XIII Domingo do Tempo Comum
Amar a Deus
2 Reis 4, 8-11.14-16a / Slm 88 (89), 2-3. 16-19 / Rom 6, 3-4.8-11 / Mt 10, 37-42
“Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim, não é digno de mim.”
Palavras estranhas as do Evangelho deste domingo. Não é o amor pelo próximo a manifestação do amor por Deus? Claro que sim. Estes amores não são rivais, pois Deus faz de todo o ato de amor o seu santuário. Então, como pode o amor por Deus ser «primeiro»?
Imaginemos uma mãe que sabe que o seu filho bate na nora e nos seus netos. O amor que ela tem pelo filho nunca pode ser superior ao amor que ela tem pela justiça e pelo bem, isto é, por Deus. Ela deve, por amor, intervir de forma que a violência cesse.
Imaginemos um filho que sabe que o seu pai está a gastar, em segredo, dinheiro no jogo, prejudicando a família. O amor pelo seu pai não o deve impedir de agir. O amor por Deus, pelo que é bom, deve levá-lo a atuar.
Imaginemos que alguém sabe que o seu pároco está a usar indevidamente a sua autoridade. O seu amor por este sacerdote – e pela Igreja – não o pode levar a silenciar o mal. Há que amar mais a Deus que a todos os outros.
Com aquelas duras palavras sobre aqueles que nos são mais próximos, Jesus quer levar-nos à centralidade do mandamento do amor: «Amar Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo». Por vezes, ficamo-nos pela segunda parte do mandamento, confundindo amor com proteger, e em lugar de cuidar, ao silenciar a verdade, acrescentamos injustiça ao mundo.
Perguntemo-nos onde é que, por amor, estamos a calar a justiça e a verdade. Assumamos, com coragem, este «amar Deus sobre todas as coisas» e arrisquemos o caminho do Evangelho.