Sendim: Iniciaram-se as vindimas no planalto mirandês
Iniciaram-se as vindimas, no planalto mirandês e em Sendim, no concelho de Miranda do Douro, a quantidade de uvas aumentou, comparativamente com o ano passado e a qualidade é considerada “muito boa” segundo o vitivinicultor, Luís Peres.
No planalto mirandês, as vindimas são um trabalho sazonal realizado com a entreajuda de agricultores e a contratação de jornaleiro(a)s.
O vitivinicultor, Luís Peres, natural de Sendim, é proprietário de mais de sete hectares de vinha já em produção e recentemente plantou 11 novos hectares. Iniciaram as vindimas no passado dia 18 de setembro e os trabalhos vão prolongar-se até ao final do mês.
Sobre a colheita deste ano, Luís Peres referiu que a quantidade de uvas nas vinhas aumentou comparativamente com o ano passado. E quanto à qualidade indicou que é “muito boa”, embora tema que a chuva que começou a cair a 24 de setembro possa vir prejudicar a colheita.
“Com a chuva, as uvas absorvem mais quantidade de água, o que pode prejudicar o nível de açúcar nos bagos. Para além disso, o desenvolvimento e maturação das uvas depende das temperaturas registadas ao longo do ano e também da localização das vinhas”, explicou.
No planalto mirandês, o trabalho das vindimas é frequentemente realizado com a entreajuda dos vitivinicultores e a contratação de mão-de-obra diária, sendo que nesta campanha, a jornada de trabalho, com o almoço incluído, é paga a 50€/dia.
“Nas vindimas ainda vai sendo possível contratar jornaleiros, porque o trabalho não é assim tão difícil de realizar. No total, com a entreajuda de outros vitivinicultores e os 15 jornaleiro(a)s somos cerca de 30 pessoas”, indicou.
A preocupante situação financeira da cooperativa Ribadouro, sediada em Sendim, com uma dívida de 700 mil euros aos bancos e de 300 mil euros a fornecedores, tem dissuadido os agricultores locais de entregar aí as suas colheitas. E fá-los optar pela cooperativa vizinha, em Bemposta, onde o atual preço do quilo de uvas é de 0,38€/quilo, com 12% de açúcar.
“Na Sogrape, em Bemposta, o pagamento é efetuado a 30 dias. E em meados de novembro, já temos o dinheiro das uvas”, justificou.
Questionado sobre se a vitivinicultura é rentável, Luís Peres respondeu que é uma atividade “aceitável”, E explicou que na agricultura, as uvas são o produto que dá mais rendimento por hectare.
Em Bemposta, o preço pago aos agricultores é de 0,38€/quilo de uvas, com 12% de açúcar.
Segundo dados da ViniPortugal, no corrente ano, as exportações de vinhos cresceram 8,58% em volume, registando-se no entanto uma diminuição do preço por litro de vinho devido ao excesso de ‘stock’.
Quanto aos mercados de exportação, os principais mercados dos vinhos portugueses são: França (53,4 milhões de euros), Estados Unidos da América (50,1 milhões de euros) e Brasil (38,9 milhões de euros). Já por volume, França mantém a posição de liderança (17,5 milhões de litros), seguida de Espanha (16,4 milhões de litros) e Angola (15,3 milhões de litros).
A ViniPortugal agrupa associações e organizações do setor do vinho e tem como missão a promoção dos vinhos portugueses.
Política: Mogadouro aprovou proposta para elevação a cidade
A Câmara Municipal de Mogadouro aprovou, por “unanimidade”, uma proposta para elevação da vila à categoria de cidade, anunciou o presidente da autarquia, António Pimentel.
“Esta proposta está de acordo com a lei em vigor [Lei nº 24/2024 de 20 de fevereiro], e Mogadouro está consciente de que tem os equipamentos necessários e as condições administrativas para se poder candidatar à categoria de cidade”, disse António Pimentel.
“A vila de Mogadouro está dotada de todas as infraestruturas e equipamentos necessários previstos na Lei, que a capacitam para receber o título de cidade”, vincou o autarca social-democrata.
A elevação da vila de Mogadouro a cidade foi aprovada por “unanimidade” em reunião do executivo municipal e foi proposta pela maioria PSD.
De acordo com a Lei-quadro da atribuição das categorias de vila ou cidade às povoações, a Assembleia da República (AR) decreta que podem ser elevadas à categoria de cidade as vilas com mais de 9.000 eleitores, em aglomerado populacional contínuo, e que correspondam a núcleos de urbanização intensa.
