Património: O turismo religioso «é para todos» – Miguel Neto
O diretor da Pastoral do Turismo Portugal, da Igreja Católica, o padre Miguel Neto, afirmou por ocasião do Dia dos Monumentos e Sítios, celebrado a 18 de abril, que o turismo religioso “é para todos”, crentes ou não e anunciou umas jornadas dedicadas a este setor, em 2025.
“É difícil distinguir onde vai a nossa identidade e onde vai a nossa fé naquilo que são, por exemplo, as manifestações, as procissões, numa Semana Santa que acabamos de celebrar. É difícil”, disse o padre Miguel Neto, em entrevista à Agência ECCLESIA.
O diretor da Pastoral do Turismo Portugal (PTP), organismo da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), acrescenta que se não promoverem e continuarem a promover os fenómenos do turismo religioso vão “enclausurar, cada vez mais, a fé cristã”.
“Sabemos que o turismo religioso atrai pessoas que necessariamente não vão às celebrações. Por exemplo, as procissões do Enterro do Senhor têm muito mais gente do que as celebrações da Paixão do Senhor dentro da Igreja. Obviamente, sabemos disso… Mas, nós vamo-nos insurgir? Não!”, desenvolveu o sacerdote, identificando “um cristianismo cultural”.
Desde 1983, comemora-se o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios no dia 18 de abril, este ano com o tema ‘Catástrofes e Conflitos à luz da Carta de Veneza’, pelos 60 anos deste documento; em Portugal muito património tem uma marca cristã católica.
“Esse património é a nossa cultura. Em primeiro lugar, temos que pensar nisso, e é um debate que está sendo feito em vários países. Em Espanha é um debate que está a ser feito de uma forma muito sub-reptícia, mas muito forte, em que temos de valorizar aquilo que é o património, porque é o sinal visível, concreto, físico daquilo que é a nossa cultura”, indicou o diretor da Pastoral do Turismo Portugal.
O padre Miguel Neto lembrou que já não se vive “numa era de cristandade”, quando esse património foi feito, onde “todas as pessoas se concentravam ali, como sendo a casa comum” e, por isso, é preciso “usar o património para aquilo que foi criado, para o anúncio da fé, neste caso, o primeiro anúncio da fé”.
“Hoje em dia, grande parte das pessoas que visitam o património não tem uma literacia turística, nem uma literacia de história, de liturgia, para saber o que é um sacrário, o significado de uma cruz, para saber, inclusive, as imagens dos santos, que é algo que, mesmo dentro da própria Igreja, é muitas vezes difícil nós distinguirmos. É importante percebemos que, é através deste conhecimento, através desta visita, que se faz o primeiro anúncio de fé”, desenvolveu.
A Igreja Católica marcou presença na edição 2024 da BTL, a Bolsa de Turismo de Lisboa, realizada entre 28 de fevereiro e 3 de março, onde foi lançado o livro ‘Caminhos e Destinos da Pastoral do Turismo Laudato Si’; o sacerdote algarvio, que destacou objetivos da nova publicação, afirmou que também quer ajudar a perceber que “o turismo não é um fenómeno que prejudique a Igreja, e os turistas não prejudicam a Igreja”.
Fonte: Ecclesia