Palaçoulo: Bispos reuniram-se para avaliar e programar a formação dos seminaristas
Esta quinta-feira, dia 3 de julho, a hospedaria, do Mosteiro de Santa Maria Mãe da Igreja, em Palaçoulo, foi o local de encontro dos bispos das dioceses de Bragança-Miranda, Lamego, Guarda e Viseu, que se reuniram para avaliar a formação dos seminaristas e programar o próximo ano letivo.

O anfitrião do encontro, o bispo de Bragança-Miranda – Dom Nuno Almeida, explicou que atualmente há um Seminário Maior Interdiocesano, que reúne os seminaristas das quatro dioceses de Bragança-Miranda, Guarda, Viseu e Lamego.
“As quatro dioceses envolvidas na criação deste primeiro seminário interdiocesano partilham a responsabilidade na formação dos seus seminaristas”, indicou Nuno Almeida.
O bispo diocesano acrescentou ainda que este novo seminário interdiocesano oferece motivos de esperança para a dinamização da pastoral vocacional, porque os seminaristas que frequentam este lugar trazem às suas dioceses novas vivências.
“Há desafios muito concretos que hoje se colocam à pastoral vocacional, no seio da igreja, como é o mundo digital, que se atualmente se colocam às famílias e as próprias dioceses”, vincou o prelado.
Desde 2013, o seminário interdiocesano está localizado em Braga, porque aí existe um polo da Universidade Católica Portuguesa, onde os seminaristas das várias dioceses estudam Teologia e Filosofia. A equipa formadora do seminário interdiocesano de Braga é constituída por padres provenientes das quatro dioceses de Bragança-Miranda, Guarda, Viseu e Lamego
O reitor do Seminário Interdiocesano, em Braga, padre António Jorge, oriundo da diocese de Viseu informou que no final de cada ano letivo é feita uma avaliação, com a equipa formadora e os bispos das quatro dioceses.
“Anualmente, fazemos uma avaliação da vida nos seminários com os senhores bispos. E programamos também o novo ano letivo. Em cada ano, há um bispo moderador do encontro e este ano a responsabilidade coube ao bispo de Bragança-Miranda, Dom Nuno Almeida, razão pela qual o encontro se realizou no Mosteiro de Santa Maria Mãe da Igreja, em Palaçoulo”, disse.
No ano letivo 2024/2025, o Seminário Interdiocesano de Braga formou 15 seminaristas. Confrontado com a diminuição de vocações sacerdotais, o reitor, padre António Jorge, confirmou que há menos quantidade de seminaristas, mas por outro lado, indicou que há muitas vocações noutras congregações religiosas e movimentos juvenis da Igreja Católica.
“Dou o exemplo da comunidade das Monjas Trapistas, em Palaçoulo, que logo nos primeiros anos no Mosteiro de Santa Maria Mãe da Igreja, receberam a vinda de jovens portuguesas. Isto demonstra que não há crise da escuta e da busca de Deus. Os jovens e todo o coração humana tem sede e anda à procura do sentido pleno da vida que se encontra em Deus”, disse.
Sobre as condições exigidas para entrar no Seminário Interdiocesano de Braga, o reitor indicou que os jovens têm que ter o 12º ano concluído e realizar o exame nacional de Português ou de História, para assim ingressar no curso superior de Teologia.
“Normalmente, a entrada no seminário é o culminar de um discernimento e acompanhamento vocacional feito no seio de cada diocese. O primeiro ano no seminário interdiocesano é designado de propedêutico, dedicado à formação humana, cristã, com muitas ações de voluntariado e ação social e alguma formação intelectual. Este ano propedêutico é uma experiência para averiguar se há vocação para o sacerdócio ou não”, indicou.

A confirmar-se a vocação, seguem-se dois anos de discipulado para um aprofundamento da vocação. Na prática, desde o propedêutico até ao conclusão dos estudos em Teologia, os futuros sacerdotes têm sete anos de formação inteletual, humana e social.
Outra razão apontada para a escassez de vocações sacerdotais é a atual situação das famílias, que têm cada vez menos filhos.
“Noutras épocas, os seminários estavam cheios de jovens porque havia famílias numerosas. No entanto, muitos destes jovens que estudaram nos seminários acabaram por seguir outras vocações e apenas uns poucos foram ordenados padres. Portanto, a realidade não é muito diferente da de hoje”, disse.

Na perspectiva do reitor do Seminário Interdiocesano de Braga, padre António Jorge, a atual realidade pede um novo modo de ser igreja, em que o sacerdote é essencial, mas não é omnipresente nem omnipotente.
“O sacerdote é necessário para assistir, acompanhar e presidir. Mas também são necessários os leigos, a comunidade e a comunhão entre todos, para transformar a realidade e tornar a sociedade mais humana e fraterna”, indicou.
Outra novidade anunciada em Palaçoulo, no decorrer do encontro dos bispos diocesanos foi o decreto emitido pela Santa Sé, em Roma, sobre o estatuto do Seminário Interdiocesano de São José, em Bragança.
“A Santa Sé confirmou o estatuto de formação do Seminário de São José, em Bragança. A aprovação dos estatutos é fruto de um longo percurso feito por esta equipa formadora, pelos alunos e colaboradores, com o auxílio dos senhores bispos e o imprescindível apoio da Arquidiocese de Braga, à qual muito se agradece”, indica a diocese de Bragança-Miranda.
HA e Lusa | Fotos: SCSDBM