Segundo o Portal da Comissão Nacional de Eleições (CNE), nas últimas eleições legislativas, Mogadouro apresentava 9.640 eleitores inscritos
É ainda necessária a existência de, pelo menos, dois terços das seguintes instituições ou equipamentos coletivos: serviços públicos da administração central ou local prestados presencialmente com caráter permanente à população, serviços hospitalares com serviço de urgências ou de atendimento permanente e presencial, corporação de bombeiros, respostas sociais, designadamente à infância, a idosos e a pessoas com deficiência.
No campo do ensino, há requisitos como a existência de creches ou estabelecimentos de educação pré-escolar, estabelecimento de ensino secundário, ou estabelecimentos de ensino superior, entre outros.
Em termos mais gerais, há outros serviços como a existência de parque empresarial ou industrial ou centro logístico e equipamentos de natureza cultural ou artística, designadamente auditório, biblioteca, centro cultural, museu ou centro interpretativo, estádio ou parque desportivo multidesportivo, ou cobertura por rede de transportes públicos coletivos.
Face a este requisitos, esta proposta, agora aprovada, segue para a Assembleia Municipal (de maioria PSD) a realizar na próximo sexta-feira, para depois, em caso de aprovação, ser enviada à AR, para se pronunciar sobre esta proposta.
Mogadouro é sede de concelho e tem uma área total de 760,65 quilómetros quadrados, 8.304 habilitantes, segundo os censos de 2021.
O Executivo municipal de Mogadouro é composto por três eleitos pelo PSD e dois do PS.
Língua Mirandesa: Escola de Mogadouro promove ensino do mirandês
O Agrupamento de Escolas de Mogadouro (AEM) iniciou a um projeto-piloto. na área do ensino da Língua e Cultura Mirandesa com a criação de um “Clube de Língua Mirandesa”, informou a diretora do AEM.
“Trata-se de um projeto-piloto que já tinha em mente há algum tempo, de haver no Agrupamento de Escolas de Mogadouro (AEM) a possibilidade de oferta da aprendizagem da língua mirandesa, mas ainda não tinha sido possível, e este ano constituímos o Clube da Língua Mirandesa. No concelho de Mogadouro há uma parte do território que também fala mirandês”, explicou Mafalda Rocha.
De acordo com a responsável escolar, encontram-se abertas as inscrições para que este “Clube de Língua Mirandesa se possa concretizar”.
“Este ano, com uma organização e distribuição do serviço feita de uma forma atempada, conseguimos esta oferta que vai funcionar à quarta-feira, em que os alunos desde o 2.º e 3.º ciclos, a que se junta o secundário e ensino profissional, se podem inscrever neste clube de mirandês. Estas atividades serão dinamizadas pelo professor Alfredo Cameirão, que também é o presidente da Associação de Língua e Cultura Mirandesa ”, disse Mafalda Rocha.
O AEM pretende, face ao interesse demonstrado pelos alunos, ao longo deste ano letivo, colocar a possibilidade de o mirandês poder ser uma opção curricular.
“Toda esta possibilidade surgirá mediante o interesse desmontado pelos alunos e pelo número de inscrições”, vincou.
O Ministério da Educação autorizou, desde 1986, aulas opcionais de Língua e Cultura Mirandesa nas escolas de Miranda do Douro e, atualmente, dos seus 610 alunos, 480 escolheram o mirandês para as suas atividades curriculares.
Contudo, e devido às fortes mudanças sociais e demográficas ocorridas na Terra de Miranda, que engloba os concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso, a desertificação demográfica com perda de cerca de 50% da população nos últimos 70 anos, massificação dos meios audiovisuais com a consequente difusão do português, ocorreu um gradual abandono da transmissão oral dos pais para os filhos.
Na parte norte do concelho de Mogadouro que faz fronteira com Miranda do Douro, em aldeias como Bemposta, Urrós ou Travanca, este idioma ainda foi falado, contudo, há expressões que são comuns ao território do Planalto Mirandês
O mirandês passou a segunda língua oficial em Portugal há 26 anos, após a aprovação da lei na Assembleia da República, em 17 de setembro de 1998, que conferiu este estatuto ao idioma falado no Nordeste Transmontano.
O último estudo feito pela Universidade de Vigo, com o apoio e colaboração da ALCM, concluiu que haverá cerca de 3 mil falantes de mirandês na Terra de Miranda e, se nada for feito, a língua caminhará para o seu declínio.
