Miranda do Douro: Festa dos Cravos reabriu a igreja da Misericórdia

Após 12 meses encerrada para obras de requalificação, a igreja da Misericórdia, na cidade de Miranda do Douro, voltou a acolher no Domingo, dia 21 de julho, a celebração da Eucaristia, por ocasião da Festa dos Cravos ou Festa de Santa Isabel.

De acordo com António Grande, associado da Santa Casa da Misericórdia de Miranda do Douro (SCMMD), a festa anual desta coletividade celebra-se aquando da Festa da Visitação de Nossa Senhora.

“Antigamente, nesta festa ornamentava-se a Santa Casa da Misericórdia e o chão da igreja era coberto de flores, num ambiente que ajudava os fiéis a celebrarem esta data com grande devoção ”, recordou.

Segundo a tradição, no final da celebração religiosa, o sacerdote realiza a benção dos cravos, que são depois distribuídos à saída da igreja. É por esta razão que a celebração é conhecida pelo nome de “Missa ou Festa dos Cravos”.

Em Miranda do Douro, a Santa Casa da Misericórdia (SCMMD) foi fundada em 1557, por iniciativa do 2º Bispo de Miranda, Dom Rodrigo de Carvalho, que dirigiu a diocese entre 1556 e 1559.

Atualmente, a Santa Casa da Misericórdia de Miranda do Douro (SCMMD) tem como valências: o Lar de Idosos de Miranda do Douro; a Unidade de Cuidados Continuados Santa Maria Maior; o Lar de Idosos de São Miguel, em Palaçoulo; o Lar de Idosos Senhora do Monte, em Duas Igrejas; o Centro Infantil Menino Jesus da Cartolinha; e o Serviço de Apoio Domiciliário.

Para além da assistência às pessoas mais vulneráveis, a Santa Casa da Misericórdia de Miranda do Douro desempenhou também um papel importante na cultura, ao ser um instrumento de irradiação da religiosidade e do ensino.

Em Portugal, a primeira misericórdia surgiu a 15 de agosto de 1498, em Lisboa, graças à especial intervenção da Rainha D. Leonor e com o total apoio do Rei D. Manuel I.

“O desenvolvimento da expansão marítima, da atividade portuária e comercial favoreceu o afluxo de gente aos grandes centros urbanos, como era o caso de Lisboa. Gente que vinha à procura de trabalho ou de enriquecimento, numa busca muitas vezes sem frutos. As condições de vida degradavam-se. As ruas transformavam-se em antros de promiscuidade e doença, aglomerando-se pedintes e enjeitados. Também os naufrágios e as batalhas originavam grande número de viúvas e órfãos, e a situação dos encarcerados nas prisões do Reino era aflitiva”, pode ler-se no site da SCML.

Neste contexto difícil, D. Leonor, rainha viúva de D. João II, decidiu instituir uma Irmandade de Invocação a Nossa Senhora da Misericórdia, na Sé de Lisboa, onde passou a ter sede.

Seguiu-se depois a criação de outras misericórdias por todo o país.

A Misericórdia adotou como símbolo identificador a imagem da Virgem com o manto aberto, protegendo os poderes terrenos: reis, rainhas, príncipes, poderes espirituais, Papas, cardeais, bispos, clérigos ou membros de ordens religiosas.

Uma proteção mariana que se estendeu também a todos os necessitados, crianças, pobres, doentes, presos, entre outros grupos vulneráveis.



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