Vimioso: Exposição “Máscaras rituais de Portugal”

A casa da cultura de Vimioso inaugurou a exposição “Máscaras rituais de Portugal”, do colecionador Roberto Afonso, através da qual o investigador dá a conhecer ao público as festas e rituais com mascarados que existem em Portugal.

A exposição, que vai estar em Vimioso até 31 de janeiro de 2022, está organizada cronologicamente e pretende dar a conhecer as festas e rituais com máscaras, que existem em Portugal, bem como os seus artesãos.

“Sem os artesãos não seria possível a continuidade destas festas, já que as máscaras são o elemento fundamental”, disse o investigador.

Segundo Roberto Afonso, as festas de Inverno com mascarados, em Portugal, têm o seu início no dia 31 de outubro, em Cidões – Vinhais, com a Festa da Cabra e do Canhoto.

Seguem-se as festas de dezembro, na sua maior parte dedicadas a Santo Estêvão, o protomártir do cristianismo e padroeiro dos rapazes, altura em que as máscaras assumem maior protagonismo, continuando durante o mês de janeiro e, depois, durante o Carnaval – sendo agora apresentado nesta coleção, pela primeira vez, o Entrudo de Santulhão, no concelho de Vimioso.

As mascaradas culminam na Quarta-feira de Cinzas, com o Dia dos Diabos, data em que a Morte e os Diabos saem à rua em Vinhais e em Bragança.

Fora deste período associado ao solstício de inverno, a única festa de verão com mascarados em Portugal, designada a “Bugiada”, realiza-se em Sobrado – Valongo (Porto), a 24 de junho.

Na exposição, agora patente na Casa da Cultura de Vimioso, estão representadas mais de 40 festas, sendo que 30 são do nordeste transmontano, mais concretamente dos concelhos de Vinhais, Bragança, Vimioso, Miranda do Douro, Mogadouro, Macedo de Cavaleiros e Mirandela.

Sobre o significado das máscaras, o investigador disse que a máscara é uma marca distintiva da cultura popular no nordeste transmontano.

“O seu significado poderá estar relacionado com o período de inverno, em que há menos luz, há mais frio e escuridão e estas festas de inverno ajudavam a “exorcizar” os males e o frio, na esperança de que o sol e a luz regressassem”, explicou.

Por outro lado, na análise do colecionador “o esconder-se atrás de uma máscara permitia cometer excessos e subverter as normas e o poder instituído.”

“Estas festas terminam na altura do carnaval quando luz do dia aumenta e estação da primavera se aproxima”, disse.

Questionado sobre o que o motivou a iniciar a coleção de máscaras, Roberto Afonso respondeu que tudo começou com o interesse pela tradição das festas no concelho de Vinhais, de onde é natural e onde ainda se realizam dez festas com mascarados.

Segundo o historiador, Vinhais é o concelho do país que abre e encerra as festas com mascarados. “Iniciam-se a 31 de outubro e terminam na Quarta-feira de Cinzas#, informou.

Outro aspeto nas máscaras que desperta muito o interesse do professor Roberto Afonso é o lado artístico destes objetos.

“Há máscaras de madeira, de lata, de couro, etc.”, indicou.

Para quem pretenda visitar a coleção “Máscaras rituais de Portugal”, o investigador informa que “a exposição não é somente uma mostra de máscaras, é também um roteiro das festas ou rituais com mascarados que existem em Portugal”.

“Cada máscara está acompanhada de uma pequena placa onde está escrita a data da festa, a localidade, uma breve descrição da festa e a identificação do artesão”, concluiu.

A coleção de Roberto Afonso, investigador e colecionador que, desde 2014, assume a presidência da Assembleia Geral da Academia Ibérica da Máscara, estará patente ao público, na Casa da Cultura de Vimioso, entre 29 de outubro de 2021 e 31 de janeiro de 2022.


Perfil:

Roberto Afonso é professor e investigador. Tem 49 anos e é natural de Vinhais. Atualmente é presidente da Assembleia-geral da Academia Ibérica da Máscara.

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