Em julho de 2025, o índice de produção na construção cresceu 2,7% face ao mesmo período do ano anterior, indica o Instituto Nacional de Estatística (INE).
No mês de julho, o índice de emprego teve um crescimento homólogo de 3,0%, ao contrário do índice das remunerações que desacelerou 5,7 pontos percentuais (p.p.), fixando-se em 6,5%.
Em termos mensais, o segmento da construção de edifícios aumentou 3,7%, acelerando 0,3 p.p. face à taxa registada em junho.
Por outro lado, o setor da engenharia civil passou de um crescimento de 1,7% no mês anterior, para 1,4% no mês em análise.
Europa: Portugal conquistou sete medalhas no Campeonato Europeu das Profissões
Na 9.ª edição do Campeonato Europeu das Profissões (EuroSkills), que decorreu na Dinamarca, de 9 a 13 de setembro, Portugal conquistou sete medalhas, duas de ouro, uma de prata e quatro de excelência, numa competição que reuniu 32 países.
O grande destaque vai para as medalhas de ouro, de Marco Malheiro, de Ponte de Lima (Viana do Castelo), em soldadura, e da equipa constituída por Diogo Pinto, de Lousada (Porto) e Loris Sgroj, de Celorico de Basto (Braga), em integração de sistemas robóticos.
A medalha de prata portuguesa recaiu para a dupla Diogo Botelho e Simão Alves, ambos de Torres Vedras (Lisboa), em mecatrónica.
Botelho e Alves conquistaram ainda o prémio de melhor da nação, que é atribuído ao concorrente com melhor pontuação em cada país. Os dois obtiveram 777 pontos, a marca mais alta de Portugal.
Apesar de terem conquistado a medalha de ouro, Marco Malheiro fez 738 pontos e a dupla Pinto-Sgroj somou 728.
Já as quatro medalhas de excelência foram distribuídas por Leonor Silva, de Santa Maria da Feira (Aveiro), na profissão de cabeleireira, Dmitry Zhivitsa, de Águeda (Aveiro), em fresa, Nelson Ribeiro, de Felgueiras (Porto), em controlo industrial, e Bruno Ribeiro, de Vila Real, em instalações elétricas.
O EuroSkills decorreu 9 e 13 de setembro, em Herning, na Península da Jutlândia, onde Portugal foi representado por 15 jovens, em 13 áreas profissionais.
O evento teve cerca de 103 mil visitantes.
Os jovens portugueses receberam as medalhas no Jyske Bank Boxen na cerimónia de encerramento daquele é que considerado os “Jogos Olímpicos das Profissões”.
O Campeonato Europeu das Profissões volta a realizar-se em 2027. A 10.ª edição do EuroSkills será coorganizada pela Alemanha e pelo Luxemburgo, na cidade de Dusseldorf, estando prevista acontecer de 22 a 26 de setembro de 2026, no centro de exposições Messe Düsseldorf.
Futsal: Miranda do Douro defronta a CB Alfândega da Fé na Supertaça Distrital
O Clube Desportivo de Miranda do Douro (CDMD) inicia a época desportiva 2025/2026, com o jogo da Supertaça Distrital de Futsal António Parente, agendado para esta sexta-feira, 19 de setembro, diante da Casa do Benfica de Alfândega da Fé, no pavilhão municipal Arnaldo Pereira, na cidade de Bragança.
A Supertaça Distrital de Futsal António Parente está agendada para as 21h30 de sexta-feira e opõe o atual campeão e vencedor da Taça Distrital, o Clube Desportivo de Miranda do Douro (CDMD) ao clube vencido no final da taça relativa à época passada, a Casa do Benfica de Alfândega da Fé (CBAF).
Com o propósito de continuar a promover o futsal no distrito, a Associação de Futebol de Bragança (AFB) juntou à supertaça distrital a Taça de Elite, uma nova competição na qual participam os dois clubes que competem da 3ª divisão (GD Macedense e CA Mogadouro).
Assim, ao final da tarde de sexta-feira, dia 19 de setembro, o Grupo Desportivo Macedense defronta o Clube Académico de Mogadouro, às 19h30. O clube vencedor apura-se para a final da Taça de Elite.
O outro finalista da Taça de Elite é o vencedor da Supertaça Distrital de Futsal, cuja final está marcada para as 21h30, de sábado, dia 20 de setembro.
