Ambiente: Vimioso debateu o problema da desertificação

No seguimento do Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca, celebrado a 17 de junho, o Centro de Competências na luta contra a desertificação (CCDesert) promoveu um encontro em Vimioso, com os propósitos de despertar e consciencializar as pessoas para o problema da desertificação.

No dia 13 de julho, o auditório do Parque Ibérico de Natureza e Aventura de Vimioso (PINTA) acolheu uma mesa redonda, constituída por diversas personalidades políticas e representantes associativos, para refletir e definir estratégias de luta contra a desertificação do território.

De acordo com o CCDesert, as principais causas da degradação do solo e a consequente perda de fertilidade são a ação humana e as consequentes alterações climáticas.

Urge por isso aprender a cuidar dos solos do território.

Jorge Fidalgo, presidente da Câmara Municipal de Vimioso, reconheceu a dificuldade em lutar contra o despovoamento do concelho e o consequente perigo da desertificação dos solos.

Para agir contra a ameaça da desertificação humana e física, o presidente do município de Vimioso, enumerou vários exemplos que promovem a fixação de pessoas e o desenvolvimento de projetos no concelho vimiosense.

São disso exemplos: a cooperativa agropecuária Mirandesa, a associação para o estudo e proteção do gado asinino (AEPGA), a associação de produtores de azeite santulhana, a associação de criadores de ovinos de raça churra galega mirandesa, as Termas de Vimioso, o Parque Ibérico de Natureza e Aventura de Vimioso (PINTA), entre outros projetos e pessoas que vivem no concelho e que ao trabalharem os recursos existentes no concelho, estão simultaneamente a cuidar deste território e a evitar a desertificação.

A Cooperativa Agropecuária Mirandesa, administrada pelo engenheiro Nuno Paulo, é considerado um ótimo exemplo do aproveitamento e valorização dos recursos locais, como é caso da carne da raça bovina mirandesa. A associação de produtores desta raça autóctone, conseguiu recuperar esta raça de bovinos em extinção e transformar a carne mirandesa num produto de excelente qualidade. O êxito, dizem, deve-se ao investimento no conhecimento e na inovação.

Outro exemplo bem-sucedido é o de Miguel Nóvoa, da Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino (AEPGA). Este jovem empreendedor lançou mãos à obra, recuperou da extinção, o burro de Miranda e tornou-o num dos principais atrativos etnográficos, culturais e turísticos da região. Também neste empreendiemnto, assegura, o sucesso deve-se ao conhecimento e à inovação. Miguel Nóvoa acrescentou que é importante “trabalhar e definir uma estratégia em conjunto”.

Também Jorge Gonçalves, olivicultor de Santulhão, reconheceu a importância do trabalho em grupo, adiantando que “um produtor sozinho pouco consegue. Mas em grupo, sim”. De acordo com este olivicultor, o azeite produzido pela azeitona santulhana é de excelente qualidade. O desafio passa agora pela promoção e a divulgação. Se o conseguirem fazer, assegura que estarão a contribuir para que haja mais jovens a dedicarem-se à olivicultura, para fixar a população e agir contra a desertificação dos solos.

Nas últimas décadas, Portugal registou uma significativa alteração no uso dos solos, devido ao aumento da urbanização, à alteração dos sistemas agrícolas e das culturas. Por outro lado, verificou-se o despovoamento e abandono do mundo rural, o que provocou a erosão dos solos.

Por isso, se diz que a degradação dos solos e a desertificação são fenómenos sociais, principalmente porque o manuseamento ou cuidado da terra contribui para fertilidade dos solos.

HA

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