Ambiente: Especialistas de 19 países debatem investigação das causas de incêndios florestais

De 18 a 22 de novembro, realiza-se no Porto, a 1.ª Conferência Internacional sobre Causas de Incêndios Florestais, uma iniciativa que junta especialistas de 19 países, para debater as causas dos incêndios e as estratégias de prevenção.

“Vamos debater a investigação das causas, como é que ela é feita, como é que ela pode ser melhorada para que seja mais efetiva a prevenção. Nos incêndios, tudo começa pelas ignições. Se entendermos melhor porque é que surgem as ignições, conseguimos desenvolver políticas mais efetivas para reduzir muitas delas”, explicou Fantina Tedim, geógrafa e coordenadora da conferência WIC 25.

A iniciativa, que decorre até sábado, dia 22 de novembro, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, junta académicos, polícias, bombeiros e autoridades florestais para “partilhar conhecimento e identificar aspetos que estão em falta”, para os quais é “necessário que a ciência contribua com conhecimento”, acrescentou a responsável.

Fantina Tedim assinala que em Portugal “houve uma grande evolução em termos de gestão dos incêndios”, mas entende que “pode ir-se mais além” em termos de formação e de utilização de tecnologia na investigação.

“Mas isto não é um problema só de Portugal, isto é um problema que interessa a muita gente. Estão representados na conferência 19 países, com a presença de académicos e de pessoas ligadas à investigação no terreno”, observou.

A geógrafa refere que, em Portugal, “a utilização de tecnologia digital na investigação das causas é muito reduzida, para não dizer que não existe”.

“Naqueles incêndios que são muito complexos, a investigação das causas, da ignição do local de origem do incêndio e da causa tem que ser feita por investigadores no terreno altamente treinados e que têm muita experiência, porque eles é que efetivamente podem determinar bem qual é a causa do incêndio”, descreveu.

Assim, “há muito conhecimento que é preciso adquirir”, o que passa por uma “maior aposta na formação e na utilização correta da tecnologia”.

“Se tratarmos melhor esta parte das ignições, da investigação, do ponto de origem da causa da ignição, teremos melhor prevenção e menos incêndios no futuro”, afirmou.

A WIC25 é uma iniciativa do projeto IGNIT – A investigação das causas dos incêndios: Soluções inovadoras para uma Gestão Efetiva, no âmbito do qual foi feito um inquérito a nível mundial para saber como é feita a investigação das causas dos incêndios e os seus principais problemas e desafios.

Este questionário já foi respondido por 300 investigadores e a “falta de especialização dos investigadores” das causas das ignições foi o principal problema identificado, tendo os inquiridos apontado que, em geral, “os investigadores fazem várias tarefas e só quando têm tempo é que investigam as causas das ignições”.

Defendem, por isso, que os incêndios mais complexos têm de ser investigados por “investigadores com experiência” e “graus elevados de especialização”.

Os inquiridos apontaram ainda a “falta de recursos humanos e de acesso às tecnologias digitais para suportar uma investigação mais efetiva”, bem como a ausência de partilha de informação entre organizações.

Fonte: Lusa | Fotos: Exército Português

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