Ambiente: Gestão da água nas Terras de Trás-os-Montes
O presidente da Resíduos do Nordeste, Hernâni Dias, anunciou que um grupo de trabalho está a estudar com o Governo as condições para a criação de um sistema de gestão da água nas Terras de Trás-os-Montes.
Trata-se de “um avanço” num processo que começou há quase nove anos com a pretensão da Comunidade Intermunicipal (CIM) Terras de Trás-os-Montes de criar um sistema regional de verticalização da água, ou seja de gestão de todo o processo desde a fonte, a chamada água em alta, à torneira, a água em baixa.
Atualmente a gestão em baixa é feita pelos municípios e a alta pela Água do Norte e o propósito da CIM é de que seja a empresa intermunicipal Resíduos do Nordeste a assumir também o sistema conjunto da água na região.
O presidente da empresa e autarca de Bragança, Hernâni Dias, adiantou hoje que as entidades regionais já falaram com o ministro do Ambiente e que foi constituído um grupo de trabalho que já está a estudar “o que existe e o que poderá representar um sistema de verticalização de águas na CIM Terras de Trás-os-Montes”.
Neste grupo estão o Governo e a Resíduos do Nordeste e, segundo o autarca, “em principio, em meados de maio” já existirão “dados concretos deste grupo de trabalho” para discutir uma solução.
“O processo está a andar bem face àquilo que já aconteceu no passado e, portanto estamos empenhadíssimos em conseguirmos fazer este trabalho”, afirmou, à margem da sessão comemorativo dos 20 anos da Resíduos do Nordeste.
Com os resultados deste grupo de trabalho, como a acrescentou, cada município “avaliará e tomará a decisão que entender” sobre a questão da água.
Em causa, segundo disse, estão questões como o que os municípios terão que pagar à Águas do Norte e vice-versa, ou se um futuro modelo de gestão seria autónomo ou conjunto.
O Nordeste Transmontano foi dos primeiros em Portugal a avançar com uma solução conjunta intermunicipal para o encerramento de lixeiras e tratamento do lixo, com um aterro comum, em Urjais, no concelho de Mirandela, e a criação da empresa Resíduos do Nordeste, na qual os municípios são simultaneamente acionistas e clientes.
A empresa engloba 13 municípios e trata anualmente cerca de 55 mil toneladas de lixo no aterro que agora é denominado Parque Ambiental, onde foram investidos 27 milhões de euros, nos últimos 20 anos.
A Resíduos do Nordeste começou com 50 mil euros de capitais próprios e, em 2021, somava 14 milhões, com receitas de meio milhões de euros em energia elétrica e de mais de dois milhões a partir do biogás produzido no aterro sanitário.
Entre os investimentos feitos está também uma linha para separação por onde passa todo o lixo indiferenciado recolhido na região.
Para o aterro vai apenas o que não é possível reciclar, como explicaram os responsáveis, porém continua a ser necessário o aumento desta infraestrutura, estando prevista nos novos investimentos uma quarta célula.
O secretário de Estado do Ambiente, Hugo Pires, juntou-se às comemorações dos 20 anos da empresa intermunicipal, que apontou como uma referência, e salientou a meta ambiental de reduzir o lixo depositado no aterro.
Tanto o governante como os responsáveis locais garantiram que quanto mais a população separar e reciclar e menos lixo for para o aterro, mãos barato fica o processo e maiores são as probabilidades de redução dos custos cobrados ao consumidor.
Nenhuma das partes indicou um horizonte temporal para que isso se reflita nos preços que, geralmente são cobrados junto com a água e são apontados como os que mais pesam na fatura.
Fonte: Lusa