Ambiente: Portugal diminuiu emissões mas falhou nos resíduos
Portugal é dos países da União Europeia (UE) que mais diminuiu as emissões de gases com efeito de estufa, mas foi incapaz de lidar com os resíduos, estando neste caso muito abaixo da média europeia.
Estes dados são provenientes do relatório estatístico da situação ambiental em Portugal, divulgado no Dia Mundial do Ambiente, pela base de dados da Fundação Francisco Manuel dos Santos, a Pordata, em colaboração com a Agência Portuguesa do Ambiente.
Desde 2005, Portugal reduziu 35% das emissões de gases com efeito de estufa (média da UE é 24%).
Contudo, a dependência da energia fóssil mostra que o país tem registado temperaturas cada vez mais altas e tem produzido cada vez mais resíduos.
Desde 1974, o Dia Mundial do Ambiente celebra-se anualmente a 5 de junho. Este ano, tendo como países anfitriões a Costa do Marfim e os Países Baixos, debate soluções para a poluição plástica.
Nos últimos 50 anos tem sido um pretexto para sensibilizar a população mundial para as questões ambientais.
Para assinalar a data, os desafios a emergência climática serão debatidos num debate na Central Tejo, em Lisboa, numa iniciativa das entidades gestoras de resíduos, Novo Verde e ERP Portugal, em parceria com a Fundação EDP.
O dia é também assinalado com outras iniciativas, quer em Lisboa quer em cidades como Guimarães ou Coimbra, Braga, Guarda ou Funchal, sobretudo com conferências.
A propósito da efeméride, a empresa Prosegur, apresenta uma lista do que considera os principais crimes ambientais, na qual inclui a pesca irregular, não declarada e não regulamentada, a posse e o comércio ilegal de espécies, a caça ilegal ou furtiva, a exploração ilegal e o tráfico de madeira, a extração ilegal de recursos minerais e a gestão ilegal de resíduos.
Ambiente: Portugal com temperaturas a aumentar desde 1970
Em Portugal, as temperaturas médias do ar estão a aumentar desde 1970, aumentos que chegaram a 2,3 graus celsius (ºC) nos últimos cinco anos, indicam estatísticas divulgadas no Dia Mundial do Ambiente.
A análise mostra que, comparando com o valor de referência, conseguido pela média do período 1971-2000, houve um aumento de temperatura em todas as estações de medição, com exceção de Viana do Castelo, com desvios frequentes de mais 1ºC a mais 2,3ºC.
A propósito do Dia Mundial do Ambiente, a Pordata, base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, em colaboração com a Agência Portuguesa do Ambiente, fez um retrato da evolução do país em diversas questões ambientais.
Os números mostram, por exemplo, que as cidades de Bragança, Castelo Branco, Lisboa e Beja tiveram no ano passado as temperaturas médias mais altas dos últimos 50 anos
Comparando a temperatura média na década de 70, com a da década 2010-2019, a diferença de temperatura no Porto, Beja, Faro e Funchal, foi de pelo menos 1,5ºC.
Em relação à precipitação os números não revelam grandes diferenças, com períodos de pouca chuva a ocorrerem regularmente entre 1960 e 2022.
Os números analisados constatam também a informação conhecida de que 99% da água da torneira em Portugal é segura para consumo, uma evolução desde meados da década de 1990, quando só metade da água canalizada era de boa qualidade.
O mesmo em relação às águas das praias, com 92% das praias costeiras a apresentarem em 2021 qualidade de água excelente, acima dos 88% da média europeia. Mas são melhores as águas balneares da Croácia (99%), Malta (97%), Grécia (96%) ou Espanha (95%). Itália e França estão piores posicionadas do que Portugal.
Em relação às áreas terrestres protegidas Portugal está abaixo da média europeia, com 22,4% do território protegido, contra 26% da UE. No total dos 27 países da UE há mais de um milhão de quilómetros quadrados de áreas terrestres protegidas, o que corresponde aproximadamente à área de Espanha e França. Em 2021 Portugal tinha 21 mil quilómetros quadrados com regime de proteção.
Em relação aos sítios marinhos protegidos a extensão quase triplicou de 2012 para 2021, chegando hoje a uma área equivalente à Península Ibérica.
Portugal, no mesmo período, mais do que quintuplicou, tendo a terceira maior área marinha protegida da União Europeia, a seguir à França e Espanha, mas que ainda assim corresponde apenas a 4,5% da Zona Económica Exclusiva de Portugal. Organizações ligadas ao ambiente têm com frequência avisado que não basta criar áreas marinhas protegidas no papel e que é preciso protege-las efetivamente.
Fonte: Lusa