Miranda do Douro: Populações vão a Espanha comprar aquecimento para as habitações
As pessoas residentes nas localidades fronteiriças recorrem cada vez mais à vizinha Espanha para comprar combustíveis, gás e ‘pellets’ para aquecer as suas casas.
Casimiro João, residente numa das aldeias do concelho de Miranda do Douro, disse que quando vai à vizinha vila de Alcanizes, em Espanha, compra ‘pellets’, que são mais baratas cerca de dois euros, o combustível diesel, mais barato cerca de 25 cêntimos e com desconto pode chegar aos 35 cêntimos, e o no gás poupa-se 10 euros em cada botija.
Para comprovar a afirmação, um saco de 15 quilos de ‘pellets’ em Portugal para aquecimento estava marcado a 9,99 euros. Já em Alcanizes, do outro lado da fronteira, a mesma quantidade custa 8,25 euros.
Verificado o preço do gás propano, uma garrafa custa na mesma localidade espanhola 18,58 euros e, em Portugal, o mesmo produto e da mesma marca custa 28,40 cêntimos em Mogadouro.
Esta diferença de preços leva os habitantes da raia nordestina a optarem por ir a Espanha para “poupar alguns euros”, numa altura em que os preços para aquecimento “estão pela hora morte”, com vincou Ernesto Rodrigues, de Miranda do Douro
Mas os habitantes da raia dizem que o que vale mesmo a pena é atestar o depósito e trazer reservas, comprar uma ou duas botijas de gás e o espaço que sobrar no carro é para meter sacos de ‘pellets’.
Ao entrar num café em Miranda do Douro, o preço das matérias-primas para o aquecimento era tema central, sendo apontado o “exagerado” preço das ‘pellets’ e defendida a lenha para aquecimento, porque “sai mais em conta”.
Segundo os revendedores de sistemas de aquecimento alimentados por ‘pellets’ em Mogadouro e Miranda do Douro, ficou claro que a venda este ano destas “máquinas” é muito reduzida e que terão de ficar “em stock”.
Na passagem entre Miranda do Douro para Alcanizes, na aldeia de Malhadas um comerciante de lenha das várias espécies de árvores que preparava a matéria-prima ao gosto do cliente e disse que a “lenha ainda é o mais barato para aquecer as casas e os clientes são fiéis”.
“Não noto novos clientes. São sempre as mesmas pessoas a comprar lenha, porque fica mais em conta”, relatou o empresário Celestino Mota.
Cada 4.000 quilos de lenha cortada e entregue à porta custam em média 450 euros, o que para uma família normal pode dar para o inverno rigoroso, como é em Trás – os- Montes.
“Eu gasto em minha casa por anos cerca de 12 mil quilos de lenha em todos os sistemas de aquecimento, porque me fica mais em conta”, concluiu.
Fonte: Lusa