O jogo dos 3º e 4º lugares realiza-se 19h30.
O Campeonato Distrital I Divisão Futsal inicia-se no dia 3 de outubro. Este ano, a competição conta com 11 equipas e as novidades são a estreia da Associação Academia Desportiva de Bragança e o regresso do Águia FC Vimioso.
1ª jornada:
AAD Bragança x GD Torre Dona Chama SC Moncorvo x GD Freixo AR Alfandeguense x CB Alfândega da Fé Águia FC Vimioso x Futsal Mirandela CD Miranda do Douro x Vila Flor SC Folga: Escola Arnaldo Pereira
Picote: III Festa das Línguas com rock, taberna gastronómica e missa poliglota
No âmbito do 27º aniversário do reconhecimento oficial da Língua Mirandesa, a aldeia de Picote, celebra no fim-de-semana de 19, 20 e 21 de setembro, a III Fiesta de las Lhénguas, um evento cultural que vai reunir falantes de mirandês, leonês, asturiano e galego, num programa que inclui entre outras atividades, um concerto de rock, uma taberna gastronómica e a celebração da missa em várias línguas.
A língua mirandesa foi reconhecida oficialmente a 17 de setembro de 1998. Volvidos 27 anos, existem cerca de 3500 pessoas falantes, mas apenas 1500 falam mirandês no dia-a-dia. Com o propósito de promover o mirandês, a FRAUGA – Associação para o Desenvolvimento Integrado de Picote e a freguesia local organizam anualmente a Festa das Línguas. O professor António Bárbolo indicou que as línguas em destaque no evento são o mirandês, o leonês, o asturiano e o galego.
“O objetivo da Festa das Línguas continua a ser a celebração da diversidade linguística e cultural. Esta convivência nem sempre é encarada como uma riqueza, por vezes é mesmo vista como uma divisão e ameaça, por causa de uma enviesada perspectiva política. Mas sublinho que todas as línguas devem ser veículos de comunicação, de comunhão e de paz ”, disse.
Segundo o programa, a III Festa da Línguas começa na tarde de sexta-feira, dia 19 de setembro, com a visita dos alunos do Agrupamento de Escolas aos stands das regiões linguísticas. Para animar a festa, uma das novidades é a abertura da Taberna das Línguas, com várias receitas, petiscos e bebidas regionais. No serão de sábado, o grupo Pica & Trilha vai presentear o público com um concerto de rock em mirandês.
Dado que a a Festa das Línguas deste ano é dedicada ao tema da literatura oral e tradicional, no sábado, dia 20 de setembro, está programado um serão de contos, em várias línguas. Ainda no sábado, outros motivos de interesse são a vindima tradicional, a abertura oficial, as apresentações do projeto “Lhéngua Base”e do livro “Paisagens Literárias”. As atividades da III Festa das Línguas vão decorrer no Ecomuseu Terra Mater, com debates sobre a importância da literatura oral na preservação das línguas e das identidades culturais.
Outra novidade na III Festa das Línguas é a vinda e a participação de membros da Academia de Ciências de Lisboa, com o propósito de incluir o mirandês no seu objeto de estudo e investigação.
No Domingo, dia 21 de setembro, o destaque é a missa, agendada para as 11h30, que vai ser celebrada em várias línguas: latim, português, castelhano, mirandês, leonês e asturiano.
De acordo com o professor António Bárbolo, há a possibilidade da Festa das Línguas se tornar um evento itinerante, com a sua realização noutros países e regiões, onde se falem as denominadas língua minoritárias, como Léon, as Astúrias e a Galiza.
Em Picote, a “Fiesta de las Lhénguas” é um evento anual que conta com os apoios institucionais do município de Miranda do Douro, da Comissão e Coordenação de Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) e de várias outras instituições e empresas.
Ambiente: Candidaturas para trocar eletrodomésticos abrem a 30 de setembro
Quem queira beneficiar de apoio para trocar fogões, fornos e esquentadores a gás por equipamentos elétricos com eficiência energética A vai poder candidatar-se a partir de 30 de setembro, anunciou a ministra do Ambiente e da Energia, Maria da Graça Carvalho.
