V DOMINGO DA QUARESMA

Amizade

Ez 37, 12-14 / Slm 129 (130), 1-2.3-4ab.4c-6.7-8 / Rom 8, 8-11 / Jo 11, 1-45

Dentro de uma semana celebramos o Domingo de Ramos na Paixão do Senhor e, assim, entramos na Semana Santa. Estamos na reta final do percurso quaresmal, deste tempo de preparação do coração para a Páscoa. Na Quarta-Feira de Cinzas éramos convidados a exercitar o jejum, a esmola e a oração. Ainda vamos a tempo de pôr em prática alguma destas práticas.

O Evangelho de João leva-nos hoje até à ressurreição de Lázaro, o último sinal realizado por Jesus antes de morrer. É a «gota de água» que provoca a decisão da sua morte por parte de quem se sente ameaçado no seu poder. Lázaro está doente e as suas irmãs, Marta e Maria, mandam pedir a Jesus que os venha consolar nesta adversidade. Logo aqui, nota-se uma amizade muito especial entre Jesus e estes três irmãos, que fala de afetos e proximidade. Jesus não é um «extraterrestre» nem um autómato sem sentimentos; comove-se com quem sofre, preocupa-se com os necessitados, implica-se nas relações. Na agitação da sua vida apostólica, vai ajudar esta família amiga.

Ao olharmos para este gesto de Jesus, perguntemos como andam as nossas relações. O que fazemos por elas? Como cuidamos das amizades? Que tempo temos para estar com aqueles que mais amamos ou com quem precisa da nossa presença nas suas tribulações? Que gestos podemos fazer neste caminho quaresmal?

Jesus compromete-se com as pessoas, mesmo arriscando a vida. Sabe que o amor liberta o outro e repara as relações feridas. Em Jesus aprendemos a sair do nosso conforto e comodismo e a virar-nos para fora. Daí, as práticas quaresmais do jejum, da esmola e da oração que nos ajudam a descentrar-nos e a recentrar-nos no outro.

Mas Jesus não vai logo! Demora-se ainda dois dias, parecendo hesitar e não estar certo de querer ir. Na verdade, vai, mas no seu tempo, no tempo certo, para restituir a vida. Não vai a correr, levado por uma qualquer emoção. Espera o tempo necessário para poder realizar os sinais do Reino. Quantas vezes fazemos, nós também, esta mesma experiência de querer resolver logo tudo num instante, impacientes. Os caminhos e os modos de Deus nem sempre são os nossos. Como diz Marta a Jesus: Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido…

Jesus reanima Lázaro e trá-lo de novo à vida, ao convívio. Pode dizer-se que o religa às suas relações, à comunhão, ao sentido para a vida. É a relação com Jesus que ressuscita do pecado.

A Epístola de São Paulo aos Romanos traz esta ideia de forma clara: «se o Espírito d’Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós, Ele (…) também dará vida aos vossos corpos mortais». Este é o momento para um bom exame de consciência e de procurar um sacerdote para pedir o sacramento da Reconciliação.

Fonte: https://www.redemundialdeoracaodopapa.pt/meditacao-diaria/2016

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