Palaçoulo: Produtores pecuários alertados para a doença da língua azul
Na tarde de 22 de janeiro, os produtores pecuários dos concelhos de Miranda do Douro e de Vimioso, participaram numa sessão de esclarecimento sobre a doença da Língua Azul, uma enfermidade provocada pela picada de um mosquito (género Culicoides) que provoca dificuldade respiratória, lesões na língua e outros sintomas entre os quais a morte dos animais.
A sessão de informação decorreu nas instalações da Cooperativa Agrícola de Palaçoulo e foi ministrada pelos técnicos da Organização de Produtores para a Sanidade Animal (OPSA).
“A língua azul (orbivírus) é uma doença viral, infeciosa, não contagiosa e não transmissível aos humanos. Esta doença já existe há 20 anos, mas recentemente surgiram outras variantes do vírus, mais infeciosas”, começou por dizer a OPSA.
Esta organização informou os criadores do planalto mirandês que a doença da língua azul é transmitida por mosquitos (género Culicoides), à semelhança do que acontece com a doença hemorrágica epizoótica.
“As espécies de animais mais afetados pelas picadas dos mosquitos são os ruminantes como os ovinos, os bovinos e alguns cervídeos”, indicaram.
Relativamente aos sintomas da doença, os técnicos da OPSA informaram que entre a picada dos insetos e o aparecimento dos sintomas, há um período de incubação do vírus de 5 a 20 dias.
“Os sintomas da doença da língua azul são a hipetermia, dificuldade respiratória, lesões na língua, salivação excessiva, corrimento nasal e crostas ao redor das narinas e lábios, manqueiras, abortos e a mortalidade”, alertou a OPSA.
No caso de surgimento da doença na região, os médicos veterinários indicaram que para controlar o vírus, as medidas a implementar são a delimitação da área geográfica (150 quilómetros), restrições à movimentação animal, plano de vigilância clínica e programa de vacinação.
Sobre o modo de prevenir o aparecimento da doença da língua azul, a organização sanitária recomendou o controlo dos mosquitos através da aplicação de repelentes nos animais, nos estábulos e com a drenagem frequente das águas paradas (bebedouros e charcas).
“Outro modo de proteger os animais é a vacinação preventiva. A vacina é fornecida pela Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) às organizações de produtores pecuários. A administração da vacina é feita pelos médicos veterinários. A vacina é obrigatória para os ovinos e facultativa para os bovinos”, informaram.
Em 2024 e face ao surto da doença que afetou as explorações pecuárias na região do Alentejo, o Ministério da Agricultura disponibilizou um milhão de euros para as organizações pecuárias vacinarem os seus animais.
“Atualmente, estima-se que o custo da vacina é de 2,20 euros para os ovinos e 4 eutros para os bovinos”, indicou a OPSA.
Segundo o Ministério da Agricultura e Pescas, entre 13 de setembro e 28 de outubro de 2024, foram contabilizadas em Portugal continental 41 explorações de bovinos infetadas pelo vírus (com 102 animais afectados e sem mortalidade) e 238 explorações de ovinos afectadas (com 11.934 animais afectados e 1775 animais mortos).
Os distritos com mais explorações de ovinos infetadas, com a doença da língua azul, foram Évora, Beja, Setúbal e Portalegre.
HA