Educação: Escolas católicas pedem veto de PR a medidas sobre autodeterminação de género nas escolas
A Associação Portuguesa de Escolas Católicas (APEC) apelou ao Presidente da República para que vete as medidas a serem adotadas pelas escolas, para garantir o direito de crianças e jovens à autodeterminação da identidade de género, nos estabelecimentos de ensino.
“Ao abrigo desta ideologia legitimam-se verdadeiros atentados à dignidade humana e ao normal crescimento durante a infância e adolescência, fase de construção da identidade, permitindo-se precocemente intervenções cirúrgicas invasoras e humanamente limitadoras, medicação com efeitos irreversíveis, como bloqueadores de puberdade, num experimentalismo de consequências imprevisíveis”, refere a APEC, numa nota enviada à Agência ECCLESIA.
O PL 332/XV, aprovado a 15 de dezembro de 2023 pela Assembleia da República, estabelece o “quadro jurídico para a emissão das medidas administrativas” que as escolas devem adotar para efeitos da implementação da Lei n.º 38/2018, a qual estabelece “o direito à autodeterminação da identidade de género e expressão de género e o direito à proteção das caraterísticas sexuais de cada pessoa”.
A Associação Portuguesa de Escolas Católicas manifesta a “mais viva oposição ao projeto de lei” em causa, acusando os deputados de “promoção da chamada Ideologia de Género”.
“No essencial, esta ideologia vem desligar o sexo (condição biológica) do género (assumido como socialmente construído), fazendo apologeticamente sobrepor o segundo ao primeiro”, sustenta a nota de imprensa.
“Contraria a objetividade científica mais elementar utilizando expressões como a fluidez de género, ou a transmutabilidade do sexo. Utiliza linguagem e terminologias erráticas, tais como sexo atribuído à nascença”.
Segundo a APEC, o projeto de lei em apreço “utiliza expressões pouco claras, revelando objetivos de ocultação mais do que clarificação, tais como transição social de identidade e expressão de género”.
A nota rejeita que a escola seja colocada “no papel de doutrinação da ideologia de género”, em vez de “formar crianças e jovens, ajudando a construir a sua identidade orientada para uma cidadania ativa, tendo em vista uma sociedade melhor e mais justa”.
As escolas católicas apresentam-se como “espaços de diversidade e de proteção das crianças e dos jovens”, questionando, em particular, as normas relativas a utilizações das casas de banho.
Os responsáveis entendem que Marcelo Rebelo de Sousa deve impedir a promulgação de projeto de lei que “viola vários preceitos da Constituição da República Portuguesa, nomeadamente aqueles que garantem a integridade moral e física dos cidadãos, a liberdade e a segurança de todos, o entendimento da família como elemento fundamental da sociedade, o papel dos pais na educação dos seus filhos, cabendo ao Estado cooperar com os pais nessa missão”.
“O Estado está proibido de programar a educação e a cultura segundo quaisquer diretrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas. A proposta de lei em apreço viola, além disso, vários outros princípios de direito”, acrescenta o comunicado.
Fonte: Ecclesia