Entrevista: “O artesanato, para além do lucro, tem como objetivo a dinamização cultural e turística da Terra de Miranda” – Sofia Ortega
“Pitica de Dius” é uma marca de artesanato criada em 2012, pela artesã, Sofia Ortega, em Fonte de Aldeia, no concelho de Miranda do Douro, com a finalidade de divulgar a língua mirandesa, através de palavras, ditos e provérbios bordados em t-shirts, bonés, sacolas, jogos didáticos e vários outros artigos.
Terra de Miranda – Notícias: “Pitica de Dius” é uma designação em língua mirandesa que significa “joaninha”. Quando e como decidiu criar esta marca de artesanato?
Sofia Ortega: Eu nasci e cresci em Lisboa. Mas vinha regularmente a esta região, passar as férias de verão, porque os meus pai e a minha mãe eram naturais da Especiosa e de Bemposta, respetivamente. A dada altura fui desafiada por um familiar a mudar-me para o planalto mirandês e na verdade eu já sentia vontade de viver no campo. Até que em 2012, decidi mudar-me mesmo para a Especiosa.
T.M.N.: E veio fazer o quê?
S.O.: Em Lisboa, eu trabalhava como contabilista por conta própria e nas horas vagas fazia peças de artesanato. Ao mudar-me para a Especiosa, continuei a trabalhar à distância como contabilista, pois já tinha uma carteira de clientes e ia uma vez por mês a Lisboa. Há alguns trabalhos como a contabilidade, em que a distância geográfica não é um impedimento e podem ser realizados no interior do país. Atualmente, 50% dos nossos clientes são de Lisboa e os outros 50% são do planalto mirandês.
T.M.N.: E o artesanato?
S.O.: Quando me mudei para o planalto mirandês, uma das primeiras coisas que fiz foi inscrever-me na Feira dos Sabores Mirandeses, em Miranda do Douro, para expor as minhas peças de artesanato, que naquela época eram apenas almofadas térmicas feitas com trigo e alfazema.
T.M.N.: Como é que surgiu o nome e a marca “Pitica de Dius”?
S.O.: Desde sempre gostei muito da “joaninha”, de tal modo que a desenhei nos sacos oferta do artesanato. Depois perguntei à escritora Adelaide Monteiro, como é que se escrevia joaninha em mirandês e ela deu-me a conhecer a designação “Pitica de Dius”. Achei o nome tão bonito que decidi atribui-lo ao nome do projeto de artesanato e registei a marca.
T.M.N.: A originalidade das peças de artesanato “Pitica de Dius” é a constante referência à lingua mirandesa. Onde vai buscar este saber?
S.O.: Na minha mudança para a Terra de Miranda, tive o interesse em aprofundar o conhecimento do mirandês e frequentei um curso ministrado pela Associação de Língua e Cultura Mirandesa (ALCM). Foi no decorrer do curso que comecei a fazer peças de artesanato com palavras, frases e ditos em língua mirandesa.
T.M.N.: Outro aspeto que chama à atenção nas suas peças de artesanato é o humor (em mirandês)?
S.O.: Sim, o humor, as mensagens alegres, positivas e até “picantes” despertam mais a atenção do público.
T.M.N.: Atualmente, que peças de artesanato manufatura?
S.O.: T-Shirts, sacolas, mochilas, bonés, ímanes, porta-chaves, emblemas, jogos didáticos para crianças e outros artigos. São peças que têm uma boa aceitação por parte do público, em particular aquelas pessoas que têm ligação com esta região ou apreciam a língua e cultura da Terra de Miranda.
T.M.N.: Como vende as peças de artesanato?
S.O.: Costumo participar em feiras e eventos na região, como os próximos Gorazes de Mogadouro, agendados para os dias 12 a 16 de outubro. Para além disso, o público também pode fazer encomendas através das páginas “Pitica de Dius” no facebook, instagram e linkedin. E ainda através do site piticadedius.pt.
T.M.N.: O artesanato “Pitica de Dius” tem como propósito contribuir para a preservação e divulgação da língua e cultura mirandesa. Mas, este património está em risco de desaparecer por causa do despovoamento da Terra de Miranda. O negócio do artesanato em mirandês é lucrativo?
S.O.: Por várias vezes, já pensei que poderia ter um negócio mais lucrativo se fizesse outros artigos, com outras referências, para além da língua e cultura mirandesas. No entanto, o meu artesanato, para além do lucro, também tem como objetivo a dinamização cultural, social e turística desta região.
T.M.N.: Outra atividade que desenvolve é a animação turística?
