Entrevista: “O sucesso desportivo do CDMD é o resultado do trabalho de todos” – Vitor Hugo

Desde jovem conciliou os estudos com o desporto e ao fazê-lo ganhou disciplina e aprendeu a usar a ciência na atividade desportiva. Tem como referência o atual selecionar nacional de futsal, Jorge Braz, que o convidou para jogar na primeira divisão de futsal e com quem aprendeu os fundamentos desta modalidade. Em duas épocas, como treinador e jogador, Vitor Hugo Luís, conduziu o Clube Desportivo de Miranda do Douro (CDMD) à conquista de dois campeonatos distritais, duas Taças e uma supertaça.

Terra de Miranda – Notícias: Qual foi o seu percurso académico e profissional no desporto?

Vitor Hugo: Na minha juventude fiz toda a formação desportiva no Grupo Desportivo Mirandês, com uma experiência de um ano no Leixões. Concluído o ensino secundário, fui estudar para a UTAD, em Vila Real e para fugir às praxes académicas dedidi ir treinar na equipa universitária de futsal. Nesse tempo, a equipa era treinada pelo professor Jorge Braz, hoje selecionador nacional, que gostou do meu desempenho e quis que eu ficasse na equipa universitária.

T.M.N.: A descoberta do futsal deveu-se ao Jorge Braz?

V.H.: Sim, a ele e ao Jorge Palas que já tinham um conhecimento profundo sobre a modalidade e sabiam ensinar. Com eles adquiri muitos conceitos e ensinamentos que ainda hoje guardo e procuro transmitir.

T.M.N.: Que grandes diferenças há entre o futebol de 11 e o futsal?

V.H.: Desde logo, a grande diferença é o recinto de jogo, já que o futebol é praticado outdoor e o futsal é uma modalidade indoor. Outras diferenças são as dimensões do campo e o número de jogadores no futsal é apenas de 5. A intensidade de jogo no futsal também é maior, o que obriga a substituições constantes.

T.M.N.: Quais os melhores momentos da sua carreira desportiva?

V.H.: Destaco a participação nos campeonatos nacionais da 1ª e 2ª Divisão de Futsal, na equipa de da UTAD. Após a conclusão do ensino universitário, fui trabalhar para Macedo de Cavaleiros, onde joguei no Grupo Desportivo Macedense, então na 2ª Divisão. Em 2008, vim trabalhar para Miranda do Douro e voltei ao futebol de 11, numa época em que ganhámos a Taça Distrital. Seguiram-se dez temporadas na equipa de futsal do Clube Atlético de Mogadouro, onde disputei os campeonatos da 1ª, 2ª e 3ª divisões e distrital. Em 2021, tive a primeira experiência como treinador, ao formar uma equipa de futsal no Grupo Desportivo Mirandês. E na época seguinte, em 2022/2023, dediquei-me por inteiro à função de treinador e jogador no recém formado Clube Desportivo de Miranda do Douro (CDMD).

T.M.N.: Ao longo deste percurso, quem são as suas referências no futsal?

V.H.: Como já referi, os treinadores Jorge Braz e o Pedro Palas foram muito importantes no meu crescimento nesta modalidade. O atual selecionador nacional de futsal, Pedro Braz, é uma inspiração pela capacidade de liderança, consistência, pelo grande conhecimento e planeamento do jogo.

T.M.N.: Construiu a equipa de futsal do Clube Desportivo de Miranda do Douro (CDMD) e nas duas épocas em competição, conquistou 5 títulos: dois campeonatos distritais, duas Taças distritais e uma Supertaça. Qual a razão deste sucesso?

V.H.: Compromisso, trabalho, consistência, disciplina, organização e planeamento. Destaco, por isso, o trabalho inexcedível da direção que procura proporcionar todas as condições aos atletas. Destaco também os atletas que estão super comprometidos com o clube e abdicam muitas vezes da sua vida pessoal. E destaco, a capacidade de trabalho e planeamento da equipa técnica. Portanto, o sucesso alcançado é resultado do trabalho de todos.

