Desporto: «Quem vai aos Jogos Olímpicos nunca perde» – Tomaz Morais
Tomaz Morais, antigo selecionador nacional de rugby, afirmou que os atletas que participam nos Jogos Olímpicos, “nunca perdem” mesmo que “não ganhem nenhuma medalha” e sublinhou que o desporto é acima de tudo uma escola de valores como a disciplina, o compromisso e o respeito.
“Eu vejo críticas completamente injustas aos atletas dos Jogos Olímpicos (JO). Um atleta nos JO nunca perde; podem dizer que não ganha, mas nunca perde. As pessoas não sabem o que é o sacrifício de ser atleta: o treino, o descansar, o ser o melhor para defender o país, sofrer uma pressão mental enorme para ser o melhor e para atingir a excelência. O país ainda não o compreende”, laenta Tomaz Morais.
Os Jogos Olímpicos 2024 decorrem em Paris, até ao dia 11 de agosto e o antigo selecionador olha para este evento desportivo como uma grande celebração onde “todos são iguais”.
“Pierre de Coubertin (fundador dos Jogos Olímpicos da era moderna), fez uma coisa brilhante porque talvez é o momento mais eclético, mais diferenciado, em que junta mais povos de diferentes origens e situações. Ali não há raças, ali somos todos iguais”, apresenta.
Ligado ao desporto desde cedo na sua vida, e atualmente diretor do Futebol Formação do Sporting, Tomaz Morais refere que os JO são ocasião de “respeito pelo adversário” e amizade.
“Olhemos para os JO e saibamos interpretá-los: encontramos provas incríveis, atletas a baterem recordes olímpicos e mundiais, a beleza do espetáculo das provas, as modalidades individuais, as que sendo individuais o seu resultado é coletivo, quem vai ganhar a medalha é Portugal – é o atleta com certeza, mas o atleta não é superior ao país, ele está lá a defender Portugal. Os JO valorizam quem ganha e ajudam a ser melhor quem perde e devem servir também para conhecermos modalidades menos visiveis e que estas ganhem mais praticantes”, convida.
Tomaz Morais lamenta a falta de cultura desportiva em Portugal, indica que esta deveria começar na escola, fala em “benefícios económicos muito pequenos, sociais ainda mínimos” e que apesar de algumas mudanças ainda se ouve ‘«vais para desporto porque não queres estudar»’.
“Vão-se dando os primeiros passos da carreira, agora com escolas de alto rendimento que ajudam, com as universidades devagarinho. O desporto é uma indústria, sem dúvida nenhuma, o exercício físico é uma indústria enorme, com rentabilidades enormes, mas não podemos ver nunca o desporto só como resultado para dele ganhar”, adverte.
Em entrevista ao programa ECCLESIA, o antigo selecionador recorda a importância que o desporto teve na sua vida – “cresci com uma bola debaixo do braço” – e com o pai que nunca o impediu de fazer desporto.
“O desporto é acima de tudo uma escola de valores, de disciplina, de princípios, de compromisso, de respeito e tolerância”, indica quem praticou futebol e rugby, modalidades em que diz não ter nascido com um “talento natural” e ter sido preciso “trabalho e muito esforço”.
Para Tomaz Morais, antes de se pensar em construir equipas, é necessário ajudar a “formar pessoas”.
“Eu acho que o grande investimento que devemos fazer é primeiro lugar é construir a pessoa. Ajudá-las a desenvolveram a sua essência natural e a descobrir um sentido para a vida. Aí, é importante incentivá-las à construção de relações com os outros, à partilha, ao trabalho em equipa e não tanto do seu espelho, do seu ego.”, explica.
Desde cedo, o atual dirigente começou a ajudar os pais a trabalhar e recorda que era pago em bolas e que estas serviam sempre para brincar mais na rua, chegando a organizar os Jogos Olímpicos na rua, a par dos que acompanhava na televisão no final dos anos 70.
A conversa com Tomaz Morais pode ser acompanhada esta noite na Antena 1, pouco depois da meia note, ficando disponível no portal de informação da Agência ECCLESIA e no podcast «Alarga a tua tenda».
Fonte: Ecclesia