Segundo a ministra, o valor máximo do apoio não poderá ultrapassar os 1.683 euros no caso de pessoas e famílias que tenham direito à tarifa social de energia e integrem o programa Bairros + Sustentáveis e os 1.100 no caso de quem tenha um contrato de fornecimento de eletricidade sem restrições.
Os pagamentos no âmbito do programa E-Lar feitos diretamente pela Agência para o Clima aos fornecedores, que terão de garantir que os eletrodomésticos substituídos são entregues para reciclagem.
As candidaturas para os fornecedores abriram a 18 de agosto, precisou, em conferência de imprensa, em Lisboa, a ministra, que espera “uma grande adesão” dos comerciantes.
No total, o orçamento do programa E-Lar pode atingir os 40 milhões de euros: 30 milhões do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e “um reforço de 10 milhões do Fundo Ambiental se a procura se justificar”.
Maria da Graça Carvalho referiu que as famílias que queiram usufruir do apoio poderão candidatar-se ao programa a partir de 30 de setembro e “até se esgotar o valor” disponível, o que acredita que ocorrerá rapidamente.
Para concorrerem, os interessados terão de preencher um formulário no ‘site’ www.fundoambiental.pt.
Se a candidatura for aceite, receberão um ‘voucher’ que poderão usar na rede de fornecedores do programa E-Lar para comprar placas, fornos e termoacumuladores elétricos.
Os valores a atribuir por cada eletrodoméstico a adquirir, obrigatoriamente de classe energética A ou superior, estão tabelados, até um total de 1.683 euros para as famílias vulneráveis e de 1.100 para as restantes.
“O objetivo é efetivamente converter estes 40 milhões de euros em eletrodomésticos muito mais eficientes para todas as famílias”, salientou a ministra do Ambiente e da Energia.
A governante anunciou ainda a afetação de 60 milhões de euros do PRR ao programa Bairros + Sustentáveis, aberto a municípios, instituições particulares de solidariedade social e associações de moradores que queiram intervir em edifícios localizados em bairros municipais, zonas históricas e áreas de reabilitação urbana dos 35 municípios das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto.
Neste caso, estão abrangidas obras como o isolamento térmico e a instalação de coberturas verdes, sistemas de ventilação natural, painéis solares e dispositivos de uso de água mais eficientes, entre outras.
“Estimamos que a verba disponível permita a intervenção em, pelo menos, 3.500 frações residenciais”, frisou Maria da Graça Carvalho, precisando que serão admitidas obras que tenham sido realizadas a partir de 20 de fevereiro de 2020, com faturas e recibos, de modo a mitigar o facto de o prazo de execução do PRR terminar em junho de 2026.
Portugal: Von der Leyen destaca potencial do lítio em Portugal
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defendeu a remoção de obstáculos para aproveitar o potencial de atividades como o lítio em Portugal, startups’ de inteligência artificial e do corredor do Lobito em Angola.
Intervindo em Bruxelas na conferência de alto nível sobre “Um ano após o Relatório Draghi”, que admitia a necessidade de investimentos avultados para a competitividade económica da União Europeia (UE) face aos Estados Unidos e à China, Ursula von der Leyen apontou que “ainda existem muitos obstáculos”.
Depois de o relatório do antigo primeiro-ministro italiano Mario Draghi ter elencado como principais desafios a inovação, a descarbonização e os elevados preços da energia, Ursula von der Leyen advogou também a aposta nas matérias-primas críticas da UE “em prol da segurança económica”, garantindo apoio financeiro e licenças em tempo útil a iniciativas como “o processamento de lítio em Portugal”.
“Uma ‘startup’ de IA de Portugal ou da Roménia deve poder crescer sem problemas em todo o nosso continente e, atualmente, isso muitas vezes não acontece”, pelo que “o nosso mercado único está longe de estar completo”, apontou, precisando que as barreiras internas equivalem a tarifas de 45% sobre os bens e a uma tarifa de 110% sobre os serviços.
Quanto à energia, e quando mais de 70% da eletricidade europeia provém de fontes com baixas emissões de carbono, a líder do executivo comunitário prometeu apostar em interligações elétricas, pedidas há muitos anos pela Península Ibérica, uma ilha energética na UE.
