Algoso: Antigos pauliteiros voltaram a dançar 40 anos depois

Nos dias 14 e 16 de agosto, nas festividades de Algoso, os antigos pauliteiros desta aldeia pertencente ao concelho de Vimioso, voltaram a dançar os paus passados quarenta anos e dado o sucesso do espetáculo pretendem agora reavivar e transmitir esta antiga tradição aos mais novos.

A presidente da União de Freguesias de Algoso, Campo de Víboras e Uva, Cristina Miguel, felicitou os antigos pauliteiros pela participação e animação das festas da localidade e indicou que a autarquia pretende colaborar na reativação da Associação Cultural e Recreativa de Algoso.

“Através da reativação desta antiga associação pretendemos apoiar na formação de novos grupos de Pauliteiros de Algoso. Nos dias 14 e 16 de agosto, todos os que assistiram ao espetáculo dos antigos pauliteiros ficaram impressionados como passados 40 anos, estes homens ainda sabem dançar os paus”, disse a autarca de Algoso.

Um dos dançadores, Domingos Granado, a residir permanentemente em Algoso, explicou que a ideia de reiniciar o grupo de pauliteiros já estava a ser pensado há algum tempo, na sequência da existência de tocadores de gaita-de-foles na aldeia.

“O grupo de Pauliteiros de Algoso ficou inativo na década de 1980, após o falecimento do saudoso Tio Manecas que nos ensinou as danças dos paus, nos intervalos da teleescola. Passados 40 anos, a comissão de festas em honra de Nossa Senhora do Castelo desafiou os antigos pauliteiros de Algoso a dançar alguns ‘lhaços’ após o jantar convívio do dia 14 de agosto”, contou.

Para o espetáculo, oito antigos pauliteiros de Algoso ensaiaram três dias antes da festa e presentearam a população e os muitos emigrantes com danças como “Chiquitos”, “Padre António” e as “As pombas”.

“Apesar da forma física e a agilidade já não ser a da nossa juventude, quem aprendeu a dançar os paus não esquece. As danças dos pauliteiros tem uma série de regras simples que fáceis de executar”, disse.

Dado o sucesso dos espetáculos nos dias 14 e 16 de agosto, os antigos pauliteiros de Algoso pretendem agora dar continuidade a esta antiga tradição, aproveitando a existência de um gaiteiro na aldeia.

“Doravante vamos tentar formar um grupo de pauliteiros em Algoso, sejam homens, mulheres e também os mais jovens. Simultaneamente e porque em Algoso há muitos emigrantes, sobretudo em Pamplona (Espanha), também aí vão tentar formar outro grupo de Pauliteiros numa associação local. O objetivo é preservar esta bonita tradição de Algoso e dançarmos os paus em conjunto, nas festas de Algoso”, indicou.

Javier Claro Pinto, jovem emigrante portugês em Pamplona e tocador de gaita-de-foles indicou que desde 1989 já não se dançavam os paus pelos habitantes de Algoso.

“Estamos muito entusiasmados em recuperar esta manifestação cultural que faz parte da história de Algoso. Antigamente, os Pauliteiros de Algoso não dançavam ao som da gaita-de-foles, mas após três ensaios aprenderam rápido e o resultado final foi espetacular, o que nos motiva muito a continuar”, disse.

O jovem emigrante informou que em Pamplona (Espanha) existe uma associação cultural de emigrantes portugueses, oriundos de localidades como Algoso, Miranda do Douro, Palaçoulo, Malhadas, etc., através da qual se pretende agora aproveitar a experiência e o saber dos mais velhos, para formar novos grupos de pauliteiros.

“Em Algoso, durante os três ensaios das danças dos paus estivemos rodeados de crianças e jovens, filhos de emigrantes. Para mim foi inspirador ver a curiosidade, o interesse e o entusiasmo dos mais novos por estas danças”, disse.

Atualmente, as danças dos Pauliteiros de Miranda são uma das principais atracções do planalto mirandês. Para além de dinamizar o turismo local, os pauliteiros promovem a região pelo mundo, ao dinamizar atividades, eventos e festividades.

Os pauliteiros de Algoso, através da recolha de Michel Giacometti.

HA

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