XXV Domingo do Tempo Comum

Generosidade

Is 55, 6-9 / Slm 144 (145), 2-3.8-9.17-18 / Filip 1, 20c-24.27a / Mt 20, 1-16a

Neste Dia Mundial do Migrante e do Refugiado somos confrontados por uma passagem evangélica que nos fala de trabalho e recompensa. Várias vozes agitam hoje a bandeira do medo e da exclusão, fechando as nossas mesas às ondas de necessitados que tentam entrar na Europa, exigindo-lhes provas de que são merecedores de estar entre nós. Mas as condições de vida do Ocidente, mesmo num país relativamente pobre como Portugal, serão algo que podemos guardar só para nós? Não serão dom para o mundo?

A parábola que Jesus nos apresenta hoje quer arrancar-nos à mesquinhez. Reparemos na sua beleza evangélica. O proprietário da vinha sai cinco vezes da sua casa ao longo do dia. Ao ver trabalhadores desempregados, contrata-os. Uns trabalham todo o dia, outros apenas a partir do meio da manhã, outros toda a tarde, outros parte da tarde e outros apenas as últimas horas do dia. Contudo, todos recebem o mesmo salário: um denário.

O que nos pretende apresentar Jesus com esta provocação? Que devemos fazer o bem sem olhar a quem. O que estiver ao nosso alcance, cabe-nos fazer. E quando vemos que outros, menos empenhados, alcançam a mesma recompensa (neste caso, a vida eterna), não nos deixemos habitar pelo ressentimento ou pela inveja: tentemos transformar, assim que possível, o nosso lamento em ação de graças pela bondade do nosso Deus.

Quantas vezes já nos deixámos aprisionar por uma certa inveja, mascarada de sentido de justiça, em relação ao outro? Trabalhamos, e outros parecem alcançar o mesmo ou maior reconhecimento. Construímos, e outros vêm morar na casa que preparámos. Semeámos, e outros vêm colher e fazer a festa.

É um sentimento compreensível, mas que pouco tem a ver com a lógica de Deus. Ninguém se salva sozinho. E enquanto existir um irmão refém do pecado e da morte, todos nós acabamos por estar aprisionados com ele.

Aceitemos a alegria da festa do banquete do reino dos Céus. Vejamos cada um dos que se juntam a nós como um dom de Deus, um milagre. E se vemos que alguém, ainda que aparentemente reze menos do que nós, vá à missa menos vezes que nós, faça menos retiros que nós, é assistido abundantemente pela graça, elevemos o coração para o Senhor e alegremo-nos pela graça dada ao outro. Ela é riqueza que chegará também à nossa mesa.

Fonte: Rede Mundial de Oração do Papa

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