Entrevista: “A construção da ponte Vimioso-Carção é uma alavanca para o desenvolvimento económico e social do concelho de Vimioso” – António Santos (PSD)
António Santos João Vaz, mais comumente conhecido por “Toni” é natural de Carção, tendo assumido em agosto de 2024, a presidência da Câmara Municipal de Vimioso, à qual se candidata nas eleições autárquicas de 12 de outubro, pelo Partido Social Democrata (PSD) e destaca a construção da ponte Vimioso-Carção como uma importante alavanca para o desenvolvimento económico e social do concelho de Vimioso.

Terra de Miranda – Notícias: António Santos João Vaz é natural de Carção, filho de Francisco Manuel Afonso Vaz e Isabel Maria Vaz João, tendo nascido a 6 de março, de 1956. Qual foi o seu percurso de vida?
António Santos: A minha mãe era tecedeira e o meu pai, carpinteiro. A par destes ofícios, ambos dedicavam-se também à agricultura. Tiveram seis filhos, cinco raparigas e um rapaz, sendo eu o filho mais velho. Estudei na escola primária de Carção, graças à ação benemérita António Luís dos Santos e Luís David dos Santos. Prossegui os estudos no liceu em Bragança e concluí o ensino secundário, no liceu Passos Manuel, em Lisboa. Transitei depois para o Porto, onde cumpri o serviço militar na messe de Oficiais do Quartel da Manutenção Militar.
T.M.N.: Em 1979 regressou a Carção, para desempenhar o trabalho de administrativo da Casa do Povo. Como era a vida no concelho de Vimioso, nesses anos, após o 25 de abril de 1974?
A.S.: Naquele tempo, a Casa do Povo nas aldeias assumia importantes responsabilidades sociais, tais como o pagamento das pensões de velhice e invalidez, abonos de família, subsídios de desemprego, entre outras funções sociais. Para além do trabalho na aldeia de Carção, deslocava-me também a Argozelo, Santulhão e a Matela. Foi esta experiência profissional que me permitiu conhecer de perto a realidade social destas localidades, os problemas e as reais necessidades das populações.
T.M.N.: O contato com as pessoas levou-o ao exercício da política?
A.S.: Sim, foi essa proximidade às pessoas e a determinação em ajudar a resolver os seus problemas que me motivou, em 1983, a ser deputado municipal em Vimioso. Depois em 1990, candidatei-me à presidência da freguesia de Carção, tendo exercido esta responsabilidade em três mandatos: 1990-1994; 2009-2013; e 2013- 2017.
T.M.N.: A presidência de uma freguesia foi uma aprendizagem?
A.S.: Para mim, ser presidente da freguesia de Carção foi uma das experiências profissionais mais gratificantes que já tive. Em muitas situações, fosse dia ou noite, verão ou inverno, as pessoas batiam-me à porta com solicitações várias e eu atendia-as sempre! Eu gostava do contato e proximidade com as pessoas. O meu saudoso pai, costuma dizer que eu tinha um coração grande. Um elogio destes vindo de uma pessoa que era também uma referência política em Carção e no concelho de Vimioso, foi uma grande motivação para mim.
“Ser presidente da freguesia de Carção foi uma das experiências profissionais mais gratificantes que já tive. Em muitas situações, fosse dia ou noite, verão ou inverno, as pessoas batiam-me à porta com solicitações várias e eu atendia-as sempre!”
T.M.N.: Em 1991, a vocação social conduziu-o a uma nova experiência profissional no Instituto da Segurança Social, em Bragança?
A.S.: Sim, comecei a trabalhar como operador de Microfilmagem. Fui responsável pela instalação de um novo serviço, que consistia na fotografia em filme, em dimensões muito reduzidas, de milhares de páginas sucessivas de documentos, para arquivo. Depois passei para a chefia da seção do Património e Aprovisionamento. Posteriormente, por minha iniciativa, dado o gosto pela proximidade às pessoas, solicitei a mudança para o Atendimento e Relações Internacionais. Neste trabalho, contatei e ajudei muitas pessoas, em particular os portugueses emigrantes que trabalhavam ou regressavam de países como França, Reino Unido, Suíça, Alemanha e Espanha.