T.M.N.: Um aspeto surpreendente do sucesso da equipa de futsal do CDMD é ser constituída maioritariamente por jogadores naturais do concelho de Miranda do Douro. Como se fazem bons jogadores de futsal?

V.H.: Quando iniciámos a formação desta equipa de futsal em Miranda do Douro eu já sabia que estes jogadores tinham qualidade. Muitos deles já tinham jogado noutros clubes como o Mogadouro e o Vimioso. Para além da aprendizagem técnica e tática do jogo, como as movimentações próprias do futsal, estes jogadores assimilaram muito bem o ideal de conquistar títulos para a sua cidade. E conseguir vencer pela nossa terra é uma alegria enorme!

T.M.N.: Com a conquista do segundo campeonato consecutivo, a equipa de Miranda do Douro tem a possibilidade de disputar novamente o playoff de acesso à III Divisão Nacional de Futsal. Este ano, a equipa está mais preparada para esta prova?

V.H.: Sim, a equipa do CDMD está mais experiente e a competição permitiu desenvolver a qualidade do nosso jogo, quer individual quer coletivamente. Sobre o playoff de acesso à III Divisão de Futsal é importante referir que vão competir as quatro equipas que foram campeãs nas associações de futebol de Bragança, Vila Real, Viana do Castelo e Braga. Por isso, o nível de competição dos seis jogos vai ser muito exigente e cada detalhe pode definir a vitória ou a derrota. Daí que é uma competição que exige uma concentração máxima. Sublinho ainda que é muito importante começar bem nos três primeiros jogos, pois disso depende a subida ao campeonato da III Divisão de Futsal.

T.M.N.: Quando vão iniciar o playoff?

V.H.: O playoff começa no dia 25 de maio. Até ao momento, já conhecemos o primeiro adversário, o GDR Gondarém, campeão de futsal na Associação de Futebol de Viana do Castelo. Em Vila Real, ainda estão a jogar as meias-finais. E no campeonato de futsal da A.F. Braga, a equipa do Piratas de Creixomil (Guimarães) leva dois pontos de vantagem sobre o Lordelo.

T.M.N.: Os jogos do playoff implicam outra logística?

V.H.: Sim, os jogos realizam-se aos sábados e as viagens de ida e volta são mais longas, o que exige outro planeamento, logística e custos acrescidos.

T.M.N.: Como é ser jogador e treinador?

V.H.: É muito difícil jogar e orientar a equipa ao mesmo tempo. Só com a ajuda da restante equipa técnica é possível fazer um bom trabalho.

T.M.N.: Como é o Vitor Hugo como treinador?

V.H.: Ao longo do meu percurso desportivo sempre gostei de treinar, quer as camadas jovens, quer os seniores. Neste trabalho, sou muito analítico e dou particular atenção aos detalhes, como a assiduidade nos treinos, os minutos jogados por cada atleta, o que podemos melhorar no nosso jogo, os pontos fortes dos adversários e as suas fraquezas, etc. Esta análise dá muito trabalho, mas depois faz a diferença no resultado final dos jogos.

T.M.N.: E a comprová-lo estão as conquistas dos dois Campeonatos distritais, duas Taças e uma Supertaça. O vosso sucesso tem inspirado os jovens a praticar futsal, em Miranda do Douro?

V.H.: Sim, o futsal tem vindo a ganhar praticantes e adeptos. Este ano conseguimos formar, pela primeira vez, uma equipa de juniores que disputou o campeonato interdistrital. E ficámos muito felizes por dar esta oportunidade desportiva aos jovens mirandeses. Nas camadas jovens, o CDMD tem ainda uma equipa constituída só por meninas que gostam muito desta modalidade.

Perfil

Vitor Hugo Luís nasceu e estudou em Miranda do Douro até à conclusão do ensino secundário. Prosseguiu os estudos na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real, onde concluiu uma licenciatura e um mestrado em  Educação Física e Desporto.

HA

Fotos: CDMD

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