mata 10 ovelhas e fere 12 com gravidade
Na noite de 12 para 13 de setembro, um feroz ataque de lobos, na aldeia de Genísio, no concelho de Miranda do Douro, causou a morte de 10 ovelhas e o ferimento de outras 12, confirmando assim o receio e a indignação dos criadores pecuários que se queixam de sucessivos ataques no planalto mirandês.
O criador de ovinos, Alcino Antão, proprietário de um rebanho com 54 ovelhas, estava consternado com a morte de 10 ovelhas e o ferimento de outras 12, que segundo o parecer da médica veterinária, têm poucas possibilidades de sobreviver.
“Já sou criador de ovinos há cerca de 15 anos e nunca me tinha ocorrido um incidentes destes. Pelos ferimentos nas ovelhas há fortes indícios de ataques de lobos. Durante a noite o rebanho estava numa propriedade a 100 metros de casa, ouvi ladrar os cães, saí à rua, mas não me aproximei porque por vezes os cães ladram durante a noite. De manhã, voltei a ouvir os cães ladrar e vi corvos na propriedade e foi quando me deparei com este cenário desolador: dez ovelhas já estavam mortas e outras tantas tinham ferimentos no pescoço e nas patas traseiras”, descreveu.
Perante o sucedido, Alcino Antão, contatou de imediato o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), que enviou dois técnicos até Genísio para registar a ocorrência, fotografar os animais mortos e feridos e anotar o número da exploração agropecuária.
“Os próprios técnicos do ICNF confirmaram que se tratou de um ataque de lobos. Nestas noites mais quentes de verão, optei por deixar o rebanho de ovelhas ao ar livre e próximo de casa. Mas os predadores não se intimidaram com a luz pública e saltaram facilmente a cerca de rede, com 1,20 metro de altura”, disse.
Para ser indemizado pela perda dos animais, o criador de ovinos tem agora de comunicar o prejuízo na plataforma digital do Instituto de Financiamento de Agricultura e Pescas (IFAP).
“O valor da indemnização nunca vai corresponder ao trabalho que de criar estes animais. Das dez ovelhas já mortas, oito delas estavam prenhas de pelo menos dois a três cordeiros cada uma. Para agravar a situação, com a redução do número de animais da minha exploração vou ser penalizado nos apoios anuais do IFAP”, lamentou.
Doravante, para prevenir outros ataques de lobos o criador de ovinos de Genísio, vê-se obrigado a guardar os seus animais sempre dentro do estábulo e a redobrar a vigilância no pastoreio diurno das ovelhas nos lameiros.
“Perante este grave acontecimento e com a idade avançada, mais dia menos dia, vou ter que acabar com a atividade agropecuária”, lamentou.
Por sua vez, o irmão, Belmiro Antão, é criador de burros de Miranda e também se mostrou muito preocupado com o aparecimento de lobos no planalto mirandês.
“Nesta região, os poucos criadores de animais, sejam ovinos, bovinos e asininos, são pessoas de idade. Com o aparecimento destes animais predadores como o lobo isto vai levar ao abandono da atividade pecuária”, disse.
Questionada sobre os sucessivos e mortíferos ataques às explorações de ovinos no planalto mirandês, a secretária técnica da Associação de Criadores de Ovinos Mirandeses (ACOM), engenheira, Andrea Cortinhas, descreveu a situação como dramática.
“Infelizmente, estão a ocorrer sucessivos ataques de lobos aos rebanhos de ovelhas nesta região do planalto mirandês. Os avultados prejuízos com a morte dos animais, estão a pôr em risco a já débil atividade pecuária. Recordo que, esta atividade fisicamente desgastante, é feita maioritariamente por pessoas idosas”, disse.
Andrea Cortinhas, acrescentou que com a morte e redução do número de animais, os prejuízos económicos são avultados e causam uma perda enorme na raça, que demora anos a repor.
“Com os ataques de lobos aos rebanhos, as ovelhas feridas acabam por morrer e mesmo aquelas que sobrevivem, com o stress acabam por abortar. Daí que o prejuízo não é apenas o imediato, tem impacto a médio e longo prazo na reposição do número de animais da raça autóctone”, indicou.
No concelho de Miranda do Douro, os ataques de lobos a explorações pecuários estão a ocorrer com frequência. Recentemente, em Malhadas e depois a 4 de setembro, numa exploração agropecuária na aldeia de Fonte Ladrão, outro ataque de lobos causou a morte de 12 ovelhas.
