XXVIII Domingo do Tempo Comum
Entregar-se por inteiro
Sab 7, 7-11 / Slm 89 (90), 12-17 / Hebr 4, 12-13 / Mc 10, 17-30 ou 10, 17-27
Um homem corre para Jesus, ajoelha-se e pergunta: «Bom Mestre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna?». Jesus cita os mandamentos e o homem fica feliz, pois cumpre-os na perfeição. Então Jesus, olhando-o com simpatia, aponta-lhe o caminho do Evangelho: «Falta-te uma coisa: vai vender o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-Me». E isto faz com o que o homem caia numa grande tristeza: «Ouvindo estas palavras, anuviou-se-lhe o semblante e retirou-se pesaroso, porque era muito rico».
O contentamento com as boas ações, quando não acompanhado da liberdade para a vontade de Deus, é mera ilusão. É isso que nos mostra esta passagem: aquele que se aproxima de Jesus supostamente disponível para tudo é incapaz de entregar-se por inteiro.
Quem vive cheio de si mesmo, contente com o que faz, como este homem, não alcança o reino dos Céus. Vive enganado o cristão, casado ou consagrado, que pensa que já se deu por inteiro ao Senhor por assumir um estado de vida, quando o vive em serviços mínimos. Tal como há uma doação completa do Filho na sua Paixão, também o caminho da nossa plenitude passará por esta disponibilidade total para a vontade do Pai.
Tal como nós, também os discípulos se surpreendem com a exigência deste caminho e perguntam: «Quem pode então salvar-se?». Jesus, olhando-os nos olhos, diz-lhes: «Aos homens é impossível, mas não a Deus, porque a Deus tudo é possível». Podemos ouvir um eco desta afirmação em São Paulo, quando escreve em Filipenses: «Tudo posso n’Aquele que me conforta». É pelo acolhimento da graça que podemos trilhar o caminho da salvação.