“Muitas vezes, não dispomos das interligações necessárias ou não utilizamos de forma eficiente as que temos, [mas] agora, começámos a abordar esta questão […] e muitos projetos já estão em curso” como o “projeto da baía de Biscaia, que duplicará a capacidade entre França e Espanha”, exemplificou.
“Além disso, iremos propor um pacote de redes e uma nova iniciativa de autoestradas energéticas, que irá centrar-se em oito estrangulamentos críticos nas nossas infraestruturas energéticas”, apontou ainda.
Em termos da diversificação das parcerias, numa altura em que a UE enfrenta tensões comerciais agora mitigadas com importantes parceiros como os Estados Unidos, Ursula von der Leyen disse querer “uma rede de projetos estratégicos em todo o mundo”, que inclui o “corredor estratégico de Lobito para o cinturão de cobre de África”, em Angola,
“Tudo isto com a nossa abordagem europeia distintiva. Outras potências estão apenas interessadas na extração, [mas] nós construímos indústrias de transformação locais e cadeias de valor porque é assim que reforçamos a nossa própria segurança”, adiantou.
Especificamente no que toca ao comércio, a responsável garantiu “vontade política” para concluir um acordo com a Índia antes do final do ano e avançar com a África do Sul, Malásia, Emirados Árabes Unidos e outros.
Ursula von der Leyen apelou ainda ao “sentido de urgência em toda a agenda de competitividade” da UE para avançar com “medidas urgentes para enfrentar necessidades urgentes”.
A líder do executivo comunitário defendeu ainda “uma Europa mais independente em matéria de defesa”, admitindo porém que “isso não se concretizará da noite para o dia”.
No seu relatório publicado em setembro de 2024 e encomendado um ano antes, Mario Draghi estimou em 800 mil milhões de euros as necessidades anuais de investimento adicional na UE face aos concorrentes China e Estados Unidos, o equivalente a mais de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) comunitário e acima do Plano Marshall.
Segundo dados agora divulgados pela organização europeia de lóbi Conselho Europeu para a Inovação Política (EPIC, na sigla inglesa), do total de 383 recomendações apresentadas, apenas 11,2% (43 medidas) foram totalmente cumpridas.
Agricultura: Prejuízos causados por veados nos soutos de castanheiros
O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas mostrou-se disponível a mitigar danos causados por veados em castanheiros no Parque Natural de Montesinho, mas indica que os prejuízos têm de ser suportados pela zona de caça.
Após os danos causados em dezenas de castanheiros por veados na aldeia de Cova de Lua, no concelho de Bragança, os agricultores afetados, a Comunidade de Baldios e a Junta de Freguesia, que é responsável pela zona de caça, reclamaram medidas de proteção dos soutos e indeminizações.
O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), tendo em conta estes estragos, referiu que “está disponível para dar o seu contributo para a mitigação destes danos, tendo em vista a compatibilização da atividade agrícola com a salvaguarda da biodiversidade, com recurso a medidas de proteção das culturas aquando da sua instalação, bem como outras ações de gestão de habitats que promovam áreas de alimento para a espécie em locais afastados das culturas agrícolas”.
No entanto, no que toca aos prejuízos, estes devem ser suportados pela zona de caça, ou seja, pela Junta de Freguesia de Espinhosela, à qual pertence Cova de Lua.
O presidente da junta, Octávio Reis, já tinha adiantado que as zonas de caça não têm capacidade financeira para o fazer, solicitando ajuda ao ICNF.
Confrontado com esta situação, o ICNF esclareceu que “quando os terrenos estão inseridos em zonas de caça ou na sua vizinhança, os danos causados por espécies cinegéticas, como o veado, nas florestas, na agricultura e na pecuária são responsabilidade das respetivas entidades titulares, a menos que o Estado, através do ICNF, não lhes tenha autorizado as correções de densidade quando solicitadas”.
A 7 de agosto, a junta de freguesia solicitou um pedido para matar dois veados, como medida preventiva, uma vez que, no ano passado, foram destruídos centenas de castanheiros no concelho de Bragança por estes animais.
Porém, a resposta a esse pedido só foi dada mais de um mês depois, em 15 de setembro, depois dos prejuízos já causados.
A autorização só foi concedida para o abate de um animal: “Tendo em conta que a zona de caça municipal se encontra inserida no Parque Natural de Montesinho, em área de atividade do lobo ibérico, apenas foi autorizado o abate de um exemplar”, explicou o ICNF, acrescentando que se os prejuízos continuarem deverá ser feito “novo pedido” para abate.
