Algoso: Chegas de touros mirandeses impressionaram os emigrantes

Em Algoso, as festividades de verão encerraram no dia 17 de agosto, com o espetáculo das chegas de touros mirandeses, uma iniciativa da freguesia com o propósito de agradecer a visita dos (e)migrantes, que se impressionaram e alegraram com preservação desta antiga tradição da aldeia.

A presidente da Freguesia de Algoso, Cristina Miguel disse que a organização das chegas de touros mirandeses teve como propósito encerrar as festividades e presentear os emigrantes que estão de visita à aldeia no mês de agosto.

“O espetáculo das sete chegas de touros de raça mirandesa encerrou da melhor maneira as festas de Algoso, com a visita dos nossos emigrantes e ajudou a comissão de festas a angariar receita para as festas do próximo ano”, disse.

A autarca de Algoso indicou ainda que na aldeia existem três criadores de bovinos de raça mirandesa, os quais para além da dinamização da atividade económica na aldeia contribuem para a preservação desta raça autóctone.

Paulo Rodrigues, natural de Algoso e emigrante em França há 50 anos, assistiu com alegria às chegas de touros mirandeses nas eiras da sua terra-natal.

“Lembro-me de quando era criança, o meu avô tinha vacas e touros mirandeses e as lutas eram muito frequentes nos lameiros. Neste regresso a Algoso, para participar nas festas em honra de Nossa Senhora do Castelo e São Roque, sinto muita felicidade e orgulho ao ver que estas tradições ainda existem na minha aldeia”, disse.

Também emigrante em França há 48 anos, Armando Sanches, foi outra das centenas de pessoas que se deslocaram até às antigas eiras de Algoso, para assistir às tradicionais chegas de touros mirandeses.

“Estas chegas ou lutas de touros de raça bovina mirandesa são manifestações culturais desta região do planalto mirandês. No passado, a agricultura e a criação de gado tiveram uma grande importância na subsistência das famílias desta região. Atualmente, estes imponentes e belos animais são marcas identitárias da região”, disse.

O nome de “raça bovina mirandesa” deve-se à toponímia da Terra de Miranda ou planalto mirandês, considerado o centro de irradiação da raça para outras regiões.

Habitualmente, as chegas ou lutas de touros mirandeses atraem centenas de pessoas aos locais, e, sendo a maioria no verão, trazem os emigrantes em grande número para matar saudades dos tempos e dos hábitos da sua infância. Antigamente era comum, nas aldeias, à tardinha, à vinda do lameiro, que os touros (os maiores rebanhos de vacas tinham um touro) se desafiassem e pelejassem em longas disputas, de forma natural, sem intervenção do homem.

Antigamente, o dono do touro vencedor “apenas” ganhava a fama, a vaidade, “a proua”, mas nada de proveito. Hoje é diferente, trata-se de conciliar o orgulho de ter touros valentes e vencedores, com o proveito financeiro de centenas de euros cobrados pela participação e vitória nas chegas.

HA



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