S.O.: Sim, a empresa “Rigueiro da Aldeia” desenvolve atividades culturais, sociais e experiências turísticas para quem visita esta região.
T.M.N.: A Sofia decidiu viver em Fonte de Aldeia, no concelho de Miranda do Douro. Como é viver numa aldeia? Quais são as vantagens?
S.O.: O que me fez mudar de Lisboa para o planalto mirandês é a maior qualidade de vida, o viver serenamente e em segurança. Aqui é possível desfrutar da natureza que nos envolve e apreciar a cultura local. E também é possível ser-se empreendedor! Brevemente, juntamente com o meu marido, Francisco, vamos iniciar a recuperação de uma antiga curralada, aqui em Fonte Aldeia, que é de uma arquitetura belíssima, para aí instalar as novas instalações da Pitica de Dius e organizar atividades culturais aqui em Fonte de Aldeia.
T.M.N.: E quais são as desvantagens de viver numa aldeia?
S.O.: Uma das desvantagens de viver numa aldeia é que por vezes, as pessoas, com boas ou más intenções, metem-se demais na vida alheia. Outra desvantagem é a maior dificuldade em aceder a cuidados de saúde e consultas de especialidade.
T.M.N.: O que diria às pessoas que pensam mudar-se para o planalto mirandês?
S.O.: Em primeiro lugar, aconselharia a conhecerem bem esta realidade do interior do país. É que há uma grande diferença cultural, social, demográfica e até económica entre viver numa cidade do litoral ou numa localidade do interior. Aqui não temos tudo à mão, como nas cidades em que há centros comerciais, o que nos obriga a viajar 80 a 100 quilómetros para comprar o produto A ou B. Mas em contrapartida, temos mais qualidade de vida!
Perfil
Sofia Ortega, nasceu e estudou em Lisboa, onde concluiu a licenciatura em Contabilidade.
Atualmente, com o marido, Francisco, trabalham no escritório Contaldeia – Contabilidade e Serviços, sediado em Fonte de Aldeia, onde também prestam uma valiosa ajuda à população local, maioritariamente envelhecida.
Desde jovem, Sofia Ortega sentiu que a sua vocação eram as artes e com o passar dos anos começou a dedicar-se ao artesanato. Em 2012 criou a marca “Pitica de Dius”.
Picote acolheu nos dias 20, 21 e 22 de setembro, a “II Fiestas de las Lhénguas”, um evento cultural que reuniu nesta aldeia do concelho de Miranda do Douro, falantes de mirandês e de asturo-leonês, num encontro que permitiu definir estratégias comuns para a revitalização destas línguas minoritárias, como são a organização de eventos e a divulgação de vídeos promocionais através das redes sociais.
O artista asturiano, José Manuel Sabugo Alvarez, foi um dos convidados da II Fiesta de las Lhénguas, em Picote.
No âmbito do Dia Europeu das Línguas, que se assinala a 26 de setembro, a freguesia de Picote e a associação Frauga, organizaram a “II Fiestas de las Lhénguas”, um evento cultural que contou com a participação de representantes da língua mirandesa, assim como do asturo-leonês, do galego e do barranquenho.
Com o propósito de celebrar a diversidade cultural e linguística, o certame em Picote iniciou-se na tarde de sexta-feira com a visita dos alunos do Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro (AEMD). Sobre a pertinência desta visita, o professor do AEMD, Paulo Peixoto, sublinhou a importância da aprendizagem das línguas no percurso escolar.
“Sou professor de Matemática e também desta disciplina, a língua é determinante para interpretar corretamente e resolver os problemas matemáticos. E por vezes, uma vírgula, pode fazer toda a diferença”, disse.
Do lado dos alunos que visitaram a II Festa das Línguas, o que mais despertou o interesse dos jovens foram as t-shirts, os porta-chaves e outros souvenirs, com mensagens escritas em mirandês. Recorde-se que no Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro, cerca de 80% dos alunos frequentam a disciplina de Língua e Cultura Mirandesa.
Em Picote, o espaço das línguas, foi instalado no Largo do Tumbar, onde marcaram presença várias associações linguísticas, como a FRAUGA – Associação para o Desenvolvimento Integrado de Picote, a Academia de Letras de Trás-os-Montes, a Academia da Llingua Asturiana, a Associação Faceira (da província espanhola de Leão), a Associação El Teixu (Leão), entre outras.
Da Academia de Letras de Trás-os-Montes, a escritora, Teresa Almeida, participou na II Festa das Línguas com o propósito de dar a conhecer os trabalhos dos escritores transmontanos.
