Santulhão: “O mel transmontano é de excelente qualidade” – Jorge Gonçalves

Nos dias 11 e 12 de maio, Santulhão acolheu o I Encontro de Apicultores de Vimioso, uma iniciativa da freguesia local, coorganizada com a Associação de Apicultores do Parque Natural do Douro Internacional (AAPNDI), com os objetivos de proporcionar uma troca de experiências, esclarecimento de dúvidas e partilha de conhecimentos entre os apicultores.

No decorrer do I Encontro de Apicultores de Vimioso realizaram-se saídas de campo para os apiários. (Vídeo: Jorge Gonçalves)

No início do encontro, o presidente e responsável técnico da AAPNDI, Vitor Ferreira, começou por dizer que a missão desta associação é fomentar a apicultura na região e apoiar os apicultores na sua atividade, seja na proteção e defesa dos apiários, como também na comercialização do mel.

“Neste momento, a Associação de Apicultores do Parque Natural do Douro Internacional (AAPNDI) tem 330 associados, com um total de 150 mil colmeias, distribuídas pelos concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro, Freixo de Espada à-Cinta, Figueira de Castelo Rodrigo, Vimioso, Alfândega, Torre de Moncorvo e Bragança”, disse.

Segundo o técnico da AAPNDI, o nordeste transmontano é uma área ambiental privilegiada em termos de flora, onde existe uma grande variedade de espécies vegetais como o rosmaninho, o alecrim, as urzes, as silvas, os castanheiros, entre outras plantas, que as abelhas procuram para retirar o pólen.

Sobre a pertinência do I Encontro de Apicultores de Vimioso, Vitor Ferreira, destacou que nestes encontros os apicultores têm a oportunidade de expor os seus problemas e as suas dificuldades, assim como receber conselhos e indicações para realizar os tratamentos das colmeias e melhorar a produção de mel.

A AAPNDI sublinha ainda que apicultura é uma atividade predominantemente rural, que traz mais-valias económicas e ambientais para a região.

“Por um lado, a apicultura confere um complemento ao rendimento familiar. E por outro lado, a atividade apícola presta um valioso serviço ambiental de polinização, na manutenção da diversidade da flora na região”, indicou.

Na perspectiva do presidente da freguesia de Santulhão, Jorge Gonçalves, a apicultura é um bom exemplo de como se pode aproveitar e rentabilizar a riqueza ambiental do nordeste transmontano.

“O mel transmontano, graças à grande riqueza ambiental, proveniente da diversidade da flora é de excelente qualidade. No entanto, os apicultores portugueses enfrentam atualmente a concorrência de outros países, externos à União Europeia, cujo mel de inferior qualidade é mais barato e não se regem pelas mesmas regras sanitárias”, disse.

Questionado se a apicultura é uma atividade dispendiosa, o jovem apicultor de Santulhão referiu que sim, sobretudo aquando da instalação dos apiários e depois no acompanhamento e monitorização sanitária das colmeias.

“Os apicultores têm que enfrentar doenças como a varroa, que consiste num ácaro, que enfraquece as abelhas. Para eliminar este parasita realizam-se dois tratamentos anuais, na primavera e no outono, mas nem sempre são suficientes, porque os ácaros tornam-se mais resistentes aos acaricidas”, explicou.

Outro participante no I Encontro de Apicultores de Vimioso, José Emílio Anes Gonçalves veio de Matela, onde tem dois apiários, com cerca de 50 colmeias.

“Para ser apicultor é preciso gostar das abelhas. Vim a este encontro para continuar a aprender com os outros apicultores e partilhar os meus conhecimentos e experiência”, justificou.

De Izeda, veio Jorge Carlos, um apicultor principiante que iniciou a atividade em 2023. Para este apicultor, a participação no encontro em Santulhão, foi uma mais valia, para adquirir conhecimentos e o contato dos outros apicultores da região.

“Estes encontros são uma oportunidade para conhecer as técnicas e as práticas mais indicadas para tratar dos apiários. A apicultura não é um trabalho pesado, mas exige um acompanhamento constante. Chegados à altura de retirar o mel, é uma grande satisfação colher 50 quilos de mel”, disse.

No decorrer do I Encontro de Apicultores de Vimioso foram abordados temas como a Flora Apícola Portuguesa; Legislação, Higiene, saúde e segurança no trabalho em Apicultura; Instalação de Apiários; Povoamento de Multiplicação de Colónias; Produção de mel, pólen e própolis, entre outros assuntos.

O I Encontro de Apicultores de Vimioso foi coorganizado pela freguesia de Santulhão e a Associação de Apicultores do Parque do Douro Internacional (AAPNDI), uma iniciativa que teve o apoio do município de Vimioso.

HA

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