XXXI Domingo do Tempo Comum / 1.º Dia da Semana dos Seminários
Cuidar dos outros é amar a Deus
Deut 6, 2-6 / Slm 17 (18), 2-4.47. 50-51ab / Hebr 7, 23-28 / Mc 12, 28b-34
Um escriba aproxima-se de Jesus e faz-lhe uma simples pergunta: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?».
Precisamos de um coração discernente que saiba habitar bem a tensão entre estes dois amores, esta íntima e mútua implicação: o amor mais alto, o amor a Deus, leva-nos até ao amor mais amplo, o amor dos irmãos; este, por sua vez, não será fecundo se ficar fechado sobre si mesmo, sem raízes no Criador nem desejo de Céu, e deve conduzir-nos até ao amor a Deus.
Iremos esquecer-nos várias vezes de como estes dois amores são caminhos distintos do mesmo amor. Santo Inácio de Loiola tenta apresentar-nos esta sabedoria através de um texto intitulado «Princípio e Fundamento», em cujas primeiras linhas se lê: «o homem é criado para louvar, reverenciar e servir a Deus, Nosso Senhor, e mediante isto salvar a sua alma». Numa atualização pobre, podemos dizer que Santo Inácio afirma que somos criados para alegrar, reconhecer e responder generosamente ao amor, e assim alcançar a verdadeira vida, encarnando desta forma o amor a Deus e aos irmãos como dois momentos de um só movimento.
Devemos recordar isto todos os dias e a melhor forma de o fazer é viver a agradecer. Agradecer é reconhecer o dom, é cair na conta do quanto recebemos de graça. Esta consciência leva-nos a querer ser dom, multiplicando esta força benéfica no mundo.
E reconhecer os lugares de amor das nossas vidas, partilhando com outros histórias do que vivemos nesses sítios; e responder com generosidade aos pedidos de Deus, amando. Desta forma, o agradecimento colocará o nosso amor em ação, aproximando-nos – e aos nossos irmãos – de Deus.