Igreja: Trilho de São Fagundo (Urrós) volta a juntar peregrinos espanhóis e portugueses

No dia 8 de julho, a delegação para a religiosidade popular da diocese de Zamora, vai organizar uma peregrinação pelo trilho de São Fagundo, no Urrós (Mogadouro), uma iniciativa que visa, uma vez mais, juntar espanhóis e portugueses, em torno de uma atividade que promove, simultaneamente, o bem estar físico, espiritual e social entre os participantes.

Concluídas as peregrinações mensais pela rota pelos santuários marianos existentes na fronteira entre Espanha e Portugal, a delegação para a religiosidade popular da diocese de Zamora (Espanha) está agora a organizar caminhadas na região das arribas do rio Douro.

Assim sendo, no próximo dia 8 de julho, espanhóis e portugueses vão percorrer o trilho de São Fagundo, na localidade do Urrós. Segundo informações do município de Mogadouro, este percurso inicia-se junto ao edifício da junta de freguesia de Urrós e tem uma extensão de aproximadamente 14,4 km.

De acordo com o padre Javier Fresno Campos, responsável pela delegação para a Religiosidade Popular da Diocese de Zamora, estas peregrinações, à semelhança do que acontece no Caminho de Santiago de Compostela, têm uma múltipla dimensão pois permitem ver a vida de outra perspetiva.

“Em primeiro lugar, as peregrinações renovam-nos, porque renovam o modo como nos relacionamos com o mundo, com os outros, conncosco mesmos e com Deus. Quando decidimos fazer uma peregrinação a Santiago de Compostela, por exemplo, no início parece-nos uma longa distância, mas depois vamos adquirindo consciência (conhecimento) de que passo a passo é possível chegar lá”, disse.

Segundo o sacerdote espanhol, o mesmo acontece na relação de cada um consigo mesmo, já que a peregrinação é uma oportunidade para que cada pessoa se conheça mais a fundo, conheça a sua capacidade de enfrentar a dor e de superar os desafios.

“O mesmo acontece na relação com os outros, já que as peregrinações são oportunidades de conhecer gente e de nos relacionarmos com outros companheiros de caminhada. E quando estabelecemos relações de comunhão, a relação com Deus também se fortalece”, explicou.

Outra mais valia destas peregrinações conjuntas entre espanhóis e portugueses é a oportunidade de viver a universalidade da Igreja Católica. Na perspetiva de Javier Fresno Campos, o aprofundamento da comunhão entre as dioceses de Zamora e de Bragança-Miranda passa também pela ação conjunta noutras áreas, como o turismo religioso e as visitas ao património existente nas duas regiões.

Sobre este tema, o delegado para os meios de comunicação social da Diocese de Zamora, Juan Carlos Lopez Hernandez, avançou que neste momento estão a trabalhar com a diocese de Bragança-Miranda, no desenvolvimento de um projeto comum, que incide sobre a música e os sons caraterísticos dos dois lados da fronteira.

“Estamos a estudar formas de realizar intercâmbios de música de órgão, de gaita-de-foles e até a música produzida pelos sinos das igrejas, que recentemente foi inscrita como património imaterial”, indicou.

Segundo o responsável pela comunicação da diocese de Zamora, o objetivo desta cooperação transfronteiriça a nível eclesial é aproximar as populações e criar laços de amizade e de maior colaboração entre os dois povos vizinhos.

Questionado sobre o sucesso das peregrinações conjuntas entre espanhóis e portugueses, Juan Carlos Lopez Hernandez expressou a sua admiração pela iniciativa.

“Acho extraordinário o modo com a fé convoca as pessoas e promove a comunhão entre diferentes nacionalidades. Para o sucesso desta iniciativa, destaco o papel do padre Javier Fresno Campos, que com a sua sensibilidade para a religiosidade popular, organiza e anima estas peregrinações”, disse.

Ainda sobre a religiosidade popular, Juan Carlos Lopez Hernandez, referiu que seria importante aprofundar em conjunto, esta temática, dada a existência de traços comuns na espiritualidade das populações das dioceses de Zamora e de Bragança-Miranda.

Trilho de São Fagundo

À saída da aldeia do Urrós, os peregrinos vão passar pela Cascata do Poço da Frágua, antes de chegar às ruínas da Capela de São Fagundo, um antigo templo medieval que ainda mantém intactos o portal frontal e o arco triunfal da capela-mor. Nas proximidades, é possível observar várias sepulturas medievais escavadas na rocha, conjunto denominado por Necrópole de São Fagundo e também as pegadas dos Mouros, pequenas covinhas e pegadas gravadas no granito.

O percurso prossegue pelo planalto com passagem por entre olivais tradicionais, vinhedos e amendoeiras, característicos da região, até chegar ao miradouro da Cerca, que permite contemplar as arribas do rio Douro e as escarpas abruptas que separam o planalto mirandês das terras de Espanha.

Durante o percurso, os peregrinos vão ter oportunidade de ver as peculiares construções de arquitetura tradicional portuguesa, como as corriças, os pombais, os moinhos de água e os poços com as cegonhas de água.

No final da peregrinação já muito próximo da aldeia de Urrós, encontram-se as bodegas, antigas galerias abertas na rocha, onde antigamente se conservavam o vinho e alguns alimentos. Nestes locais, a temperatura é bastante mais fresca do que no exterior.

Quem pretenda participar nesta peregrinação deve contatar a paróquia de Miranda do Douro, na pessoa do padre Manuel Marques, através do contato 912 100 523 | mjlm1952@hotmail.com.

Em alternativa, pode contatar a Delegação para a Religiosidade Popular da Diocese de Zamora, na pessoa do Padre Javier Fresno Campos, através do contato 034 606876098 | jfresno2000@yahoo.es

HA

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