O ICNF referiu ainda que, face à “abundância da espécie em causa, a entidade gestora da zona de caça municipal poderá proceder a estudos com vista à alteração do seu Plano de Gestão para a sua eventual introdução na listagem de espécies cinegéticas a explorar”.
Miranda do Douro: Dia da Língua Mirandesa com visita do Secretário de Estado da Cultura
O Secretário de Estado da Cultura, Alberto Santos, participou na comemoração do 27º aniversário do reconhecimento oficial da Língua Mirandesa (17 de setembro de 1998), numa cerimónia realizada na Escola Básica e Secundária (EBS) de Miranda do Douro, onde foram apresentados a nova Estrutura de Missão, o livro “Bai Pedro Bai” e o projeto “Ourrieta las Palabras”.
A comemoração realizou-se na manhã desta quarta-feira, dia 17 de setembro, na Escola Básica e Secundária (EBS), em Miranda do Douro (EBS), onde os alunos receberam o Secretário de Estado da Cultura, Alberto Santos e a presidente do Município de Miranda do Douro, Helena Barril, com uma dança dos pauliteiros de Miranda.
Seguiu-se depois a cerimónia no auditório da escola, repleto de alunos dos 5º e 6º anos, onde o diretor do Agrupamento de Miranda do Douro, professor António Santos, deu as boas-vindas ao membro do XXIV Governo Constitucional e afirmou que a escola é uma peça central nesta luta pela sobrevivência da língua mirandesa.
«É uma honra para o Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro (AEMD) receber as comemorações do Dia da Língua Mirandesa, este ano com a presença do senhor Secretário de Estado da Cultura, Alberto Santos, a presidente do Município de Miranda do Douro, Helena Barril e o escritor, António Mota, para a apresentação do livro “Bai Pedro Bai”. disse o diretor do AEMD.
A presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Helena Barril, realçou o valor cultural da língua mirandesa, como marca identitária da Terra de Miranda e informou que a nova estrutura de missão para a promoção do mirandês vai iniciar funções no próximo mês de novembro.
“Esta nova organização pública vai ser constituída pelo comissário, Alfredo Cameirão e dois subcomissários, Susana Ruano e Paulo Meirinhos. Terá também uma equipa administrativa, formada com um técnico superior, um administrativo(a) e um assistente operacional. A Estrutura de Missão vai ficar sediada na antiga Casa dos Magistrados, na cidade de Miranda do Douro e tem como missão a realização de atividades de promoção e divulgação da língua mirandesa, como por exemplo, a criação de materiais didáticos e a formação de professores de mirandês”, avançou.
Outras das funções da Estrutura de Missão é desenvolver e implementar programas de ensino do mirandês nos diversos níveis de escolaridade, apoiar a tradução e edição de obras literárias e científicas, a produção de conteúdos audiovisuais, em mirandês, entre outras iniciativas.
Na visita a Miranda do Douro, o Secretário de Estado da Cultura, Alberto Santos, afirmou ser um imperativo “não deixar que a língua mirandesa se cale para sempre”.
“Quando uma língua morre é um olhar sobre o mundo que desaparece. O futuro do mirandês não depende só do governo, nem do município de Miranda do Douro, depende de cada adulto, jovem e criança. Por isso, encoraja-vos a falarem o mirandês, cantem-no e escrevam-no!”, encorajou o governante.
No âmbito do 27º aniversário do reconhecimento oficial da Língua Mirandesa, realizou-se também a apresentação (e oferta) do livro “Bai Pedro Bai”, aos alunos dos 5º e 6º anos. O livro é uma tradução em mirandês, feita por Carlos Ferreira e Alice Ferreira, da obra “Pedro Alecrim”, do escritor António Mota.
A comemoração do Dia da Língua Mirandesa encerrou com a apresentação do projeto “Ourrieta las Palabras – Adonde mana la Lhéngua”. O projeto está a ser desenvolvido por Susana Ruano e Alcides Meirinhos, da Associação de Língua e Cultura Mirandesa (ALCM) e tem por finalidade valorizar o património Cultural Imaterial.