T.M.N.: No município de Vimioso ganhou experiência ao longo dos últimos oito anos (2017-2021; 2021-2025), primeiro como vice-presidente e desde agosto de 2024, como presidente da Câmara Municipal. Quais são as solicitações mais recorrentes dos municipes do concelho de Vimioso?
A.S.: Atualmente, dada a densidade populacional as pessoas pedem “gente”. Sim, quer nas vilas, quer nas aldeias do concelho de Vimioso a nossa maior necessidade é a vinda e a fixação de pessoas que tragam maior dinamismo social, económico, cultural, educativo. associativo e desportivo ao território. Atualmente, residem no concelho de Vimioso 4500 pessoas, pelo que a densidade populacional é a nossa maior necessidade e por isso é também o grande desafio.
“Atualmente, residem no concelho de Vimioso 4500 pessoas, pelo que a densidade populacional é a nossa maior necessidade e por isso é também o grande desafio.“
T.M.N.: Que estratégia tem para responder ao desafio demográfico?
A.S.: Para apoiar as famílias, o município de Vimioso há muito que incentiva a natalidade, assim como assegura a vacinação das crianças e as despesas do ensino: creche gratuita, refeições, livros, material escolar. Na frequência do ensino superior, o município auxilia no pagamento de propinas e atribui bolsas de estudo. No Agrupamento de Escolas de Vimioso (AEV), continuamos a reivindicar o ensino secundário e para tal já conseguimos a implementação do 10º, 11º e 12º anos, no regime as Turmas de Responsabilidade Partilhada. Recordo também a criação, em Vimioso, do curso técnico-profissional superior (CTESP) em Termalismo e Bem-estar. Na área da saúde, a Câmara Municipal apoia no pagamento de medicamentos, no transporte aos municípes mais desfavorecidos e elaboramos um regulamento de apoio à fixação de médicos no centro de saúde de Vimioso. Para a criação de emprego, o município já está implementar o novo regulamento de apoio ao investimento, com a atribuição de 5 mil euros por cada posto de trabalho criado.

“O município de Vimioso já está implementar o novo regulamento de apoio ao investimento, com a atribuição de 5 mil euros por cada posto de trabalho criado.”
T.M.N.: Já como presidente da Câmara Municipal de Vimioso, viu aprovado o projeto de construção de uma nova ponte Vimioso-Carção. Que importância tem esta infraestrutrura?
A.S.: A construção da ponte Vimioso-Carção é uma alavanca para o desenvolvimento económico e social do concelho de Vimioso. Desde 2013 que andamos a lutar para que esta nova ligação Vimioso-Carção se torne uma realidade. Volvidos 12 anos, um governo social-democrata, aprovou a construção desta ponte tão necessária para a segurança rodoviária no concelho e dos concelhos vizinhos. Neste momento, a obra está em concurso, já há interessados e a construção vai ser executada. Por isso, apelo desde já às empresas do concelho de Vimioso, no alojamento, hotelaria, restauração, comércio, serviços, agricultura, pecuária e outras empresas, para que se preparem para um aumento significativo de pessoas, em virtude da construção da obra que deve iniciar-se no final de 2025 e se prolonga durante três anos.
“Apelo às empresas do concelho de Vimioso, no alojamento, hotelaria, restauração, comércio, serviços, agricultura, pecuária e outras empresas, para que se preparem para um aumento significativo de pessoas, em virtude da construção da obra que deve iniciar-se no final de 2025 e se prolonga durante três anos.”
T.M.N.: No âmbito social, no concelho de Vimioso já existem várias Institutições Particulares de Solidariedade Social (IPSS’s), mas é sua intenção criar novas valências?
