XV Domingo do Tempo Comum
Caminhar com o coração
Am 7, 12-15 / Slm 84 (85), 9ab-14 / Ef 1, 3-14 ou 1, 3-10 / Mc 6, 7-13
Jesus não envia ninguém sozinho. No Evangelho de hoje, Ele envia os discípulos dois a dois. A cada um de nós, Ele envia-nos sempre com o Espírito Santo.
O Senhor não nos abandona. Sei que esta afirmação é, nos dois sentidos da palavra, inacreditável, porque é uma ótima notícia e é difícil de acreditar. Talvez seja difícil de acreditar porque, quando pedimos ajuda a Deus, o que secretamente esperamos é que Ele resolva o problema por nós. Ou talvez porque nos falte a paciência para esperar e acolher a paz que o Senhor nos quer dar.
Olhemos o início de cada um dos nossos dias. Para que nos sintamos «preparados», todos os dias, antes de sair de casa, verificamos se temos tudo o que nos falta: chaves, carteira, telemóvel com bateria, talvez um computador, um chapéu de chuva, uma roupa extra e, se calhar, uns phones ou um livro para os momentos em que nada acontece. Mas se nos lançamos ao dia sem coração, estaremos verdadeiramente preparados?
Cada um de nós precisa de recordar, todos os dias, que é o Senhor que faz. E isto é uma conversão de vida, que pede outra rotina e forma de viver. Tal é ilustrado no Evangelho de hoje quando o Senhor envia os discípulos a anunciar o Evangelho ao seu estilo, em simplicidade e vulnerabilidade. Ele sabe, por experiência própria, que é através da consciência da dependência que o Espírito se torna palpável. Este «nada levar para o caminho», este viajar leve obriga-nos a uma exposição aos elementos que nos permite ganhar raízes na direção certa, na nossa relação com Deus, buscando o profundo, em lugar de tentar encontrar estabilidade tendo mais meios «à superfície».
Deixo-vos um desafio para esta semana. Antes de sair de casa, ou nos primeiros passos que derem na rua, lembrem-se que o Senhor vos envia a evangelizar, que o nosso Deus conta com cada um de nós para anunciar a todos que há um Deus de amor. Vivamos esta semana como apóstolos, como alguém com missão, rejeitando ser pessoas com função, mas sem vida. Lancemo-nos aos nossos dias na companhia do Espírito Santo, que o Senhor nos envia cada dia, e cuidemos de todos os que nos saiam ao caminho.