Palaçoulo: Tanoaria J.M.Gonçalves celebra 100 anos

Neste ano de 2024, a Tanoaria J.M.Gonçalves, localizada em Palaçoulo, está a celebrar o centenário, evocando o início da atividade do seu precursor Abílio dos Reis Gonçalves, que em 1924, na profissão de carpinteiro e tanoeiro, começou a fabricar barricas para os agricultores transmontanos armazenarem o vinho.

O centenário da empresa visa homenagear o avô dos Gonçalves, de Palaçoulo, nascido a 19 de dezembro de 1904, que no século XX, como carpinteiro e tanoeiro fabricava mobiliário (mesas, cadeiras, armários, camas), alfaias agrícolas, carros de bois e também as pipas ou barricas para armazenar o vinho.

“Naqueles anos, o meu avô já tinha o conhecimento de que a qualidade da secagem da madeira era fundamental para o fabrico e qualidade das barricas. Nesta arte utilizava uma técnica inovadora que consistia em colocar a madeira na água corrente da ribeira, com o objetivo de acelerar a secagem e paralelamente suavizar a madeira, para não marcar tanto os vinhos”, explicou José Abílio Gonçalves, sócio-gerente da tanoaria.

Naquela época, os clientes de Abílio dos Reis Gonçalves eram os agricultores da região de Trás-os-Montes e também da vizinha Espanha.

A dedicação plena à tanoaria deu-se com a aquisição de conhecimentos e técnicas profissionais, junto de tanoeiros da zona Vila Nova de Gaia, que produziam pipas para o Vinho do Porto.

Nos finais da década de 1940, transmitiu ao filho, José Maria Gonçalves, a arte da tanoaria que aperfeiçoou depois ao longo de 20 anos. Em meados dos anos 60, José Maria Gonçalves emigrou para França, onde trabalhou nas mais conceituadas tanoarias francesas.




Com a revolução de abril de 1974, José Maria Gonçalves, juntamente com a família, regressaram a Portugal. E em Palaçoulo, começou o seu próprio negócio com o objetivo de fundar uma tanoaria de alta qualidade. Inicialmente, começou a trabalhar numa pequena oficina instalada na sua garagem, onde trabalhou afincadamente, com a ajuda dos seis filhos.

Ao longo dos anos e em virtude da dedicação ao trabalho, a tanoaria foi crescendo e transformou-se numa empresa moderna e inovadora. Hoje exporta os seus produtos (barricas, tonéis e alternativos) para todo o mundo, destacando-se em países como Espanha, França, Alemanha, Estados Unidos da América, países da América do Sul e outros do continente asiático.

Um dos mais recentes investimentos da tanoria J.M.Gonçalves, Lda. é a autossutentabilidade na produção de energia elétrica, através da instalação de painéis fotovoltaicos de autoconsumo.

“A partir de março deste ano, a tanoaria produziu 195 mil kilowatts de energia, o que lhe permite ser doravante autossustentável energeticamente”, explicou Sérgio Gonçalves, sócio-gerente da Tanoaria J. M. Gonçalves.




Outra novidade é a barrica “Aqua Pure”, um novo produto fabricado com tecnologias de última geração, utilizando vapor de agua com essências de rochas, a temperaturas e tempos controlados.

“A mais valia desta nova barrica é o modo de fabrico totalmente ecológico, sem emissão de dióxido de carbono, graças ao aquecimento da barrica com recurso ao vapor de água e uma tosta sem combustão ou fogo tradicional”, explicou.

De acordo com os gerentes da tanoaria J.M.Gonçalves, Lda., a empresa de Palaçoulo trabalha apenas com madeiras nobres, devidamente certificadas e com um processo de secagem, 100% natural, que se prolonga por mais de 24 meses.

“Atualmente, somos a tanoaria mais certificada no mundo e fabricamos barricas com diferentes perfis, respeitando a casta, o vinho e os objetivos de cada enólogo”, asseguram.

HA

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