“Através da literatura também se explora e divulgam as potencialidades desta região transmontana como são a paisagem, a cultura, a música, a dança e a língua mirandesa”, justificou.
Por sua vez, Nicolás Bartolomé, da Academia da Llingua Asturiana, quando questionado sobre o que falta fazer para que haja mais falantes de línguas como o mirandês, apontou a organização de mais eventos e atividades como a “Fiesta de las Lhénguas”.
“Para revitalizar uma língua minoritária, como o mirandês há que realizar um contínuo trabalho de promoção. E para isso é necessário investimento público, por parte dos governo central e local e também das associações. Este evento da Festa das Línguas tem todos os ingredientes para ser bem sucedido, porque junta a cultura, a música, os jogos tradicionais e reúne ao longo de três dias, representantes de várias línguas, o que permite partilhar conhecimentos e experiências”, disse.
Em representação da associação “El Teixu”, da província espanhola de Leão, Denis Fernandez, referiu que participou pelo segundo ano consecutivo, no evento em Picote, com o propósito de contribuir para a dignificação das línguas.
«A associação “El Teixu” trabalha para a preservação, dignificação e divulgação da língua asturo-leonesa. Para nós, é muito importante dar espaço e voz a línguas como o mirandês, o asturo-leonês. Para que haja uma maior divulgação destas línguas minoritárias creio que uma das estratégias passa por utilizar os canais digitais, como as redes sociais, produzindo vídeos promocionais e humorísticos nas línguas minoritárias”, sugeriu.
Este ano e para animar a II Fiesta de las Lhénguas, houve danças dos pauliteiros de Miranda, pelo grupo da associação FRAUGA e o concerto musical, do artista asturiano, José Manuel Sabugo Alvarez.
Do lado da organização, o professor António Bárbolo, da FRAUGA, realçou o caráter festivo do evento, que permitiu reunir em Picote, ao longo de três dias, falantes de várias línguas.
“Nestas duas primeiras edições quisemos dar destaque à ligação histórica que existe entre o mirandês e o asturo-leonês. Este ano, contamos com a participação de material em barranquenho e em galego. No próximo ano, pretendemos dar especial atenção à literatura oral”, disse.
Outros destaques da II Festa das Línguas, foram a sessão de conversas com escritores convidados, das regiões linguísticas da Terra de Miranda, León, Astúrias e da Galiza. No serão de sábado, o público teve a oportunidade de usufruir dos concertos do grupo Efrén López & Kelly Thoma e dos mirandeses “Galandum Galundaina”.
A II Festa das Línguas também foi visitada por turistas. O casal belga, Erick e a esposa, ficaram surpreendidos com a atenção que se dá à diversidade linguística na região do planalto mirandês.
“Na Bélgica, dada a nossa centralidade geográfica na Europa, também há diversidade linguística e no nosso dia-a-dia a comunicação faz-se em várias línguas como o francês, o flamengo, o inglês, o alemão e até italiano”, disseram.
A II Fiestas de las Lhénguas, em Picote, culminou no Domingo, dia 22 de setembro, com a celebração da Eucaristia Dominical. A celebração religiosa teve como novidade, a liturgia lida e rezada em quatro línguas: latim, português, mirandês e asturiano.
Na celebração religiosa, presidida por Monsenhor Adelino Paes, referiu-se que a diversidade linguística é uma riqueza cultural.
No final do evento, o presidente de Freguesia de Picote, Jorge Lourenço, agradeceu a recetividade da população local, que participou ativamente no programa da II Fiesta de las Lhénguas.
“Concluímos a segunda edição da Fiesta de las Lhénguas, com a satisfação de ter conseguido diversificar o programa de atividades. Tendo bem presente que as línguas precisam ser faladas no dia-a-dia, vamos continuar a trabalhar e a desenvolver estratégias inclusivas, de modo que a língua mirandesa chegue a todos e seja falada por todos”, disse.
A presidente do município de Miranda do Douro, Helena Barril, elogiou a organização da Festa das Línguas e sublinhou a originalidade deste evento, cuja finalidade é “celebrar a diversidade linguística, juntando ao mirandês, outras línguas como o asturo-leonês”.
“Estamos a trabalhar para que a língua mirandesa continue viva, seja na oralidade do dia-a-dia, mas também na literatura, na música, no ensino nas escolas do concelho e em eventos como esta Fiesta de las Lénguas”, disse.
A “II Fiesta de las Lhénguas” foi organizada pela freguesia de Picote e a FRAUGA – Associação para o Desenvolvimento Integrado de Picote.
