Sendim: Cooperativa Ribadouro recebe uvas das vindimas
No 15 de setembro, a cooperativa Ribadouro, em Sendim, abriu as portas aos vitivinicultores do planalto mirandês, para receber a colheita de uvas deste ano, uma colheita que embora tenha beneficiado de um melhor ano agrícola, foi depois prejudicada com o excesso de calor e o escaldão ocorrido no decorrer do mês de agosto.
Segundo o adegueiro da cooperativa Ribadouro, Clodomiro Gonçalves, até meados do mês de agosto, as perspectivas do ano agrícola eram boas.
“No entanto, houve dias em agosto com excesso de calor que provocaram um escaldão nas vinhas, o que veio prejudicar a qualidade e a quantidade das uvas”, disse.
No que respeita à quantidade, o responsável da Ribadouro adiantou que preveem uma redução na entrega de uvas também pela opção de alguns associados optarem por entregar a sua colheita na adega vizinha de Bemposta.
“Anualmente, recebemos entre um milhão e meio a dois milhões de quilos uvas. Este ano, por causa das razões apontadas prevê-se que a cooperativa receba apenas um milhão de quilos de uvas”, indicou.
Segundo o vitivinicultor, José Mourinho, natural de Sendim, o ano agrícola até foi bastante favorável graças às chuvas nos meses de inverno e em particular no mês de junho.
“As chuvas de junho vieram ajudar não só a vinha, mas também os olivais, os batatais e as hortas, permitindo enfrentar a seca dos meses de julho e agosto”, disse.
Este ano, José Mourinho, entregou na cooperativa cerca de dois mil e quinhentos quilos de uvas, das castas malvazia (branca) e barroca (tinta).
Tal como acontece todos os anos, os vitivinicultores desta região deparam-se com muita dificuldade para contratar pessoas para realizar o trabalho da vindima.
“Tive muita dificuldade em encontrar quatro homens e duas mulheres para a vindima. Cada jornada de trabalho custa entre 50 a 60 euros”, disse.
Questionado se a vitivinicultura é uma atividade rentável, José Mourinho respondeu que para os pequenos agricultores, como é o seu caso, a vitivinicultura é apenas uma ocupação que faz pelo gosto do cultivo da terra.
Outro vitivinicultor de Sendim, Abílio Gonçalves, informou que anualmente colhe cerca de 15 mil quilos de uvas. No entanto, este ano, a sua produção sofreu uma acentuada redução, por causa do escaldão das vinhas, ocorrido no mês de agosto.
Para este agricultor, já reformado, a vitivinicultura (e a agricultura) na região do planalto mirandês já não é uma atividade rentável.
“Quem se dedica à agricultura nesta região empobrece alegremente. Isto porque, não obstante o gosto que as pessoas têm pela atividade agrícola, não é rentável, pelo contrário, perde-se dinheiro”, disse.
Este ano, nos trabalhos da vindima, Abílio Gonçalves, teve a ajuda dos familiares, que por tradição, fazem questão de merendar na vinha.
Vindo de São Martinho, José Ferreira, deslocou-se à cooperativa Ribadouro, em Sendim, para entregar três mil quilos de uvas. Questionado sobre a vindima deste ano, o vitivinicultor também referiu que o excesso de calor nos meses de verão, prejudicou a colheita de uvas.
À semelhança do que acontece em muitas localidades do planalto mirandês, em São Martinho a vindima é uma oportunidade para juntar as famílias e conviver ao longo da jornada de trabalho.
“Em São Martinho, ainda é costume as famílias ajudarem-se mutuamente nas vindimas. Este ano, juntámo-nos cerca de 20 pessoas e para além do trabalho, fizemos uma merenda, o que fez deste dia uma festa!”, disse.
HA