XII Domingo do Tempo Comum

Confiança!

Jer 20, 10-13 / Slm 68 (69), 8-10.14-15.33-35 / Rom 5, 12-15 / Mt 10, 26-33

Vivemos com demasiado medo. Medo de sermos considerados ingénuos ou parvos pelas nossas boas obras. Medo de sermos julgados por rezarmos todos os dias. Medo que se saiba que vamos à missa. Medo que descubram que temos uma relação com Deus, que falamos com Ele e que Ele nos fala ao coração.

Alguns dirão que não o escondem, que são católicos assumidos, mas que também não o andam a apregoar. Outros dirão que não perdem uma oportunidade para dizer que são crentes e para introduzir na conversa o Evangelho. Ótimo, que maravilha! Nesse caso, há que ir mais longe: do que temos ainda medo? Que perdão ainda está por receber? Que perdão ainda retemos e insistimos em não oferecer? Em que maledicências persistimos? Com que falsas humildades nos enganamos? Que medos bloqueiam a graça em nós?

O Evangelho de hoje pode ser vivido por todos, em diferentes níveis de conversão. O que Jesus nos pede é que nada do que Ele nos vai sugerindo, pedindo, dizendo fique guardado nos sótãos e caves onde escondemos aquilo que receamos tocar. Jesus veio para a luz e tudo o que Ele nos disser em segredo, há que ser proclamado sobre os telhados; e tudo o que Ele nos revelar na intimidade da nossa amizade, deve ser vivido à luz do dia.

O medo, imposto por um estado ou autoimposto, é uma tentativa de controlo. É, como toda a aparência de controlo, uma ilusão. Por muitos planos que façamos, não só não sabemos tudo, como não controlamos tudo. A verdadeira vida só começa quando nos libertamos das vãs tentativas de controlo e arriscamos viver na confiança. É esse o salto que Jesus nos pede que dêmos. É essa a conversão que parece ficar sempre por viver.

Larguemos as falsas confianças, as ilusões de controlo, as faltas de certeza, os planos estéreis desenhados como se nós conseguíssemos controlar o que está para acontecer. Digamos, com o P. Arrupe, antes de partir para o Céu: «Para o presente, Ámen. Para o futuro, Aleluia». E quando nos vacilem as pernas, os braços e o coração com o que está por vir, recordemos o que nos diz o Senhor neste Evangelho: «Valeis muito mais do que todos os passarinhos».

Fonte: Rede Mundial de Oração do Papa

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