O evento contou ainda com os apoios institucionais do município de Miranda do Douro, da Comissão e Coordenação de Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), da Prozinco, das empresas concessionárias da barragem de Picote, a Engie e a Movhera e várias outras instituições e empresas.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) alertou para a ocorrência de chuva persistente a partir de terça-feira, dia 24 de setembro, nas regiões do Norte e do Centro de Portugal continental.
“Prevê-se a ocorrência de períodos de chuva persistente a partir de dia 24 de setembro, nas regiões Norte e Centro e que será por vezes forte nos dias 25 e 26, em especial no litoral a norte do Cabo Mondego e regiões montanhosas”, precisou o IPMA, em comunicado.
Para a região Sul, segundo o IPMA, a precipitação será em geral fraca, embora pouco provável no interior do Baixo Alentejo e sotavento algarvio, podendo ser temporariamente moderada durante a manhã de quinta-feira.
Aquele organismo salientou que os valores acumulados de precipitação no total daqueles três dias poderão atingir entre 100 a 200 milímetros no Minho, Douro Litoral e nas serras dos distritos de Viseu, Aveiro e Coimbra. E entre 50 a 100 milímetros no restante litoral a norte do Cabo Mondego, concentrando-se a maior parte da precipitação entre as manhãs de quarta-feira e quinta-feira.
O IPMA justificou esta precipitação forte e persistente com uma massa de ar tropical, com conteúdo muito elevado em vapor de água, na circulação conjunta de um anticiclone localizado a sul dos Açores e uma região depressionária no Atlântico Norte.
O Instituto deu ainda conta de que o vento irá aumentar de intensidade entre a tarde de quarta-feira e o início da manhã de quinta-feira, em especial das regiões Norte e Centro.
Na sexta-feira, dia 27 de setembro, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) aconselhou a adoção de medidas preventivas nas zonas afetadas pelos incêndios devido à chuva prevista para a próxima semana e que poderá causar deslizamento de terras.
De acordo com a ANEPC, as áreas afetadas pelos incêndios rurais ficam sem coberto vegetal e mais expostas e vulneráveis à precipitação.
Em 12 localidades do país, realizaram-se protestos contra os incêndios, o abandono do território e a monocultura do eucalipto, sob o lema “O país arde, temos de acordar”.
Os cidadãos protestaram nas ruas de Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Castanheira de Pêra, Pedrógão Grande, Odemira, Vila Nova de Poiares, Sertã, Torres Novas, Gouveia, Arganil e Melres (Gondomar) “depois de mais um ano de mortes nas chamas, destruição de casas e infraestruturas em incêndios”, indicaram num comunicado os organizadores da iniciativa.
“A urgência de um sobressalto cidadão para criar uma floresta com futuro une as convocatórias que exigem uma transformação de fundo no território nacional, combatendo ativamente o abandono e a monocultura do eucalipto em Portugal como fatores essenciais dos fogos mortais”.
O grupo de cidadãos que organizou os protestos chamou ainda a atenção para “uma nova realidade climática”, que acelera “um processo de desertificação para o qual os incêndios contribuem decisivamente”, adiantando que já em setembro de 2023 se realizaram manifestações “por uma Floresta do Futuro”.
Ou seja, “uma verdadeira floresta e bosques resilientes, que aguentem o futuro mais quente, que travem o deserto e promovam uma reabilitação do interior do país”.
Desde o dia 15 de setembro, pelo menos sete pessoas morreram e 177 ficaram feridas devido aos incêndios que atingiram sobretudo as regiões Norte e Centro do país e destruíram dezenas de casas.
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) contabilizou cinco mortos, excluindo da contagem dois civis que morreram de doença súbita.
A área ardida já ultrapassou os 135 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus.
No âmbito da estratégia de proteção e promoção da língua mirandesa, o grupo de trabalho anunciou, em Miranda do Douro, que vai ser criada uma Estrutura de Missão até ao final do mês de setembro.
A presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Helena Barril, explicou que esta nova unidade orgânica vai ter sede em Miranda do Douro e vai operar até até 2028. No seu seguimento vai surgir uma fundação dedicada à “Lhéngua Mirandesa”.
“Temos até ao final de setembro para propor aos vários ministérios a criação desta nova instituição”, adiantou a presidente do município.
O relatório indica como objetivos a existência de recursos para a preservação da língua mirandesa, a maior visibilidade e valorização e o aumento do número de falantes e transmissão intergeracional.
