XXIX Domingo do Tempo Comum
Em quem confio?
Is 45, 1.4-6 / Slm 95 (96), 1.3-5.7-10a.c / 1 Tess 1, 1-5b / Mt 22, 15-21
«Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus». Esta é a resposta que Jesus dá quando o tentam encurralar com uma pergunta sobre o pagamento de impostos romanos.
Quem faz a pergunta pretende armar uma cilada: se ele disser «sim», despertará a fúria dos que resistem aos romanos; se ele responder «não», entra no radar dos romanos como um inimigo do império. Jesus desvia a atenção para a moeda. Pede que a olhem e pergunta-lhes o que está escrito nela.
Ao perguntar pela inscrição na moeda, Jesus vai além da moderna ideia de separação de poderes ou estado laico. Ele vai além da ciência política. Ele coloca Deus acima de todas estas questiúnculas. O que realmente interessa é Deus. A quem é que damos louvor com as nossas vidas? Para quem vivemos? Onde está o nosso coração? São estas as questões fundamentais. É este o centro da passagem de hoje, não a questão política.
Há deveres cívicos que fazem parte da nossa pertença a uma comunidade. Estes não devem ser desvalorizados. Mas o que releva é o louvor que estamos a dar a Deus com as nossas vidas. É ao amor que permeia toda a realidade que devemos estar atentos e não às polémicas que passam com os tempos, tal como o Império Romano passou.
«Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus» é uma frase revolucionária. Não pela separação entre Estado e Igreja que introduz, mas pela afirmação do lugar superior de Deus na esfera do cosmos. Tudo pertence a Deus. Nada está acima d’Ele. Ele é a fonte de tudo e está presente em tudo. Tudo vem d’Ele e tudo volta para Ele. Os imperadores que fiquem com as moedas: nós temos Deus.