Domingo XXVII do Tempo Comum

O amor é um exercício da vontade

Gen 2, 18-24 / Slm 127 (128), 1-6 / Hebr 2, 9-11 / Mc 10, 2-16 ou 10, 2-12

No centro da nossa fé está uma afirmação simples: Deus é amor. É o amor o que nos faz verdadeiramente humanos. Bem mais que um sentimento, o amor é um exercício da vontade. Se o amor fosse somente um sentimento, como poderia Deus pedir que amássemos os nossos inimigos? Se fosse somente um sentimento, como poderíamos esperar que o amor durasse a vida toda? Deus é amor e é na sua graça, acolhendo e aderindo ao amor, que duas pessoas podem ousar unir-se, para sempre, no sacramento do matrimónio.

A santidade do matrimónio é dos elementos mais contracorrente da nossa fé. Num momento em que tudo é momentâneo e frágil, apregoar um amor para sempre é considerado irrealista e ingénuo. Mas que seria de nós, seres humanos, se nos contentássemos com o possível? Nunca teríamos saído das cavernas e a violência seria ainda a moeda de troca entre tribos.

Tendemos a esconder-nos atrás de um pretenso «realismo» para afirmar uma fantasia: um amor para sempre não é possível porque está para além das nossas forças. Mas é por estar além das nossas forças que é possível, porque há um Deus que é fiel e não nos abandona. Infelizes seremos quando não ousarmos arriscar a fidelidade em Deus.

Que duas pessoas se encontrem e assumam um projeto de vida para sempre é um pequeno milagre, não o negamos, por muito comum que ainda seja. Que isto só seja possível por graça de Deus é por demais evidente. Partilho um segredo convosco: é para esta comunhão que fomos criados.

Sonhamos com vidas sem solavancos. Mas, salvo raríssimas exceções, as contrariedades virão, pela mão de uma crise económica, de uma doença, de uma traição. E que faremos então? Abandonaremos aquele com que nos comprometemos porque é mais fácil, porque é possível ou porque o nosso orgulho foi ferido? Deixaremos nós um corpo doente à beira da estrada?

Há vidas muito difíceis e histórias incrivelmente complicadas, tal como há situações em que a rutura é inevitável, estamos conscientes disso. Mas, como nos pede Jesus no Evangelho de hoje, não sejamos levianos. Se nos encontramos num matrimónio, lutemos e inspiremos o outro a perseverar no amor e na fidelidade, como Deus o fez ao longo de toda a sua história com a Humanidade.

O amor é das coisas mais belas que existe. Precisamos de testemunhas de um amor que persiste, que não abandona, que não foge. Que fica, contra todas as expetativas. Que luta diante da iminente derrota. Precisamos de testemunhas do amor divino à nossa volta, que esbocem um outro mundo, que vá além do «normal», que nos revela a real face da Criação: a santidade.

Fonte: Rede mundial de Oração do Papa

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