Sobre este último ponto, Helena Barril destacou o papel das escolas, onde há 21 anos se ensina o Mirandês. Neste momento, há três professores mas durante muito tempo o ensino esteve a cargo somente de um professor.
“(…)As escolas são o meio privilegiado para formar os novos falantes. (…) Este trabalho de ensino e aprendizagem do mirandês vai ser intensificado. Também estamos conscientes da necessidade de formar novos professores”, indicou Helena Barril.
No Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro (AEMD), a Lhéngua Mirandesa é ensinada desde o pré-escolar até ao secundário. Helena Barril avançou que, apesar de ser uma disciplina opcional, 80% dos alunos escolhe incluí-la no horário.
A presidente do município mirandês destacou ainda que ao longo dos últimos anos muito foi feito pela preservação e promoção da Língua Mirandesa também por associação e instituições de dentro e de fora do concelho e que muito desse trabalho vai ser aproveitado e ter continuidade.
“Muita daquela linha estratégica que nos estava a ser apontada já está no terreno e a acontecer”, afirmou Helena Barril, acrescentando que os esforços que têm vindo a ser feitos surpreenderam os elementos do grupo de trabalho.
Este grupo de trabalho foi efetivado em despacho do Diário da Republicana publicada a 02 de fevereiro, onde foi especificado que ainda este ano seriam definidas e implementas “estratégias de proteção e promoção da Língua Mirandesa como língua viva, promovendo a criação de uma unidade orgânica própria”.
Dele fazem parte o Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais, o Património Cultural, a Direção-Geral da Educação, o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, o Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro, a autarquia de Miranda do Douro e a Associaçon de la Lhéngua i Cultura Mirandesa.
De acordo com os números estimados por Helena Barril, há cerca de 2.500 falantes da Lhéngua em Miranda do Douro, num concelho que, segundo os Censos, ronda os 6.500 habitantes.
Um estudo da Universidade de Vigo, em Espanha, mencionado por Helena Barril, sugere que, se nada em feito, em 30 anos o Mirandês pode perder-se.
“(…)É um estudo científico, pelo qual temos total respeito e é algo de que no nosso dia a dia temos noção. Vivemos aqui e temos consciência da nossa realidade. Mas queremos contrariá-lo”, rematou Helena Barril.
A segunda parte do Evangelho deste domingo situa-nos já em Cafarnaum, “em casa” (esta “casa”, de acordo com a tradição de Marcos, será a casa de Pedro). A cena começa com uma pergunta de Jesus: “Que discutíeis pelo caminho?” (vers. 33). Mais uma vez os discípulos ficaram calados, provavelmente com medo da reação de Jesus. O contexto sugere, no entanto, que Jesus sabe claramente qual tinha sido o tema da discussão. Provavelmente, captou qualquer coisa da conversa e ficou à espera da oportunidade certa – na tranquilidade da “casa” – para esclarecer as coisas e para continuar a instrução dos discípulos.
Só neste ponto Marcos informa os seus leitores de que os discípulos tinham discutido, pelo caminho, “sobre qual deles era o maior” (vers. 34). O problema da hierarquização dos postos e das pessoas era um problema de importância capital na sociedade palestina de então. Nas assembleias, na sinagoga, nos banquetes, a “ordem” de apresentação das pessoas estava rigorosamente definida e, com frequência, geravam-se conflitos graves por causa de pretensas infrações ao protocolo hierárquico. Os discípulos estavam profundamente imbuídos desta lógica. Uma vez que se aproximava o triunfo do Messias e iam ser distribuídos os postos-chave na cadeia de poder do reino messiânico, convinha ter o quadro hierárquico claro. Apesar do que Jesus lhes tinha dito pouco antes acerca do seu caminho de cruz, os discípulos recusavam-se a abandonar os seus próprios sonhos materiais e a sua lógica humana de ambição e de poder.
Jesus senta-se, como faziam os “mestres” de Israel quando se preparavam para propor uma lição aos discípulos. Depois, ataca o problema de frente e com toda a clareza, pois o que está em jogo afeta a essência da sua proposta: “quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos” (vers. 35). Na comunidade de Jesus não há uma cadeia de grandeza, com uns no cimo e outros na base… Na comunidade de Jesus, só é grande aquele que é capaz de servir, de oferecer a vida aos seus irmãos, de amar até ao dom total da própria vida (vers. 35). Dessa forma, Jesus deita por terra qualquer pretensão de poder, de domínio, de grandeza, na comunidade do Reino. O discípulo que raciocinar em termos de poder e de grandeza (isto é, segundo a lógica do mundo) não poderá integrar a comunidade do Reino.