PREJUÍZOS ATRIBUÍDOS AO LOBO
Os prejuízos sobre efetivos pecuários atribuídos ao lobo são indemnizados pelo Estado Português desde a entrada em vigor da Lei n.º 90/88, de 13 de agosto - Lei de Proteção ao Lobo-ibérico.
Nesta revisão das normas aplicáveis alterou-se a abordagem que se faz ao direito à indemnização. Este modelo pretende potenciar a corresponsabilização dos proprietários de gado pela proteção do mesmo, sem pôr em causa a obrigação do Estado, de indemnizar, como compensação do risco que aqueles proprietários correm pela atividade que exercem, em áreas de presença de lobo. Institui-se um mecanismo de pagamento de indemnização que supõe o pagamento de um número limitado de prejuízos em cada ano civil, bem como uma redução do valor a pagar relativamente ao dano efetivo, à medida que aumenta o número de ocorrências.
É fixada a lista de animais passíveis de indemnização e clarificados os conceitos relativos aos requisitos de proteção a observar para que possa ser reconhecido o direito à indemnização, a título de exemplo a tipologia do cão de proteção de gado.
Outra alteração significativa prende-se com a transferência do pagamento das indemnizações do ICNF, para o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, de forma a aumentar a eficácia administrativa, proporcionado ainda uma maior acessibilidade no acompanhamento do processo por parte dos interessados.
Espera-se com este conjunto de medidas potenciar a coexistência da atividade pecuária com a presença de lobo.
De forma a melhor esclarecer sobre a implementação destas medidas, é disponibilizado um folheto informativo destinado aos criadores de gado em área de lobo.
Dança: Pauliteiros de Miranda inspiraram o espetáculo “Do Terreiro ao Mundo”
O espetáculo “Do Terreiro ao Mundo”, com coreografia de Clara Andermatt, estreou-se a 13 de setembro, em Vila Real e é inspirado nas danças dos Pauliteiros de Miranda, colocando em diálogo a dança contemporânea com esta tradição da Terra de Miranda.
Clara Andermatt revelou que o projeto parte da premissa de trabalhar sobre o universo dos Pauliteiros, mas que expandiu o espetáculo para o “território riquíssimo” que é Trás-os-Montes.
A coreógrafa referiu que fez a sua própria viagem a este universo, onde encontrou “algumas características fortes e identitárias”.
“A dança contemporânea pode também fazer este diálogo com as tradições e a partir delas criar algo novo que seja simultaneamente universal, mas ao mesmo tempo característico de um território”, afirmou o diretor do Teatro de Vila Real, Rui Araújo.
O projeto “Do Terreiro ao Mundo” nasceu de um desafio lançado pelo Teatro de Vila Real à companhia Instável, que convidou a coreógrafa Clara Andermatt, tratando-se de uma coprodução com o Centro Cultural de Lagos.
“É uma forma, talvez, de nós próprios começarmos a olhar para as nossas tradições como uma possibilidade de reinvenção e de dar o nosso contributo à arte universal a partir de elementos que fazem parte do nosso código genético, enquanto transmontanos”, referiu Rui Araújo.
Com raízes na chamada “dança das espadas”, os Pauliteiros executam a tradicional “dança dos paus”, caracterizada por movimentos guerreiros, rituais e religiosos, acompanhada por gaita-de-foles, caixa e bombo.
As danças rituais dos Pauliteiros nas festas tradicionais de Miranda do Douro estão integradas no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, desde abril de 2025.
Para preparar este espetáculo, Clara Andermatt contou que foi para Miranda do Douro, pesquisar, ver os pauliteiros, conversar com alguns grupos, o que lhe permitiu perceber características particulares e identitárias destas danças.
“Só pode ser uma interpretação e uma visão particular. Quem conhece o universo dos Pauliteiros, quem conhece as danças (…) vai bem entender a raiz e os desvios”, referiu a coreógrafa, que adiantou que a peça “está cheia de referências” como os paus, as cores e a dança numa interpretação sua desta tradição.
O espetáculo é interpretado por quatro bailarinos e dois músicos que, em palco, constroem um diálogo entre corpo, gesto e som, e tem música original de Luís Pedro Madeira e Clara Andermatt.