A.S.: Vimioso é um dos concelhos com mais e melhores respostas sociais face às necessidades da população. Para além da Unidade de Cuidados Continuados, em Vimioso, existem a Santa Casa de Misericórdia de Algoso, a Santa Casa da Misericórdia de Santulhão, a Santa Casa da Misericórdia de Vimioso; o Lar de São Pedro, em Avelanoso; o Lar de Santa Eulália, em Pinelo; o Centro Social Paroquial Nossa Senhora das Dores de Argozelo; e o Lar de Nossa Senhora das Graças, em Carção. Nas aldeias onde não existem lares, gostaria de criar centros comunitários, onde as pessoas possam encontrar-se, conviver e receber um acompanhamento de proximidade, com serviços como uma refeição e a lavagem e engomagem da roupa.
“Nas aldeias onde não existem lares, gostaria de criar centros comunitários, onde as pessoas possam encontrar-se, conviver e receber um acompanhamento de proximidade, com serviços como uma refeição e a lavagem e engomagem da roupa.”

T.M.N.: Outra das obras que pretende realizar é a mudança dos serviços públicos (finanças, segurança social e serviço de registos e notariado) para o edifício do tribunal? Qual é o propósito desta mudança?
A.S.: A finalidade é relocalizar estes importantes serviços públicos no centro de Vimioso, para que as pessoas que vêm à vila, no dia das feiras mensais por exemplo, tenham oportunidade e o interesse em visitar o comércio, a restauração e outros serviços existentes na vila. Para que esta mudança do local dos serviços se concretize vamos agora apresentar uma candidatura.
T.M.N.: No âmbito da agropecuária, o concelho de Vimioso destaca-se na realização do concurso concelhio de bovinos mirandeses e na organização de feiras dedicadas aos produtos locais. Estes investimentos trazem retorno económico ao concelho?
A.S.: O município de Vimioso não mede esforços para apoiar os agricultores e os criadores de bovinos, ovinos e asininos e para tal, assumimos os custos da sanidade animal e da vacinação. No que concerne às feiras dedicadas à comercialização dos produtos locais e do artesanato, perante o sucesso destes certames e a vida que dão às aldeias do concelho de Vimioso, o nosso objetivo é continuar a apoiar as freguesias na organização destes eventos. Temos a pretensão de coorganizar feiras temáticas também em Matela, no Campo de Víboras, em Pinelo e em Vale de Frades.
T.M.N.: No concelho de Vimioso, o turismo está subaproveitado?
A.S.: O turismo é um dos setores de atividade ao qual queremos dedicar uma especial atenção. Nas Termas de Vimioso, por exemplo, há duas possibilidades de construir um aldeamento turístico, para albergar os termalistas. Vamos criar um novo projeto de aproveitamento turístico ambiental dos 36 moinhos existentes nos rios Angueira e Maçãs. Outro projeto que queremos desenvolver, após a construção da nova ligação Vimioso-Carção, é a construção de passadiços no vale do rio Maçãs.
“Nas Termas de Vimioso, há duas possibilidades de construir um aldeamento turístico, para albergar os termalistas.”
T.M.N.: Nesta região, o concelho vizinho de Miranda do Douro é um bom exemplo na capacidade de atrair turistas e visitantes. O que pode aprender Vimioso com os mirandeses?
A.S.: Os espanhóis visitam Miranda do Douro pelo património histórico, pela restauração e o comércio. Em Vimioso, os restaurantes do concelho também têm evoluído muito e já conseguem atrair, semanalmente, os vizinhos espanhóis e outros turistas. Outra atração turística diferenciadora em Vimioso são as Termas, onde os espanhóis da província de Zamora são alguns dos principais utentes. No âmbito do turismo de natureza, os passeios todo-o-terreno atraem muitos aficionados espanhóis e a prova internacional King of Portugal, que este ano vai decorrer na semana de 22 a 27 de setembro é disso exemplo, pela vinda de milhares de pessoas. Na Feira de Artes e Ofícios, que se realiza no mês de dezembro, em Vimioso, os espanhóis também são um público assíduo. Ainda na relação com Espanha, acreditamos que a futura autoestrada entre Zamora e Quintanilha poderá facilitar a vinda até Vimioso, de visitantes espanhóis de outras províncias de Espanha.
“A prova internacional King of Portugal, que este ano vai decorrer na semana de 22 a 27 de setembro atrai a vinda de milhares de pessoas, entre os quais muitos aficionados espanhóis.”
HA