Cultura: Língua Mirandesa com novos instrumentos de divulgação
A Associação de Língua e Cultura Mirandesa (ALCM), em parceria como o município de Miranda do Douro, vão apresentar esta terça-feira, dia 17 de setembro, um conjunto de iniciativas para assinalar o 26.º aniversário do reconhecimento dos direitos linguísticos do mirandês em Portugal.
Entre as novidades está a apresentação do audiolivro de “Mensagem”, de Fernando Pessoa (1888-1935), traduzido para mirandês por Amadeu Ferreira (1950-2015) e que vai ficar disponível na plataforma digital da Imprensa Nacional da Casa da Moeda (INCM).
A assinatura do protocolo de colaboração entre o Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e a ALCM é outro destaque, com o objetivo de desenvolver trabalhos que possam ajudar no ensino do mirandês e na investigação desta língua minoritária.
Em declarações, o presidente da ALCM, Alfredo Cameirão, defendeu a continuidade do grupo de trabalho para a promoção da língua mirandesa, criado em 2 de fevereiro através de um despacho do Governo.
“Até agora já foram feitas quatro reuniões de trabalho deste grupo, onde também esta representada a ALCM”, disse Alfredo Cameirão.
Já foi publicado em Diário da República um despacho que determina a prorrogação da ação deste grupo de trabalho até ao final de setembro.
Alfredo Cameirão entende que este prolongamento se deve à mudança de Governo: “À mercê da mudança de Governo [houve] alguns atrasos nestes trabalhos e acertámos que este grupo estará em pleno antes do final do ano”.
O presidente da ACLM adiantou que, em 19 e 20 de setembro, as entidades intervenientes terão uma reunião em Miranda do Douro para a conclusão dos relatórios finais acerca desta matéria.
Para além da necessidade da criação de uma unidade orgânica de defesa dos direitos linguísticos do mirandês, a ALCM reitera a necessidade da retificação por parte do Governo português da Carta Europeia das Línguas Regionais e Minoritárias e o reforço da presença da língua e cultura mirandesa nas escolas e, ao mesmo tempo, reforçar a dignidade dos professores nesta matéria.
Contudo, e devido às fortes mudanças sociais e demográficas ocorridas na Terra de Miranda (desertificação demográfica com perda de cerca de 50% da população nos últimos 70 anos, massificação dos meios audiovisuais com a consequente difusão do português), ocorreu um gradual abandono da transmissão oral dos pais para os filhos.
“Por isso, a língua mirandesa está seriamente ameaçada, tal como as restantes línguas minoritárias por esse mundo fora”, observou Alfredo Cameirão.
O último estudo feito pela Universidade de Vigo, com o apoio e colaboração da ALCM, concluiu que haverá cerca de 3.000 falantes de mirandês na Terra de Miranda e, se nada for feito, a língua caminhará para o seu declínio.
Fonte: Lusa