“Através da compra de equipamento audiovisual para gravação de testemunhos orais em língua mirandesa, estamos a recolher e transcrever conteúdos, para a criação da Casa Virtual da Língua Mirandesa. Outra iniciativa é criar um caminho ou itinerário cultural turístico em língua mirandesa. Pretendemos ainda desenvolver atividades de comunicação e divulgação do projeto, como a realização em Miranda do Douro, de um congresso dedicado à literatura infanto-juvenil, em línguas minoritárias”, indicaram os membros da ALCM.
A língua mirandesa foi reconhecida oficialmente a 17 de setembro de 1998, com a aprovação da lei 7/99, que entrou em vigor, com a posterior publicação em Diário da República a 29 de janeiro de 1999.
Relativamente ao atual estado da língua mirandesa, segundo um estudo efetuado pela Universidade de Vigo, em 2023, existam cerca de 3500 pessoas falantes, mas apenas 1500 falavam mirandês no dia-a-dia.
Música: Concerto na basílica de Santo Cristo de Outeiro
Decorre de 27 de setembro a 12 de outubro, o festival de música erudita “Bragança Classicfest”, sendo que a estreia acontece na Basílica de Santo Cristo de Outeiro, monumento nacional desde 1927.
O festival começou em 2021, no Teatro Municipal de Bragança, mas também com passagens por igrejas da cidade e tem vindo a “reafirmar Bragança como destino cultural de excelência”, atraindo públicos de outros países, segundo a organização.
Nesta edição, pela primeira vez, um dos concertos, o de abertura, acontece numa aldeia, em Outeiro, com a Basílica de Santo Cristo, monumento nacional desde 1927 a ser o palco do ensemble Arte Minima, sob a direção de Pedro Sousa Silva.
“O público vai sentir que não é mais um concerto, mas que há uma atenção grande a estas povoações que estão injustamente esquecidas e com falta de acesso a eventos de excelência”, salientou o diretor artístico, Filipe Pinto-Ribeiro.
A Basílica de Santo Cristo de Outeiro é uma igreja classificada como monumento nacional desde 1927.
Trata-se de um templo do século XVII, cuja construção se associa à necessidade de afirmação do país enquanto nação independente de Espanha.
A sua origem foi um pequeno templo, votado ao abandono, até que a 26 de Abril de 1698 se terá dado um milagre: o Santo Cristo terá então suado sangue, conforme inscrição existente na igreja. Depressa se espalhou a notícia e a primeira pedra para um santuário foi lançada entre 1725 e 1739. Ao longo do século XVIII assumiu importância enquanto lugar de peregrinação.
O edifício é composto por templo com planta em cruz latina, sacristia e casa de arrumações. Destaca-se a sacristia com teto apainelado com três dezenas de caixotões pintados com cenas da vida de Cristo, executados em 1768 por Damião Bustamante oriundo de Valladolid, e paredes igualmente revestidas de pintura sobre tela. A 8 de novembro de 2014 foi concedido o título de Basílica de S.Cristo de Outeiro à igreja - Santuário do Santo Cristo de Outeiro, tornando-a na única Basílica do país que está localizada numa aldeia.
O Bragança Classicfest apresenta oito concertos, um deles na basílica, mas os restantes decorrem no Teatro Municipal de Bragança e no Convento de São Francisco. São esperadas a Orquestra Sinfónica do Principado das Astúrias, “uma das mais destacadas formações espanholas”, com o maestro português Nuno Coelho, e a Orquestra Philharmonia Frankfurt, “em estreia em Portugal”, com o maestro Juri Gilbo e com o solista Vladislav Lavrik, “um dos maiores trompetistas da atualidade”.
Segundo Filipe Pinto-Ribeiro, todos os espetáculos do festival são únicos, o que quer dizer que “as orquestras vêm tocar propositadamente a Bragança”, o que o torna “muito especial”.
Cinco dos concertos têm entrada gratuita, nomeadamente o de abertura e o do dia 01 de outubro, Dia Mundial da Música. “Tem a ver com o serviço público de cultura, porque a missão de um teatro municipal é dar a conhecer novos artistas, trazer digressões consagradas, mas é também possibilitar que todas as pessoas possam vir ao teatro e não só as chamadas elites”, vincou o diretor do Teatro Municipal de Bragança, explicando que é preciso levantar os bilhetes na bilheteira, para controlo de lugares.
