Palaçoulo: Palestras “As raízes judaicas do jubileu”
No âmbito do ano jubilar 2025, realizaram-se na sala de encontro, do Mosteiro Trapista de Santa Maria Mãe da Igreja, no dia 28 de dezembro, duas palestras dedicadas ao tema “As raízes judaicas do jubileu”, com a finalidade de entender a razão de ser deste preceito da Igreja Católica.
O mosteiro trapista de Palaçoulo anunciou que as palestras tiveram como finalidade compreender o modo como o jubileu católico, nascido de raízes judaicas, floresceu na tradição cristã, carregando consigo uma mensagem intemporal de esperança, renovação e misericórdia divina.
Giusy Maffini, a madre superiora das Monjas Trapistas, explicou que no Mosteiro de Santa Maria Mãe da Igreja, em Palaçoulo, não há a Porta Santa. Mas há condições e um ambiente de silêncio e oração propícios à comunhão com Deus e à obtenção da indulgência jubilar.
“No próximo dia 2 de fevereiro, aquando do Dia do Consagrado (a), nós próprias, as monjas trapistas, vamos preparar-nos para pedir a indulgência jubilar”, disse.
No Ano Santo de 2025, a obtenção do perdão ou indulgência jubilar implica a prática das “obras de caridade e de misericórdia”. Ao longo do ano jubilar, os católicos são convidados a “praticar obras de caridade ou misericórdia, principalmente ao serviço de quem vive oprimido e necessitado”.
Sobre a história dos jubileus, Teresa Alves, doutorada em biologia molecular e estudiosa da Sagrada Escritura, explicou na sala de encontro do mosteiro trapista de Palaçoulo, que o jubileu tem raizes judaicas.
“O jubileu tem a sua raiz mais antiga no livro do Levítico. Trata-se de um preceito que Deus pede ao povo judeu para praticar, o que nem sempre foi feito. No Antigo Israel, no ano jubilar libertavam-se os escravos, redistribuíam-se as propriedades e dava-se descanso à terra. Com este preceito, Deus queria libertar o povo judeu da idolatria da posse e fomentar a partilha, a fraternidade e a confiança na misericórdia divina”, explicou.
Nas sessões, em Palaçoulo, Teresa Alves revelou que com o nascimento de Jesus, Ele mesmo é o Jubileu.
“No Livro do Profeta Isaías (61:1) está escrito: «O espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu; enviou-me para levar a boa-nova aos que sofrem; para curar os desesperados; para proclamar a libertação aos exilados e a liberdade aos prisioneiros; para proclamar um ano da graça do Senhor.». E no Evangelho segundo São Lucas, Jesus lê esta mesma passagem da Escritura e afirma: O Espírito do Senhor está sobre mim…”, disse.
Sobre o significado da Porta Santa, Teresa Alves, explicou que representa a passagem do pecado à redenção, da incredulidade à fé e da morte à vida.
“A Porta Santa é um símbolo, normalmente é a porta de uma catedral, e quem a atravessa deve fazê-lo com um desejo de conversão e de renovação espiritual. A Porta Santa recorda-nos que a salvação, isto é, a felicidade chega-nos por Jesus Cristo, já que Ele mesmo afirmou ser a porta. A Porta Santa tem também uma dimensão mariana, pois a Virgem Maria é a Porta pela qual o Salvador se fez homem”, disse.
Por sua vez, o capelão do mosteiro trapista de Palaçoulo, o padre António Pires, explicou que o jubileu acontece de 25 em 25 anos e por isso é uma oportunidade para os fiéis darem mais atenção a Deus.
“É um ano de graça, de perdão, de reconciliação e de libertação. Para cada um de nós, este ano jubilar deve ser encarado como uma oportunidade de descoberta de Deus. E é também uma oportunidade para que cada pessoa, cada família, cada paróquia e diocese cresça na fé, na caridade e em particular na virtude da Esperança”, disse.
O ano jubilar iniciou-se no dia 29 de dezembro em todas as dioceses, com a abertura da Porta Santa e a celebração solene da Missa. Na concatedral de Miranda do Douro, o bispo de Bragança-Miranda, Dom Nuno Almeida, disse que o Jubileu é “um grande dom”, que propicia o reencontro com Deus e uns com os outros.
O ano jubilar dedicado ao tema ‘Spes non confundit’ (A esperança não desilude) decorre até 6 de janeiro de 2026, solenidade da Epifania do Senhor.
HA