Luis Pedro Madeira é multi-instrumentista, professor de educação musical e compositor. Os figurinos são de Gabriela Gomes, artista plástica e investigadora.
“É bonito ver que as coisas estão muito vivas e que há muita gente a fazer esse trabalho, que dão valor à tradição e que vão também desenvolvendo e criando coisas novas e isto é mais uma visão”, salientou Clara Andermatt, considerando que este foi um desafio “muito interessante” e que, ao mesmo tempo, sentiu “as coisas muito vivas” e “também algum desconsolo” pelo despovoamento que atinge este território.
Criadora de mais de meia centena de peças apresentadas em Portugal e no estrangeiro, Andermatt gosta de cruzar culturas, linguagens e de trabalhar com diferentes corpos e percursos.
A estreia de “Do Terreiro ao Mundo”, a 13 de setembro marcou também o arranque do festival de dança contemporânea Algures a Nordeste, que decorre até ao final de setembro, em Vila Real e inclui cinco espetáculos, um deles de dança inclusiva direcionado às escolas.
“É uma forma de mostrar que todos podem ter um contributo para as artes, desde que tenham talento e que trabalhem”, disse Rui Araújo, referindo-se ao espetáculo “Somatati”, da CiM – Companhia de Dança, que junta intérpretes com e sem deficiência.
O festival inclui ainda uma homenagem a Camilo Castelo Branco com o projeto “Camilo – Vida e Obra”, do Ballet do Douro, o espetáculo “Maurice Accompagné”, da Companhia Paulo Ribeiro, e “In Absentia, com Helder Seabra.
Ensino Superior: Ainda há 9313 vagas nas universidades e politécnicos
Na 2.ª fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior, apenas metade dos candidatos ficou colocada, num total de 8.824 novos caloiros nas universidades e politécnicos, havendo ainda 9.313 vagas nas universidades e politécnicos.
Dos 16.594 candidatos à 2.ª fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior (CNAES), ficaram colocados menos de nove mil, segundo dados da Direção-Geral do Ensino Superior (DGES), que mostram que entraram mais alunos nas universidades do que nos politécnicos: Quase 4.900 conseguiram lugar numa das 13 universidades públicas e os restantes nos politécnicos.
Somando as duas fases do CNAES, há agora pouco mais de 52 mil caloiros em instituições públicas, o que representa quase menos cinco mil estudantes do que no ano passado.
Mas os alunos ainda podem concorrer à 3.ª fase, cujas vagas serão divulgadas no dia 22 de setembro no site da DGES.
As duas instituições com mais alunos colocados nesta fase situam-se na capital: Entraram agora mais 1.036 alunos em cursos da Universidade de Lisboa e outros 623 no Instituto Politécnico de Lisboa.
Olhando para as instituições com mais vagas sobrantes destacam-se os institutos politécnicos de Bragança (1.218 vagas), de Coimbra (634), de Viseu (572) e da Guarda (547).
Na generalidade das universidades sobraram menos vagas, com o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa a apresentar apenas sete vagas sobrantes, a Universidade Nova de Lisboa com 52 e, no extremo oposto, a Universidade de Aveiro com 310 lugares.
Entre universidades e politécnicos, sobraram 9.313 vagas, mas cabe às instituições decidir se abrem ou não mais lugares. Da lista divulgada pela DGES, apenas a Escola Superior de Enfermagem de Lisboa ficou com zero vagas.
“Cada instituição de ensino superior decide, para cada um dos seus cursos, sobre a abertura da terceira fase do concurso”, sublinham os serviços do Ministério da Educação, Ciência e Inovação, lembrando que as instituições não podem abrir mais vagas do que as que agora sobraram, acrescidas às vagas que não venham a ser ocupadas pelos estudantes agora colocados.
Os estudantes colocados na 2.ª fase devem realizar a matrícula e inscrição entre os dias 15 e 17 de setembro, junto da instituição de ensino superior, onde ficaram colocados.
As candidaturas para a 3.ª fase decorrem online, entre os dias 23 e 25 de setembro.
Os dados divulgados pela DGES mostram que quase oito mil candidatos desta fase eram alunos que já tinham conseguido uma vaga na 1.º fase, mas decidiram voltar a tentar.
Houve depois outros cerca de três mil alunos que não tinham ficado colocados na 1.º fase e 5.595 que se candidataram apenas agora pela primeira vez ao CNAES de 2025.