De acordo com João Cristiano Cunha, a taxa de ocupação dos espetáculos, nas edições anteriores, rondou os 96%, com públicos da região, do país, mas também do estrangeiro. “Vem público de Espanha, mas também de Itália, França e Alemanha, porque seguem os artistas de música erudita e aproveitam para fazer turismo cultural e conhecerem um país novo”, adiantou.
Esta quinta edição contará ainda com “a violinista suíça Esther Hoppe, o violetista norueguês Lars Anders Tomter e o violoncelista suíço Christian Poltéra”, mas também filhos da terra, como o violinista brigantino David Seixas.
Além dos concertos para todos os públicos, o Bragança Classicfest tem ainda ‘masterclasses’ dedicadas aos estudantes de música da região.
Incêndios: Falta de alimento leva lobos a atacar rebanhos perto das populações
A secretária técnica da Associação de Criadores de Ovinos de Raça Mirandesa, Andrea Cortinhas, indicou que a falta de alimento, decorrente dos incêndios na fronteira e em Espanha, poderá ser a explicação para a vinda de lobos para o planalto mirandês e os ataques a várias explorações pecuárias.
Só no concelho fronteiriço de Miranda do Douro, nas últimas três a quatro semanas foram registados três ataques de lobos nas localidades de Malhadas, Fonte Ladrão e mais recentemente em Genísio, que resultaram na morte de algumas dezenas de animais e ferimentos graves noutros.
Andrea Cortinhas disse que o lobo só ataca quando há falta de alimento e quando tem fome.
“O lobo ataca as explorações pecuárias quando os animais estão estabulados, só depois regressa para se alimentar. O lobo está mais entretido em anular os movimentos dos animais [ovinos] do que propriamente para os comer. Se não se alimentar com calma vai estar sempre a atacar, porque é o seu instinto”, explicou a técnica.
Andrea Cortinhas acrescentou ainda “que quando se registam animais feridos pode não ser para o lobo os matar, mas porque estão em movimento”.
“Se as conseguir matar, ele vai mais tarde para as comer, mas o pastor apercebe-se do ataque do lobo e ficam os estragos e prejuízos nos pastos ou estábulos dos proprietários”, frisou.
Para Andrea Cortinhas, os incêndios em ambos os lados da fronteira entre o Nordeste Transmontano e a província espanhola de Castela e Leão provocaram falta de alimento e os lobos atacam mais próximos das localidades onde há ovelhas ou outros animais de pequeno porte.
“Há muitos anos que não eram referenciados tantos ataques de lobos e a explicação pode estar nos estragos provocados pelos incêndios no ecossistema. E quando havia ataques, eram esporádicos e com menos animais mortos. Neste momento são muitos os ataques de lobos e de forma consecutiva, com muitos animais mortos e feridos, o que está a assustar os pastores, indicou.
A secretaria técnica da Associação Nacional de Criadores de Ovinos de Raça Churras Mirandesa disse ainda que os pastores estão munidos de cães de gado, e em alguns casos com cercas com alguns metros de altura, mas o lobo consegue ultrapassar todos estes obstáculos.
Já o biólogo e presidente da Associação de Conservação da Natureza – Palombar, José Pereira, é da opinião de que os lobos são muitos fiéis aos territórios da sua alcateia.
“Mesmo após um incêndio, os lobos têm a tendência em regressar ao seu território, mesmo que afastado das localidades”, disse.
Contudo, José Pereira adianta que, havendo falta de alimento, os lobos são obrigados a fazer percursos mais distantes e mais dispersos para comer.
José Pereira é também da opinião que, na última década, não tem havido tantos ataques de lobos como aqueles que se estão a presenciar, porque havia alcateias históricas que desapareceram destes territórios raianos.
“Agora há novos indivíduos que estão a ocupar estes territórios para se reproduzirem. Poderá ser o que está a acontecer”, vincou.
O biólogo acrescentou ainda que se perderam algumas formas tradicionais de maneio dos rebanhos, como pastor presentes, o que leva ao ataque dos lobos.
Na opinião do presidente da Palombar, tudo o que foi apontado tem razão de ser, mas é preciso encontrar soluções para uma coexistência pacífica entre o homem e o lobo.
A Lusa contactou o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e aguarda resposta.