Ferrovia: Ligação Lisboa-Madrid não compromete linha transmontana
O presidente da Associação Vale d’Ouro disse que a linha de alta velocidade Lisboa–Madrid, não compromete o corredor internacional Norte e insiste que a ligação por Trás-os-Montes é a melhor solução.
“Do ponto de vista estratégico, Portugal decidiu o Plano Ferroviário Nacional, em que há um corredor internacional a Norte e outro a Sul. Deu-se prioridade ao do Sul, agora empurrado pelas questões do aeroporto”, afirmou Luís Almeida, responsável pela associação que defende a reativação da linha do Douro até Espanha e ainda o novo corredor para a linha de Alta Velocidade de Trás-os-Montes, ligando o Porto a Espanha.
As declarações de Luís Almeida foram feitas a propósito do anúncio do Governo, de mandatar a Infraestruturas (IP) de Portugal para concluir os estudos para a construção da Terceira Travessia do Tejo e da ligação ferroviária de alta velocidade Lisboa-Madrid.
E, na sua opinião, estrategicamente a ligação Porto – Vila Real – Bragança – Zamora é a melhor solução.
“Porque é aquela que passa pelos territórios com mais dinamismo económico, com mais população e que serve efetivamente toda a região e área metropolitana do Porto e o Porto de Leixões”, sustentou.
E continuou: “Não vejo que a decisão de ontem (terça-feira) possa de alguma forma comprometer isto”.
O anúncio foi feito em conferência de imprensa, na residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, após uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros, onde foi aprovada a construção de um novo aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete, que se vai chamar Luís de Camões.
O ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, adiantou que é compromisso do Governo iniciar os estudos de desenvolvimento da linha ferroviária de alta velocidade Lisboa-Madrid, com o objetivo de concluir os trabalhos do lado português ao mesmo tempo que Espanha, que aponta para 2034, “de forma a garantir uma execução coordenada e atempada do projeto, otimizando plenamente a disponibilidade de financiamento”, e lembrou que o primeiro troço preparado para a alta velocidade em Portugal, entre Évora e Caia, deverá estar concluído em meados de 2025.
“Agora, para não fomentarmos mais desequilíbrio quer económico quer social, acho legítimo que os territórios fora das áreas metropolitanas exijam, de alguma forma, mecanismos que garantam que o nível de investimento público é mais ou menos coincidente em todo o país”, frisou.
E isto, acrescentou, “não quer dizer que se vão fazer aeroportos ou linhas de comboio pelo interior adentro ou em todo o lado”.
“Quer dizer que tem que haver uma racionalidade de investimentos que garanta que os territórios tenham todos a mesma oportunidade de se desenvolver. No caso concreto de Trás-os-Montes esses investimentos são muito claros, é a linha de Trás-os-Montes com ligação em Zamora e é a linha do Douro, num plano mais local, e a sua reabertura a Salamanca”, defendeu.
A Vale d’Ouro, sediada no Pinhão, concelho de Alijó, distrito de Vila Real, participou na consulta pública para o Plano Ferroviário Nacional submetendo um estudo para uma nova linha de alta velocidade entre Porto–Vila Real–Bragança-Zamora uma proposta que prevê a ligação à linha de alta velocidade Madrid-Galiza a cerca de 40 quilómetros da fronteira.
No entanto, em dezembro, ficou a saber-se que esta linha transmontana não foi incluída na rede transeuropeia de transportes (TEN-T).
A associação anunciou ter pedido esclarecimentos ao novo Governo sobre a linha ferroviária de alta velocidade de Trás-os-Montes, depois de, numa resposta a questões levantadas pela Vale d’Ouro, a União Europeia ter classificado este projeto como sendo de “interesse comum” para Portugal e Espanha.
Fonte: Lusa