Jesus completa a instrução aos discípulos com um gesto… Toma uma criança, coloca-a no meio do grupo, abraça-a e convida os discípulos a acolherem as “crianças”, pois quem acolhe uma criança acolhe o próprio Jesus e acolhe o Pai (vers. 36-37). Na sociedade palestina de então, as crianças não tinham direitos e não contavam do ponto de vista legal. Eram, portanto, um símbolo bem expressivo dos débeis, dos pequenos, dos pobres, dos indefesos, dos insignificantes, dos marginalizados. São esses, precisamente, que devem estar no centro da comunidade de Jesus; são esses que a comunidade de Jesus deve abraçar, acolher e amar.
Quem se dispuser a pôr a sua vida ao serviço dos mais pequenos, dos mais humildes, dos mais desprezados, daqueles que o mundo desconsidera e põe de lado, esse será o maior, o mais importante. A comunidade de Jesus não é lugar de honras, mas lugar de serviço e de amor. Enquanto não entenderem isto, os discípulos estarão bem longe de entenderem Jesus.
Começa hoje, dia 20 de setembro, a campanha de vacinação sazonal outono-inverno, com quase cinco milhões de vacinas contra a gripe e a covid-19 para administrar nas unidades de saúde do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e em mais de 2.500 farmácias.
As 2519 farmácias vão funcionar em complementaridade com os centros de saúde, administrando as vacinas a utentes entre os 60 e os 84 anos e aos seus profissionais de saúde.
Este ano, a vacinação contra a gripe com dose reforçada é alargada às pessoas com 85 ou mais anos de idade, para além das pessoas residentes em lares de idosos, similares e rede nacional de cuidados continuados integrados (RNCCI).
A diretora-geral da Saúde, Rita Sá Machado, recordou que as pessoas com mais de 84 anos vão ser vacinadas apenas “em regime de centro de saúde”.
Nas normas relativas à campanha, que definem os grupos elegíveis, as vacinas a utilizar, os esquemas vacinais e os procedimentos técnicos associados à vacinação, a Direção-Geral da Saúde (DGS) indicou que a vacinação contra a gripe com dose reforçada “decorrerá nos centros de saúde, permitindo agilizar toda a sua logística”.
A DGS esclareceu que a exclusão da vacinação das farmácias a pessoas com 85 anos ou mais deve-se a “questões de logística” face à disponibilidade de vacinas contra a gripe de dose elevada e número de postos.
“De acordo com o número de doses de vacina de dose elevada disponibilizado, e o número de pontos de vacinação existentes (cerca de 3.000), por questões logísticas optou-se pela concentração da vacinação nas unidades de saúde, permitindo que cada uma destas unidades disponha de um maior número de doses para responder à procura esperada”, explicou à agência Lusa a DGS.
Nas unidades de saúde do SNS, a vacinação é recomendada e gratuita para pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, profissionais e utentes/residentes em lares, similares e RNCCI e pessoas com patologias de risco.
A vacinação nas unidades do SNS também é recomendada a grávidas e profissionais dos serviços de saúde (públicos e privados) e de outros serviços prestadores de cuidados de saúde, estudantes em estágio clínico, bombeiros envolvidos no transporte de doentes, prestadores de cuidados a pessoas dependentes e profissionais de distribuição farmacêutica, pessoas em situação de sem abrigo e estabelecimentos prisionais.
De acordo com a DGS, “foram adquiridos 2,1 milhões de vacinas contra a covid-19 (Portugal continental e Regiões Autónomas) e 2,5 milhões de vacinas contra a gripe para Portugal Continental (2,1 milhões dose padrão e 360 mil vacinas de dose elevada)”.
A DGS anunciou, sem indicar o valor do investimento, que foram “adquiridas vacinas contra a gripe e contra a covid-19 em número suficiente para todos os elegíveis que demonstrem interesse em se vacinar”, nas unidades de saúde do SNS e nas farmácias.
O Governo vai gastar 7,6 milhões de euros com a vacinação contra a covid-19 e a gripe nas farmácias e quer ter mais pessoas vacinadas até ao final de novembro do que em 2023.
As farmácias comunitárias vão receber três euros por cada vacina administrada e poderão receber mais 11 cêntimos para compensar os custos inerentes à gestão de resíduos, desde que seja assegurada uma taxa máxima de inutilização de doses de vacinas (1,5%), correspondente àquela que é igualmente assegurada no contexto das entidades do SNS.